Por Pe. HelioFronczak
A imagem das cinco gaivotas voando, todas na mesma direção, é muito bonita. E a legenda que é uma frase do meu amigo P. Paulo Falcão – “A liberdade não significa obter sua independência como se o céu fosse sua propriedade, mas saber voar sem atropelar o voo dos outros” – é rica de considerações importantes para todos nós.
Quantas vezes entendemos liberdade apenas como fazer o que queremos, sem limites e sem consideração? A imagem das cinco gaivotas voando alinhadas nos ensina uma lição profunda e esquecida em nossa sociedade contemporânea. Vivemos em um mundo onde cada um acredita que sua liberdade termina quando a do outro começa. Mas a verdade é mais bela e mais exigente: a liberdade autêntica é aquela que se realiza em comunhão, não em isolamento. As gaivotas não voam em conflito; voam em harmonia, respeitando o espaço e a trajetória uma da outra.
Que lições extraímos dessa imagem para nossa vida cotidiana?
Primeiro, a responsabilidade social. Ser livre não é privilégio de poucos que podem impor sua vontade sobre os demais. É reconhecer que o outro também tem direito de existir, prosperar e trilhar seu caminho. Quando atropelamos o voo alheio em busca de nossa própria liberdade, tornamo-nos tiranos de nós mesmos.
Segundo, a humildade na convivência. As gaivotas entendem que o céu não é propriedade de ninguém. Ele pertence a todos. Assim também nossa vida em sociedade: espaço, oportunidades e recursos devem ser compartilhados com generosidade, não monopolizados com ganância.
Terceira lição: a coragem do convívio. Voar junto exige coragem. Requer renunciar ao egoísmo, adaptar-se ao ritmo do grupo, ceder às vezes a prioridade. É mais fácil voar sozinho, sem compromissos. Mas é infinitamente mais significativo e belo voar acompanhado.
Por fim, aprendemos que a verdadeira independência é interdependência. Somos livres não quando nos isolamos, mas quando nos relacionamos respeitosamente. A gaivota não perde sua identidade voando ao lado da outra; ao contrário, encontra seu propósito pleno.
Que em nossa vida diária possamos exercer a liberdade cristã: aquela que ama o próximo como a si mesmo, que respeita os direitos alheios como reivindicamos os nossos, e que compreende que voar alto é possível somente quando voamos juntos.
Que o céu e a terra sejam espaço para todos. Que nossa liberdade seja sempre respeitosa. Que nosso voo nunca atropele o voo dos irmãos.




