A segunda etapa da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) iniciada dia 29 de agosto, tem entre os temas em destaque o Missal Romano. O trabalho de revisão da tradução da 3ª edição do livro utilizado para a celebração da Santa Missa passará por uma votação. Foram 18 anos de trabalho da Comissão para os Textos Litúrgicos da Conferência (CETEL). O processo começou no ano de 2002, após uma promulgação da nova edição, dada pelo então Papa João Paulo II.
Padre Leonardo José de Souza Pinheiro, assessor da Comissão Episcopal de Liturgia da CNBB, comentou a espera em relação à votação: “A expectativa é grande, porque é a conclusão de um processo que dura mais de 18 anos. Um processo cuidadoso, complexo, que envolveu muitas pessoas, peritos, bispos, especialistas, assessores, a comissão de liturgia da CNBB. Vivemos como que o coroamento de todo esse processo para quando o episcopado votar a conclusão da revisão da 3ª edição típica do missal”.
De acordo com o padre Pinheiro, não se trata de mudanças a serem realizadas ou introduzidas no Missal Romano, mas, sim, apenas do processo de revisão do texto original, em língua latina.
Etapas da tradução
2002 a 2004
A Comissão da CNBB faz a tradução da Instrução Geral do Missal Romano.
2007
Revisão da tradução iniciada pela Comissão para os Textos Litúrgicos com a presidência do então Arcebispo de Ribeirão Preto, Dom Joviano de Lima Júnior. Eram os membros naquela ocasião Dom José Belisário da Silva, Dom Manoel João Francisco, Dom Alberto Taveira Corrêa, e Dom Armando Bucciol. Eram os assessores o padre Gregório Lutz e o padre Gustavo Haas.
Em 2011, com a presidência de Dom Armando, novos membros passaram a compor e colaborar na comissão, como Dom Geraldo Lyrio e o então padre Hernaldo Pinto Farias, hoje bispo diocesano de Bonfim, na Bahia.
21 a 23 de agosto de 2012
No processo que envolve tradução e revisão do material traduzido, seguidas de envio para os bispos aguardando emendas, a Cetel fica encarregada de, ao final do processo, analisar se acolhe ou não as emendas dos bispos. Em seguida, o texto é levado para aprovação na Assembleia Geral. Na oportunidade, pós possível aprovação, encaminhando para a Santa Sé. Naquela oportunidade, eram realizadas três reuniões anuais para a discussão e aprofundamento dos textos litúrgicos.
8 a 22 de novembro de 2013
Naquela ocasião, a Cetel fazia a revisão da tradução portuguesa para o Brasil da 3ª edição do Missal Romano. O trabalho consistiu, à época, na revisão do santoral que trata das celebrações em honra dos santos.
Ainda em 2013, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos enviou avaliação da primeira parte dos textos revisados do Tempo do Advento, Natal e Quaresma, aprovados em Assembleia anterior.
Em 2014, já com a assessoria do frei Faustino Paludo, realizou-se a votação e aprovação dos Textos do Tempo Pascal;
No final de 2017 a Cetel era composta por Dom Armando Bucciol, Dom Geraldo Lyrio, Dom Alberto Taveira Corrêa, Dom Aloísio Dilli, Dom Manoel João Francisco, Dom José Aparecido e passou a contar com o novo assessor da comissão, padre Leonardo Pinheiro.
18 de fevereiro de 2019 – conclusão da tradução
Continuando com reuniões periódicas, a Cetel concluiu, em fevereiro de 2019, a tradução da terceira edição do Missal, Romano. O passo seguinte era a aprovação em Assembleia.
2 de maio de 2019 – Ocorreu a entrega, durante a 57ª Assembleia Geral da CNBB, dos últimos textos traduzidos.
3 de setembro de 2019 – Com novas indicações, a Cetel deu início à revisão final da tradução apresentada na 57ª Assembleia Geral. Ao longo da revisão, o grupo também percebeu a necessidade de traduzir as alternativas de bênçãos para as diversas celebrações durante o ano litúrgico. Assim, a Comissão deu continuidade ao trabalho, sob a presidência de Dom Edmar Peron, eleito na última Assembleia da CNBB.
26 de fevereiro de 2020 – Foi disponibilizada uma versão impressa da tradução brasileira, denominada “Material de Estudo”. Na época, a expectativa era que o material passasse pela revisão final com especialistas, e a consequente aprovação na 58ª Assembleia Geral da CNBB, seguindo para a autorização de publicação pela Santa Sé. A pandemia impediu a realização da assembleia presencialmente.
De junho de 2020 ao início de 2021
Primeira reunião por videoconferência. Daí em diante, durante a pandemia, foram mais de 70 reuniões virtuais. Durante este período foram cuidadosamente revistas as traduções de todas as Orações Eucarísticas e analisadas sugestões que foram encaminhadas à Cetel.
Maio a agosto de 2022
Após a acolhida das sugestões, foi aberta uma consulta virtual aos bispos quanto às Orações Eucarísticas e Orações sobre o Povo que ainda receberam algumas sugestões de mudanças e melhorias nos textos para que seja votado, além de liberação do material para que seja votado na etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da CNBB.
Em junho, Dom Edmar informou que 177 bispos responderam à consulta e que 98% destes deram o seu sim em aprovação à tradução. A Cetel analisou as propostas que os bispos fizeram (revisão, sugestão e proposta) e respondeu de forma personalizada a cada uma das indicações. Ao final do processo foram mais de 220 bispos que participaram da consulta. Essas contribuições resultaram num relatório de 59 páginas.
Fonte: CNBB