Destinado a todos os seminaristas do Brasil e não apenas aos que fazem parte do COMISE, o 4º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas (COMINSE) reuniu em João Pessoa (PB), de 11 a 17 de julho, seminaristas tanto diocesanos como religiosos, de todas as etapas formativas. O evento recebeu também convidados, como: bispos, formadores, reitores, assessores dos COMISEs e coordenadores dos COMIREs.
Promovido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) e a coordenação nacional dos COMISEs, o congresso refletiu sobre o tema “Missão ad gentes na formação de seminaristas” e o lema “Sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (At 1, 8). O evento aconteceu com apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através das Comissões Episcopais para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial e Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, como também da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB) e da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).
O seminarista Eduardo Martins, da Diocese de Januária (MG), no curso de Teologia, ainda não teve a oportunidade de participar do Congresso, porém acredita que essa experiência colabora com a formação missionária dos seminaristas de todo o Brasil. “Acredito que o 4º COMINSE será uma grande oportunidade para crescer e amadurecer a reflexão sobre a importância da missionariedade, sobretudo no processo formativo, além de ser um espaço de celebração, partilha de experiência e convivência fraterna entre os seminaristas de todo o Brasil”.
ABERTURA – “Recebereis a força do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1,8). Com essa frase, o secretário geral da Pontifícia União Missionária em Roma, Pe. Dinh Nhue Nguyem OFMConv, iniciou, dia 12, a primeira conferência do 4º COMINSE. O padre abordou o tema “Porque e para quê a missão ad gentes?”, a partir da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2022. A primeira manhã do Congresso também teve um painel temático e partilhas sobre experiências missionárias.
O padre Nguyem lembrou o ensinamento de Jesus aos seus discípulos de que todos devem ser missionários, assim como o próprio Cristo, o primeiro enviado do Pai e, portanto, sua testemunha fiel. A Igreja, que continua a missão dos discípulos, assume a mesma tarefa de evangelizar o mundo e ser testemunha de Cristo, graças ao Espírito Santo presente em seu meio.
Abordando o documento do Papa Francisco, o padre expôs para os seminaristas que todo cristão deve construir sua vida pessoal levando em consideração a importância da missão. “Os discípulos são enviados não apenas para fazer missão, mas para vive-la, para ser uma autêntica testemunha. A missão não se restringe a apenas uma atividade da Igreja. A Igreja é missão”, explicou.
O padre destacou o amor como a primeira motivação que deve conduzir o cristão a testemunhar. A obra de evangelização deve surgir a partir da experiência de ser salvo por Jesus, para que se testemunhe com palavra e ações, em todos os lugares. A expressão presente em At 1, 8, “até os confins do mundo”, pede para os cristãos irem sempre mais além, mantendo vivo o espírito de evangelização na Igreja.
O conferencista encerrou a conferência alertando os seminaristas do risco de reduzir a atividade missionária a um ativismo, ação que deve ser evitada tendo sempre como protagonista da missão o Espírito Santo, que possibilita o missionário a encontrar os momentos oportunos evangelizar e a entender o motivo fundamental da missão. Por isso, a preocupação do discípulo é tão somente deixar-se ser guiado pelo Espírito.
Após a conferência, a superiora provincial das Irmãs da Imaculada, Ir. Regina da Costa Pedro PIME, abriu o primeiro painel temático do Congresso falando sobre quatro formas para se realizar a missão ad gentes. De acordo com a religiosa, a primeira maneira é como uma testemunha, o que ressalta a importância do exemplo da vida cristã. A segunda forma deve ser uma combinação de ousadia e humildade. A terceira maneira deve ser sempre em saída, indo mais longe, para que a evangelização alcance o maior número de pessoas. Por fim, a missão também deve ser realizada com abertura à ação do Espírito Santo.
O Padre Antônio Niemiec CSsR encerrou o painel temático falando sobre a missionariedade como indicativo de maturidade do candidato ao sacerdócio. Um seminarista que não está aberto à missão exigida pela Igreja demonstra ainda uma fé imatura. Ele ressaltou que todos os cristãos são consagrados à missão, pelo Batismo e que negar essa identidade é negar a própria Fé.
Experiências missionárias
Ainda dentro das atividades do primeiro dia do 4º COMINSE, os seminaristas conheceram relatos sobre experiências missionárias realizadas na Arquidiocese de Santarém, no Estado do Pará. O Pe. Rubinei Valente Coelho lembrou que em sua época de seminarista o que lhe motivava a realizar as missões que lhe eram pedidas era tão somente a obediência ao Bispo. Motivação que mudou após experimentar uma atividade missionária em Santarém, quando ele pode conhecer mais de perto os desafios que muitas cidades interioranas enfrentam. A partir daquela experiência ele se percebeu com mais clareza como membro de uma Igreja missionária.
Já o seminarista Weverton de Castro Maurício relata de sua experiência em Santarém que a realidade das comunidades ribeirinhas às quais visitou lhe fizeram perceber a necessidade da presença da Igreja naqueles locais, que ainda é muito escassa. É uma realidade que clama a presença da Igreja na vida das pessoas. Para o seminarista, a experiência veio ao encontro do desejo dos Bispos do Regional Nordeste II em estimular nos seminaristas o ardor missionário.
Fontes: Ascom POM/Arquidocese Paraíba