Por Dom Paulo Andreoli, SX – Bispo Auxiliar de Belém
Caríssimos leitores, eis que estamos no 2º Domingo da Páscoa, chamado de Domingo da Divina Misericórdia. Convido vocês a contemplarem sobre a fonte de amor que emana do lado aberto de Jesus na cruz.
A Festa da Divina Misericórdia foi instituída por São João Paulo II no ano 2000, durante a canonização de Santa Faustina Kowalska, religiosa polonesa que recebeu as revelações de Jesus sobre sua infinita misericórdia. Por isso ela é conhecida como a “apóstola da Misericórdia”.
Essa celebração que ocorre, exatamente, oito dias após a Páscoa, convida os fiéis a mergulharem mais profundamente no mistério da Ressurreição de Cristo, não apenas como vitória sobre a morte, mas como expressão máxima do amor misericordioso de Deus para com cada pessoa humana. Sim, caríssimos leitores, somos totalmente encharcados por essa graça da misericórdia divina oferecida por Cristo a nós.
Podemos afirmar que essa bonita festa nascida do coração de Jesus é uma inspiração para que essa devoção fosse, devidamente, registrada nos diários de Santa Faustina, em que Jesus prometeu graças especiais para aqueles que se aproximarem da Confissão e receberem a Eucaristia neste dia, com o coração aberto à misericórdia divina. Como encontramos descrito: “Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores” (Diário, 699).
Em tempos de incertezas, conflitos e tantas feridas espirituais e emocionais, a mensagem da Divina Misericórdia se torna ainda mais atual. Ela nos recorda que, não importa o quão distante alguém esteja de Deus, a porta da misericórdia está sempre aberta para quem deseja recomeçar.
Deus quer salvar a todos nós. Ele não quer castigar, mas salvar. Por isso, enviou Jesus, que morreu na cruz por amor a nós. E, depois de ressuscitar, nos deixou o Espírito Santo, que nos guia e nos ajuda a viver longe do pecado. Através do Espírito Santo, temos acesso à misericórdia divina.
A imagem de Jesus Misericordioso, com os raios vermelho e branco jorrando de seu coração, representa o sangue e a água que fluíram de seu lado na cruz – sinais dos sacramentos e do amor que cura e salva. Assim, celebrar o Domingo da Divina Misericórdia é, sem dúvida, um convite à confiança total em Deus e à prática da misericórdia no dia a dia.
“Jesus, eu confio em vós” é uma pequena oração que usamos para mostrar que acreditamos no amor e na misericórdia de Jesus. Ele nos mostra suas feridas da cruz, chamadas de “chagas” e, por meio delas, Ele nos salvou.
No Evangelho deste Domingo da Divina Misericórdia, o apóstolo Tomé toca nessas feridas de Jesus e faz uma declaração muito bonita de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”. Ele reconhece que Jesus é o Salvador e acredita que, por meio d’Ele, seria salvo. Também podemos repetir essa mesma frase, principalmente, na hora da Eucaristia, com sinceridade: “Meu Senhor e meu Deus, eu creio, mas aumenta a minha fé.”
No diário de Santa Faustina, Jesus diz algo muito importante: “A humanidade só encontrará paz quando confiar na minha misericórdia”. Essa frase faz muito sentido em nossos dias. O mundo cheio de pequenas e grandes guerras está precisando de paz, muitas pessoas se afastaram da fé e da Igreja. Por isso, não sentem o amor e o perdão de Deus.
Para concluir, deixo ecoaras palavras do Papa Francisco, por ocasião da Festa da Misericórdia de 2022 (24/04): “a misericórdia de Deus, nas nossas crises e nas nossas fadigas, coloca-nos, muitas vezes, em contato com os sofrimentos do próximo. Julgávamos estar no ápice do sofrimento, no auge duma situação difícil, mas descobrimos aqui a existência de alguém que, permanecendo em silêncio, está passando por momentos, por períodos piores. E, se cuidarmos das chagas do próximo e nelas derramarmos misericórdia, renasce em nós uma nova esperança que consola no cansaço… Quando fazemos isso, encontramos Jesus que, com os olhos de quem é provado pela vida, nos contempla com misericórdia e diz: “A paz esteja convosco!”.
Vamos aproveitar desta Festa da Divina Misericórdia para pedir a Jesus que traga paz para os povos e corações e, que neste ano jubilar, sejamos peregrinos de esperança e sinais da misericórdia de Deus.