Na noite de 6 de agosto de 2014, cerca de 100 mil cristãos abandonaram tudo para salvar suas vidas e não renunciar à fé. Fugiram da Planície de Nínive, no Iraque, perseguidos pelo grupo extremista autointitulado Estado Islâmico. Sem tempo de levar nada, caminharam a pé por horas, apenas com a roupa do corpo, sem água e comida.
Na manhã seguinte, a Fundação Pontifícia ACN – Ajuda à Igreja que Sofre recebeu a notícia e imediatamente mobilizou seus benfeitores ao redor do mundo. Começava ali um dos maiores projetos de ajuda de emergência da história da fundação — e nascia também o Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos, celebrado desde 2015, todos os anos, no dia 6 de agosto.
A Fundação Pontifícia ACN, com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, realiza, no dia 6 de agosto, a 11ª edição do Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos. O evento conta com a participação das paróquias e comunidades cristãs do país.
“Rezar é demonstrar importância ao tema e dar a visibilidade necessária para uma posição contrária à perseguição de quem, ainda hoje, paga um alto preço por acreditar em Jesus”, reforça o Frei Rogério Lima, Assistente Eclesiástico da ACN Brasil.
O chamado à oração se torna ainda mais urgente diante de tragédias recentes, como o massacre de 200 cristãos na Nigéria, ocorrido em maio deste ano. Entre os dias 16 e 17, dezenas de vilarejos cristãos no estado de Plateau foram atacados por homens armados. Casas, igrejas e plantações foram destruídas. Famílias inteiras foram assassinadas ou forçadas a fugir. Trata-se de um dos episódios mais violentos do ano, que evidencia a grave situação dos cristãos no país africano.
Novos ataques aos cristãos na Síria
No dia 15 de julho, um grave incidente foi relatado na aldeia de Al-Sura, na região de Suwayda, no sul da Síria. A Igreja Greco-Melquita de São Miguel, em Al-Sura, foi atacada e incendiada por agressores desconhecidos. A extensão total dos danos ainda não foi confirmada, já que o acesso à área é atualmente impossível devido às tensões em curso.
No mesmo episódio de violência, 38 casas pertencentes a famílias cristãs foram destruídas pelo fogo, deixando inúmeras famílias desabrigadas. Como resultado, cerca de 70 pessoas se refugiaram em um grande salão da igreja em Shahba, onde atualmente vivem em condições precárias. “Esta comunidade perdeu tudo”, disse uma das fontes locais à ACN. “Eles tinham muito pouco para começar – eles já estavam entre os mais pobres da região – e agora não têm mais nada.”
A violência também atingiu a aldeia vizinha de Al-Mazraa, embora os detalhes permaneçam obscuros. Os agressores não foram identificados, mas acredita-se que o ataque esteja ligado a tensões sectárias e atividades extremistas que continuam a assolar a região, exacerbadas por anos de conflito e instabilidade no país.
Esses incidentes ocorreram a menos de um mês após o atentado suicida da Igreja Ortodoxa de Santo Elias no bairro cristão de Dweil’a, Damasco, em 22 de junho de 2025, que deixou pelo menos 30 pessoas mortas e 54 feridas durante a liturgia dominical.
“Eu me ajoelho somente diante de Deus”
A foto que estampa o cartaz do Dia de Oração deste ano traz um testemunho muito triste. No dia 14 de fevereiro deste ano, o Padre Donald NaingWin foi brutalmente assassinado em Sagaing, Mianmar. Quando um grupo guerrilheiro entrou na paróquia, ordenaram que o Padre Donald se ajoelhasse para salvar a sua vida. Ele então simplesmente respondeu naquelas que seriam suas últimas palavras: “Eu me ajoelho somente diante de Deus”.
Em meio a tanto sofrimento, a oração se torna um poderoso ato de comunhão. E junto da oração, a ACN oferece ajuda concreta: reconstrução de igrejas destruídas, formação de seminaristas, acolhimento de refugiados, assistência a viúvas e órfãos da perseguição, distribuição de Bíblias da Criança e materiais pastorais em regiões de conflito.
Mais do que números, são histórias de fé viva. Na Nigéria, mesmo entre escombros e sob risco, os cristãos continuam se reunindo para rezar, celebrar e alimentar a esperança. No Iraque, após anos de exílio, famílias retornam às suas vilas destruídas, sustentados pela esperança e pelo apoio da Igreja.
Neste mês de agosto, convidamos você a rezar pelos cristãos perseguidos e a se unir à missão da ACN. Que o testemunho deles reacenda também a nossa fé, e que nossas orações e doações ajudem a manter viva a presença da Igreja onde ela é ameaçada.
Fonte: CNBB / Por Willian Bonfim com informações da Comissão para Ação Missionária e fotos ACN
