
A água de um bloco de gelo que foi abençoado pelo papa Leão XIV peregrinou por dois santuários brasileiros e segue a caminho da COP 30, em Belém (PA). No dia 2 de novembro, a água esteve no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), e no dia 3, no Santuário do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ). Nos próximos dias 10 e 12, estará na Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, na capital paraense.
O papa Leão XIV abençoou um bloco de gelo proveniente da Groenlândia durante a conferência Raising Hope (Espalhando Esperança), que aconteceu em CastelGandolfo, Itália, de 1º a 3 de outubro. O evento marcou os dez anos da encíclica Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum, escrita pelo papa Francisco em 2015, e foi organizado pelo Movimento Laudato si’, em colaboração com o dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral a Santa Sé, Caritas Internationalis, Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade (CIDSE), União Internacional de Superioras Gerais (UISG), Movimento dos Focolares e a Ecclesial Networks Alliance.
O Movimento Laudato si’ é uma rede internacional inspirada na encíclica Laudato si’, do papa Francisco, que, segundo seu site, tem a missão de “inspirar e mobilizar a comunidade católica para cuidar da nossa casa comum e alcançar a justiça climática e ecológica, em colaboração com todas as pessoas de boa vontade”.
Foi este movimento que trouxe para o Brasil a água resultante do derretimento do bloco de gelo abençoado e realiza “uma peregrinação inédita ‘da Groenlândia à Amazônia’, conectando fé, ciência e compromisso pela Casa Comum”, diz em seu site.
No domingo (2), Dia de Finados, a água esteve na missa das 8h no santuário de Aparecida, celebrada pelo arcebispo local, dom Orlando Brandes. Depois de refletir sobre a morte em sua homilia, o arcebispo falou também da morte da “nossa mãe terra”.
“Estamos, verdadeiramente, cavando a nossa própria sepultura, porque ninguém viverá se nós não cuidarmos da vida”, disse, ao exortar a cuidar “para que não morra a terra, jardim que Deus criou”. Esse, segundo dom Orlando é “o pecado ecológico”.
“E precisamos da conversão ecológica, precisamos da educação ecológica, da espiritualidade ecológica”, disse. “Aqui na missa está ecologia, porque aqui está o pão que veio da roça, veio da natureza, do trigo virou farinha, virou pão e agora é Jesus ressuscitado. A ecologia está aqui nos dizendo que toda a natureza, através do pão e do vinho, participará dessa glória do Senhor”, acrescentou.

Dom Orlando recordou que neste ano se celebra dez anos da publicação da encíclica Laudato si’. “Nós dizemos com todo o coração: árvores de pé, árvores plantadas, bom uso da água, tudo isso é salvar a morte da mãe terra. Basta de emitir gases carbônicos, basta de desmatamento, basta de queimadas, basta de mau uso da água”.
Em seguida, dirigiu-se à água que estava no altar central da basílica junto de uma foto do papa abençoando o boco de gelo, e disse que o papa fez este gesto “para que nós sejamos tocados e conscientizados desse perigo de morte da mãe terra”
“Salvemos a mãe água. O bom uso da mãe água, porque nascemos da água do útero da mãe, da água batismal e da água natural que tanto precisamos”, completou.
Na segunda-feira (3), a água esteve no santuário do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em uma cerimônia presidida pelo vigário episcopal para o meio ambiente e a sustentabilidade da arquidiocese do Rio de Janeiro, o jesuíta padre Josafá Carlos de Siqueira, com a presença de representantes da Igreja, organizações da sociedade civil e militantes ambientalistas. Na ocasião, o Cristo Redentor foi iluminado de azul.
A água do gelo abençoado pelo papa agora segue para Belém, onde estará em uma missa de acolhida celebrada no dia 10 de novembro, às 19h, na basílica de nossa Senhora de Nazaré. No dia 12, será novamente apresentada em “um momento especial” na mesma basílica, diz o Movimento Laudato si’.
“Essas celebrações marcarão a chegada da ‘água da Groenlândia’ à Amazônia, reforçando o simbolismo que se une à voz das comunidades de fé e dos povos da Amazônia na abertura da COP30”, que acontecerá de 10 a 21 de novembro, diz o movimento.
Fonte: ACI Digital / Por Natalia Zimbrão



