
Por Bernadete Costa
Belém, capital do Estado do Pará, região Norte do Brasil, transforma-se em anfitriã para mais de 2 milhões de pessoas que vão se encontrar no dia 13, segundo domingo do mês de outubro de 2024, para viver as emoções e experiências de fé do 232° Círio de Nossa Senhora de Nazaré, uma realização da Arquidiocese de Belém sob a presidência do Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa.
Considerado patrimônio imaterial pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Círio é o ápice da festa de Nossa Senhora de Nazaré.
O trajeto da principal procissão da festividade é da Catedral Metropolitana de Belém, na Cidade Velha, às margens da Baía de Guajará, para a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, o primeiro Santuário Mariano instalado pela Arquidiocese no território da capital, localizado no bairro Nazaré, região central da cidade.
O Círio leva milhões de pessoas às ruas de Belém, unidas pela fé, todos os anos, em um só dia, com o objetivo de honrar a Mãe de Jesus. Por esse motivo, é considerada a maior manifestação religiosa do mundo. Da procissão participam devotos procedentes de diversos lugares do Estado do Pará, do Brasil e do exterior. Informações da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) registram que a procissão do Círio 2023 reuniu 2,3 milhões de fiéis.
Todos os anos, a festividade de Nossa Senhora de Nazaré acontece animada por um tema e neste ano os fiéis devotos compartilham as reflexões em torno do tema “Perseverar na oração, com Maria, Mãe de Jesus”. A temática é alusiva ao Ano da Oração (2024) estabelecido pelo Papa Francisco no ano que precede o Jubileu 2025, para ser dedicado a uma grande ‘sinfonia’ de oração. O tema é anunciado pelo Arcebispo de Belém no encerramento de cada círio.
Origem do Círio de Nazaré
O Círio é resguardado por uma tradição intensa entre o povo do Estado do Pará, fatos que consolidaram a festa de Nossa Senhora de Nazaré como a maior demonstração de fé Mariana na capital. A tradição mais propagada narra que, em 1700, um caboclo descendente de portugueses e de índios – Plácido José de Souza – encontrou entre pedras e lodo do igarapé Murutucu uma pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré, deteriorada.
A pequena estátua media, aproximadamente, 28cm de altura. Era entalhada em madeira. O local do achado da imagem corresponde, atualmente, à área dos fundos da Basílica Santuário de Nazaré.
O caboclo Plácido levou a imagem para casa, limpou-a e improvisou um altar para reverencia-la. As narrativas da origem desses fatos contam que a imagem retornou ao lugar onde foi achada, de maneira inexplicável.
Plácido tornou a leva-la para casa, e o fato se repetia, por diversas vezes. Então, ele interpretou essas ocorrências como um sinal divino e decidiu-se por erguer no local uma pequena ermida. A repercussão desses acontecimentos milagrosos atraiu a atenção dos habitantes da região, que passaram a visitar a capelinha para apresentar suas homenagens a Nossa Senhora de Nazaré.
Os acontecimentos em torno da situação envolvendo a imagem chegaram ao conhecimento do então Governador da Capitania do Grão-Pará, Francisco Maurício de Sousa Coutinho. O mesmo determinou que a imagem fosse transferida para a capela do Palácio da Cidade, em Belém. Porém, a imagem desapareceu novamente e ressurgiu na capela construída por Plácido, ainda que estivesse sob a vigilância da guarda. Foi mediante a esses fatos que a devoção a Virgem de Nazaré tornou-se oficial, mantida com zelo arquidiocesano no mesmo lugar da primitiva ermida, onde hoje está erguida a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.