Dom Paulo Andreolli, SX – Bispo Auxiliar de Belém
Caros leitores, neste nossoprimeiro encontro semanal do ano de 2026 desejo a todos um ano novo com muita saúde e paz.À luz da Solenidade da Epifania do Senhor, convido-os a refletir sobre ser sinal de Deus para o mundo.E para este momento, conto com a colaboração de Ir. Ivoneide Queiroz, Franciscana de Maristela.
A Epifania, celebrada na Igreja Católica no segundo domingo depois do Natal, é a luz de Deus que se faz presente! Deus não quis ficar distante de nós, por isso veio ao nosso encontro, se revelou às nações e nos convida a sermos sinais concretos de sua presença.
A Epifania do Senhor nos recorda que o nascimento de Jesus na gruta de Belém não se encerra num espaço nem se limita a um povo, mas é o anúncio da salvação dirigida a todos os povos da terra. A Epifania do Senhor é luz que brilha na escuridão e atrai para si a terra envolvida em trevas; é convite universal a deixar-se guiar pela luz verdadeira que aquece e produz vida e alegria.
Os Magos se deixaram guiar pela luz e, portanto, independentemente do seu ponto de partida, encaminharam-se para o encontro com o Salvador. Por outro lado, Herodes se fechou na sua presunção de ser o seu próprio salvador e, por isso, sua atitude foi de perseguição à luz a fim de apagá-la, pois ela denuncia as suas obras de trevas. É assim, diante do Menino Deus, a luz das nações, não há neutralidade: ou aceitamos a boa notícia de salvação ou a rejeitamos. Qual a nossa atitude? Se aceitamos, abraçamos o caminho de conversão e aceitamos o dom maravilhoso da vida plena; se rejeitamos, nos sentimos ameaçados porque, fechados no nosso egoísmo e arrogância, recusamos a solidariedade, a justiça e a necessária conversão.
Na Epifania, Deus se mostra em Jesus pequeno e vulnerável, acessível aos simples e aos sábios. A manifestação não é espetáculo, mas proximidade que chama e transforma. Os magos tornam-se imagem de todo coração inquieto que segue sinais imperfeitos até encontrar o essencial. Depois de encontrar o Menino Deus, os Magos voltaram por outro caminho. Isso significa que quem encontra a luz verdadeira, muda de rota; por isso, Epifania é também conversão: ver diferente, andar diferente, amar diferente.
Ser sinal de Deus é como uma janela limpa que não chama atenção para si mesma, mas deixa passar a luz. O sinal é humilde, transparente e concreto. Ele aponta sem dominar, orienta sem controlar. Em tempos de “estrelismos”, ser sinal de Deus pede espiritualidade do pequeno: fidelidade, presença, coerência, paciência. Humildade é servir com alegria, coerência é permanecer fiel; caridade é se aproximar e cuidar; esperança é acreditar sempre.
A narrativa dos magos é método de vida espiritual: escutar os sinais e seguir confiante, pois Deus fala através de estrelas, de pessoas, inquietações, Escrituras e acontecimentos; discernir com atenção, separando o essencial do supérfluo e ofertar o que se é: o melhor de si, como o ouro; o nosso louvor, como incenso; e a nossa fragilidade como a mirra. Deus se manifesta onde nós nos ofertamos por inteiros.
A Epifania prolonga-se no cotidiano. Neste novo ano, quando tudo recomeça, podemos ser sinais de luz no trabalho pela retidão, justiça e serviço generoso; na família pela escuta, reconciliação e alegria; no dia a dia pelo cuidado, simplicidade e esperança ativa; na fé pela oração breve, testemunho coerente e gesto solidário. Práticas simples nos tornam mais luminosos e assim, podemos iluminar. Ser sinal de Deus não é ser perfeito, mas disponível, permitindo que a vida seja lugar de encontro onde Deus se manifesta.
Ser sinal de Deus para o mundo é ser presença que acolhe, palavra que reconcilia, gesto que cuida; é honestidade, justiça e serviço generoso; é atenção aos invisíveis e compromisso com o bem comum; é oração simples, testemunho coerente e esperança ativa. Como os magos, somos convidados a mudar rotas, escolher caminhos de paz, ser presença que ilumina sem dominar.
Ser sinal de Deus é deixar que a vida se torne janela por onde a luz passa, permitindo que o mundo veja, através de nós, que Deus continua se manifestando. Que este início de ano seja vivido como Epifania: cada gesto, cada palavra, cada silêncio tornando-se sinal de Deus para o mundo.




