
DURANTE a Semana de Oração pela Unidade Cristã1, somos convidados a concentrar nossa atenção em um tema específico: aquele que nos é apresentado na carta de Paulo aos Efésios. Nas assim chamadas Epístolas da Prisão, ele se dirige aos seus destinatários exortando-os a darem um testemunho autêntico a respeito da própria fé, vivendo a unidade.
Essa unidade se baseia em uma única fé, em um só espírito, em uma só esperança, e somente por meio dela se pode testemunhar Cristo como “corpo”.
“Há um só corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança da vocação à qual fostes chamados.”
Paulo nos chama de novo à esperança. O que é a esperança? E por que somos convidados a vivê-la? Ela é o broto de uma semente, um dom e um compromisso que temos o dever de proteger, cultivar e fazer frutificar para o bem de todos. “A esperança cristã atribui a nós, como nosso lugar, aquele estreito divisor de águas na crista da montanha, aquela fronteira onde nossa vocação exige que escolhamos a todo momento ser fiéis à fidelidade que Deus tem por nós².”
A nossa vocação, o chamado dos cristãos, não é apenas uma relação entre o indivíduo e Deus, mas é “convocação”, ou seja, somos chamados juntos; é o chamado à unidade entre aqueles que se esforçam para viver o Evangelho. Nos discursos e nos escritos de Chiara Lubich, encontramos frequentemente referências explícitas à unidade, um aspecto típico da sua espiritualidade: ela é fruto da presença de Jesus entre nós. E essa presença é fonte de uma profunda felicidade.
“Se a unidade é tão importante assim para o cristão, consequentemente nada é mais contrário à sua vocação do que não ser fiel a ela. E pecamos contra a unidade todas as vezes que caímos na tentação – sempre presente – do individualismo, que nos leva a fazer tudo por conta própria, a nos deixarmos levar por nossas ideias, nossos interesses ou nosso prestígio pessoal, ignorando ou até desprezando os outros, suas exigências, seus direitos3.”
“Há um só corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança da vocação à qual fostes chamados.”
Na Guatemala, o diálogo entre os membros das diferentes Igrejas cristãs é muito ativo. Ramiro nos escreve: “Juntamente com um grupo de pessoas de várias Igrejas, preparamos a Semana de Oração pela Unidade Cristã. No programa incluímos um festival artístico organizado com os jovens, e diversas celebrações nas diferentes igrejas. A Conferência dos bispos católicos nos pediu que déssemos continuidade a essa experiência, a fim de preparar também um momento de partilha entre um grupo de bispos católicos e outras pessoas de diversas Igrejas, que vinham de todas as Américas para um encontro dedicado a comemorar os 1.700 anos do Concílio de Niceia. Para além dessas atividades, estamos experimentando de modo muito marcante a unidade entre todos nós e sentimos os frutos que ela traz consigo: fraternidade, alegria, paz.”
Organizado por Patrizia Mazzola com a comissão da Palavra de Vida
1) Esta reflexão foi escrita no Hemisfério Norte, onde a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) é celebrada de 18 a 25 de janeiro. No Hemisfério Sul, ela se realiza entre o domingo em que se festeja a Ascensão e o domingo de Pentecostes (em 2026 será de 17 a 24 de maio). Mas o apelo à esperança e à unidade é sempre atual, em todos os tempos e lugares. As orações da SOUC deste ano foram preparadas por um grupo ecumênico coordenado por cristãos da Igreja Apostólica Armênia.
2) Madeleine Delbrêl é considerada por muitos uma das personalidades espirituais mais significativas do século XX. Veja o trecho citado acima (tradução livre nossa), em italiano, em: https://www.pasomv.it/files/bocc/madalein_del_brel_noi_spes.pdf.
3) LUBICH, Chiara. A aventura da unidade. Palavra de Vida, julho de 1985.



