Manto Oficial do Círio 2021 é apresentado aos fiéis.

 

O manto que vestirá a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré durante o Círio 2021, foi apresentado aos fiéis nesta quinta-feira, 07, na Basílica Santuário, após a missa presidida pelo Bispo Auxiliar, Dom Antônio de Assis Ribeiro, na presença de um número reduzido de fiéis por conta da pandemia da covid-19.

Este ano o manto foi desenhado pela artista plástica, empresária e bacharel em moda Lorena Chady e confeccionado pela estilista Kátia Novelino, que iniciou seus trabalhos ainda em março. Os responsáveis pelo manto, são sempre escolhidos pelo casal coordenador da Festa de Nazaré, que junto ao Arcebispo Dom Alberto Taveira, foram os únicos a acompanhar o processo de criação, sempre restrito e sigiloso, de modo a preservar a tradição.

Confira o descritivo do manto que adornará a Imagem Peregrina na 229° edição do Círio de Nazaré, escrito pelo Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa:

A Palavra de Deus reúne a Igreja para a Liturgia e ilumina nossa devoção mariana, que convoca e sustenta nossa história religiosa e nossa participação no Círio de Nazaré:

O Senhor é a minha grande alegria, meu espírito está em festa pelo meu Deus, pois ele me vestiu de salvação, cobriu-me com o manto da justiça, qual noivo com a joia no turbante, qual noiva recoberta de adornos” (Is 61,10).

Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: Esquecei vosso povo e a casa paterna! Que o Rei se encante com vossa beleza!”.

“Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor! O povo de Tiro vos traz seus presentes, os grandes do povo vos pedem favores. Majestosa, a princesa real vem chegando, vestida de ricos brocados de ouro. Em vestes vistosas ao Rei se dirige, e as virgens amigas lhe formam cortejo; entre cantos de festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real”.

“Deixareis vossos pais, mas tereis muitos filhos; fareis deles os reis soberanos da terra. Cantarei vosso nome de idade em idade, para sempre haverão de louvar-vos os povos!” (Sl 44,11-18).

De idade em idade, para nós o Tempo do Círio é tempo de festa e de alegria, para todos nós tempo da graça, pois o Senhor está em nosso meio, reunidos em seu nome. Aquela que a Igreja chama de “Sede da Sabedoria”, a Virgem Maria, a Imaculada, é Mãe de Família, “dona de casa” em Nazaré. Jesus é o Verbo de Deus feito Carne e Maria é a criatura toda revestida da Palavra de Deus, como de um manto de justiça. Com Jesus e Maria, a Sagrada Família se realiza com a presença e José, homem justo e bom, guardião da própria família e de nossas famílias.

Entramos agora na Casa de Nazaré, que se abre para todos nós, como um Evangelho Vivo, fazendo memória da Obra de Deus, desde a criação.

De fato, a Palavra nos relata que Deus os abençoou e lhes disse:

“Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que se movem pelo chão” (Gn 1, 28).

Deus fez o ser humano à sua imagem e semelhança, constituindo homem e mulher como família para que se fortaleçam, multipliquem-se e reinem sobre terra. É a família o esteio e o descanso do homem e da mulher, onde elevam suas almas a Deus, reproduzindo a obra divina da criação.

Chegando a este Santuário, quais peregrinos, podemos proclamar com o salmista:

“Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos. Viverás do trabalho de tuas mãos, viverás feliz e satisfeito. Tua esposa será como uma vinha fecunda no interior de tua casa; teus filhos, como brotos de oliveira ao redor de tua mesa. Assim será abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião o Senhor te abençoe! Possas ver Jerusalém feliz todos os dias de tua vida. E vejas os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel!” (Sl 127, 3-5).

Jesus nasceu e cresceu no seio de uma família. É o Evangelho vivo, o Verbo que se fez carne na Casa de Maria. À luz da Palavra foi tecido o manto da Virgem de Nazaré para este ano de 2021. Participemos da aventura espiritual que acompanhou sua confecção:

A cor predominante do manto é verde-água, um tom suave e sereno do verde, encerrando esperança, com complementos em prata, pérola e outros tons de verde. Destacam-se bordados eclesiásticos compondo a ornamentação em prata e dourado. Na borda, as cordas e laços de amor com que Maria nos cerca, com os quais as famílias devem também envolver-se.

Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos com sentimentos de compaixão, com bondade, humildade, mansidão, paciência; suportai-vos uns aos outros e, se um tiver motivo de queixa contra o outro, perdoai-vos mutuamente. Como o Senhor vos perdoou, fazei assim também vós. Sobretudo, revesti-vos do amor, que une a todos na perfeição (Cl 3,12-14).

Aqui, manto e o convite a revestir-se de amor podem conduzir-nos, passando pela casa de Nazaré, Evangelho vivo, à unidade familiar:

Desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne; assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!” (Mc 10,6-9)

O Broche à frente do manto traz o “Zayn” – ז, número sete em hebraico, a simbolizar o fundamento da palavra de Deus, o número da plenitude e da perfeição física e espiritual inerente a toda a obra de Deus sobre à terra. A perfeição da criação revela a grandeza do Criador.

O manto reveste a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, trazendo em seu contorno uma figura estilizada da Sagrada Família ao centro, com camafeu em madrepérola, circundado por bordados eclesiásticos e demais elementos que integram a ornamentação do manto.

Adentrando nossa Basílica Santuário de Nazaré, ou participando do Círio, deixemo-nos iluminar pelo significado do Manto de 2021. Para conduzir-nos em nosso olhar de devoção e amor voltado para Nossa Senhora, podemos acolher o convite de São Bernardo de Claraval:

Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Não esteja o seu nome ausente da tua boca, não esteja ausente do teu coração. E para obter o socorro de suas orações, não te separes do exemplo de sua vida. Se a segues, não te extraviarás; se a invocas, não desesperarás; se pensas nela, não errarás. Sob a sua proteção não terás medo; sob a sua direção não te cansarás; sob o seu amparo, alcançarás a meta. E assim experimentarás em ti mesmo como é verdadeira esta palavra: ‘E o nome da Virgem era Maria’”

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