“Devemos rezar pela conversão de muitas pessoas, dentro e fora da Igreja, que ainda não reconhecem a urgência de cuidar da nossa casa comum. Muitos desastres naturais que ainda vemos no mundo, quase todos os dias em muitos lugares, em muitos países, são em parte causados também pelos excessos do ser humano, com o seu estilo de vida”, referiu, na homilia da Eucaristia a que presidiu no ‘Borgo Laudato Si’, da residência pontifícia de Castel Gandolfo, arredores de Roma.
“Temos de perguntar-nos se nós mesmos estamos a viver ou não essa conversão: quanto é necessária!”, acrescentou.
O novo formulário de orações para a Missa “pela custódia da Criação” foi apresentado na última quinta-feira, pela Santa Sé.
Leão XIV destacou a “beleza de uma catedral, que se poderia dizer natural”, em Castel Gandolfo, agradecendo a todos os que trabalham no local, antes de destacar a “necessidade de cuidar da criação, da casa comum”.
O Papa destacou a atualidade da encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’, publicada por Francisco em 2015, e da encíclica ‘Fratelli Tutti’ (2020) sobre a fraternidade humana, do mesmo Papa, num “mundo que arde, tanto pelo aquecimento global como pelos conflitos armados”.
“No coração do ano do Jubileu, confessamos – e podemos dizê-lo várias vezes: há esperança! Encontramo-la em Jesus”, prosseguiu.
A nossa missão de cuidar da criação, de levar-lhe paz e reconciliação, é a mesma missão, a missão que o Senhor nos confiou. Ouvimos o clamor da terra, ouvimos o clamor dos pobres, porque este clamor chegou ao coração de Deus. A nossa indignação é a sua indignação, o nosso trabalho é o seu trabalho.”
O Papa destacou a importância de agir com “audácia”, perante o “poder destrutivo dos príncipes deste mundo”.
“A aliança indestrutível entre o Criador e as criaturas mobiliza a nossa inteligência e os nossos esforços, para que o mal se transforme em bem, a injustiça em justiça, a ganância em comunhão”, apontou.
A homilia, divulgada pelo Vaticano, evoca a figura de São Francisco de Assis, que “chama as criaturas de irmão, irmã, mãe”.
“Só um olhar contemplativo pode mudar a nossa relação com as coisas criadas e tirar-nos da crise ecológica que tem como causa a ruptura das relações com Deus, com o próximo e com a terra, por causa do pecado”, sustentou.
Leão XIV apresentou o ‘Borgo Laudato Si’, criado no pontificado de Francisco, como “um laboratório para viver a harmonia com a criação que é cura e reconciliação, elaborando formas novas e eficazes de cuidar da natureza”.
O Papa iniciou no último domingo um período de férias em Castel Gandolfo, onde vai permanecer até 20 de julho.
Os espaços da residência pontifícia, a 25 quilómetros de Roma, incluem desde 2016 um polo museológico aberto ao público, onde também era oferecida a possibilidade de degustar os produtos das próprias ‘Villas’, por decisão do Papa Francisco.
O antecessor de Leão XIV preferiu passar todo o verão na Casa Santa Marta, onde residia, e em 2023 instituiu em Castel Gandolfo o ‘Borgo Laudato si’, para o desenvolvimento da educação ecológica.
Fonte: Agência Ecclesia / Foto: Vatican Media