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Hoje deixo de lado a listagem comentada, que aqui venho fazendo, das vezes em que o verbo amaldiçoar aparece na Bíblia, para cumprir a obrigação, para mim, na verdade, um grande prazer, de acusar e agradecer o recebimento, semana passada, de um, a meu ver, régio e imerecido presente.
Faço-os aqui, o registro e o agradecimento, por acreditar que, com isso, no dizer do povo, mato dois coelhos de uma só cajadada. Ou seja, levo quem mo enviou tão gentilmente a saber que o recebi e lhe sou agradecido, tanto mais que a sei, pois trata-se de uma mulher, leitora dos meus rabiscos neste jornal, e, sobretudo, sirvo-me dele para, digamos, dar, ainda que só u’a mãozinha em sua divulgação, uma vez que ele, o presente, quer por seus inegáveis méritos, quer por ser, sem a menor dúvida, obra de utilidade pública, tem porque tem de se tornar conhecido, quanto mais tanto melhor para todos os paraenses, sobretudo para os católicos, já o veremos por que. Tanto mais que este abençoado jornal, queira-se ou não, é uma excelente vitrine, visto que, além de chegar até às oitenta e seis paróquias desta arquidiocese, está mais do que provado que alcança outros municípios deste estado, algumas unidades da federação e, não duvido nada, até o exterior.
O presente? Ah, sim: um primoroso exemplar de “meus 80 círios”, obra, a bem dizer, acabada de sair do forno, de autoria de uma senhora a quem muito respeito e admiro, e não é de agora, e por várias, não poucas, razões. Algumas delas: sua exemplaríssima catolicidade; seu acendrado amor à nossa amada Virgem de Nazaré, por sinal minha mui querida madrinha de batismo, se bem que, para minha tristeza, não o conste, nem o poderia, em meu batistério; sua luta hercúlea, aqui e ali incompreendida, pela pureza do Círio de Nazaré e quanto lhe diz respeito; seu invulgar talento como escritora, que ô criatura para escrever bem: tem muito o que dizer e sabe como dizê-lo, embora de modo simples, num tom coloquial, sem berloques e arrebites.
Para se ter uma ideia: já publicou, o que mais parece um milagre, no meio difícil e hostil às coisas do espírito qual este nosso, nada mais nada menos que, ao todo, 11 livros, com este de agora, seis dos quais, pasme-se, esgotados, e que, no meu entender, para o bem dos leitores, mereceriam, – mereceriam: não, merecem– ser reeditados: “Dois séculos de fé”, encontrável na internet, “Corda do Círio, marca de fé”, “Meu rio – Baía”, “A mais bela janela”, “Amor impossível? Querias!”, “Vó Mízar conta Dona Bem-te-voa e o grande tesouro”, três outros, “Círio – Painel de Vida”, “Maria, seu povo e suas histórias”, livro de bolso, e “Fragmentos da vida de Dom Vicente Zico”, com duas edições, enquanto que “Vó Mízar conta a lenda da santinha”, pasme-se ainda mais, já em sua quarta edição. E ah: uma revista distribuída, creio que como encarte, pelo jornal “O Diário do Pará”: “Círio de A a Z.” Como se pode ver pelos títulos, todos, ou quase todos, sobre nossa Mãe e Rainha, a Virgem de Nazaré, e seu inigualável Círio de Belém.
Nossa autora, como se por milagre, pois, até onde é me dado saber, jamais recorreu a fórmulas mágicas, ao contrário do comum dos mortais, na medida em que vai envelhecendo com o passar dos anos, – já está com seus 80, nascida em 1936, seis anos depois de mim – paradoxalmente, vai ficando mais lúcida e mais jovem de alma.
Seu nome? Já saiu aqui e por duas vezes: Mízar, não por acaso nome de uma estrela. Mízar Klautau Bonna, sobrinha do saudoso e ínclito líder católico paraense, Dr. Aldebaro Klautau, nem a propósito meu padrinho de vestição. Para quem não sabe, vestição era, antigamente, a cerimônia litúrgica em que, ao ingressar na Filosofia, ao final do sexto ano de Seminário Menor, o seminarista recebia solenemente na Catedral, das mãos do senhor arcebispo – no meu caso, o incomparável Dom Mário de Miranda Villas-Boas – a sagrada batina que, a partir de então, só tirava para dormir. Ao padrinho cabia doá-la e, na hora da cerimônia, ajudar o afilhado a vesti-la.
Finalizando: mil e mil graças a Deus, dona Mízar, por a senhora existir e ser quem e o que é: uma cristã exemplaríssima, guardiã intimorata do Círio de Nazaré e inspiradora, se não criadora, como relatarei na próxima edição, de muita coisa boa que eu, em minha ignorância desconhecia, quer da Basílica, quer da festividade de Nossa Senhora de Nazaré.
À senhora, dona Mízar, meu muito obrigado pelo presente, do qual não consegui tirar os olhos senão depois de passar uma noite inteira a lê-lo, embevecido, da primeira à última página.
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