Com informações agência Ecclesia. O Papa assinalou no domingo, 21, no Vaticano a celebração anual do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que em 2023 tem como tema “Falar com o coração”, agradecendo pelo trabalho dos jornalistas.
“É o coração que nos move a uma comunicação aberta, acolhedora. Saúdo os jornalistas, os profissionais da Comunicação aqui presentes, e agradeço-lhes pelo seu trabalho, desejando que esteja sempre ao serviço da verdade e do bem comum”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ‘Regina Coeli’.
A mensagem que Francisco escreveu para esta data intitula-se “Falar com o coração: testemunhando a verdade no amor”, inspirada numa passagem da carta de São Paulo aos Efésios (Ef 4,15).
O Papa pediu aos peregrinos presentes na Praça de São Pedro um “aplauso para todos os jornalistas”, gesto a que ele próprio se associou.
Na sua reflexão dominical, o Papa aludiu à celebração da solenidade da Ascensão, 40 dias após a ressurreição, destacando que Jesus “levou” a humanidade para o Céu.
“Com a Ascensão aconteceu algo novo e belo: Jesus levou a nossa humanidade, a nossa carne para o céu – é a primeira vez – isto é, levou-a para diante de Deus. Aquela humanidade, que tinha tomado na terra, não ficou aqui: Jesus, depois de ressuscitado não era um espírito, não, tinha corpo humano, carne, ossos, tudo”, declarou.
Francisco sublinhou que esta presença de Jesus junto do seu Pai é de “intercessão” pela humanidade, oferecendo-lhe “esperança” nos momentos de sofrimento.
“Podemos dizer que, a partir do dia da Ascensão, o próprio Deus mudou: desde então. Já não é só espírito, mas por causa do tanto que nos ama traz em si a nossa própria carne, a nossa humanidade”, acrescentou.
Convite
A mensagem para o 57.º Dia Mundial das Comunicações Sociais convidava os profissionais dos media a promover uma comunicação “não hostil”, que ajude a contrariar a “retórica belicista” a nível global.
“Há que rejeitar toda a retórica belicista, assim como toda a forma de propaganda que manipula a verdade, deturpando-a com finalidades ideológicas. Em vez disso seja promovida, a todos os níveis, uma comunicação que ajude a criar as condições para se resolverem as controvérsias entre os povos”, escreve Francisco.
O texto alerta para a “psicose bélica” da sociedade contemporânea, pedindo comunicadores “prontos a dialogar, ocupados na promoção dum desarmamento integral”.
“No dramático contexto de conflito global que estamos a viver, urge assegurar uma comunicação não hostil”, acrescentou o Papa.
Francisco propõe uma linguagem e cultura de paz, para que a comunicação “não fomente uma aversão que exaspere, gere ódio e conduza ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir calmamente, a decifrar com espírito crítico e sempre respeitoso a realidade onde vivem”.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do gênero estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes – 21 de maio, em 2023.
O texto do Papa propõe uma escuta “sem preconceitos”, que permita “falar com o coração no processo sinodal”, em curso na Igreja Católica.
“Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs”, indica.
Francisco acrescenta que a comunicação eclesial tem de colocar no seu centro “a relação com Deus e com o próximo, especialmente o mais necessitado” e esteja “mais preocupada em acender o fogo da fé do que em preservar as cinzas duma identidade autorreferencial”.
A mensagem para a celebração é tradicionalmente publicada a 24 de janeiro, dia da memória litúrgica de São Francisco de Sales (1567-1622), padroeiro dos jornalistas.
O Papa apresenta o bispo e doutor da Igreja – a quem dedicou a 28 de dezembro de 2022 a Carta Apostólica Totum amoris est, nos 400 anos da sua morte – como “um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste falar com o coração”.
“Para ele, a comunicação nunca deveria reduzir-se a um artifício, a uma estratégia de marketing – diríamos nós hoje –, mas era o reflexo do íntimo, a superfície visível dum núcleo de amor invisível aos olhos”, pode ler-se.
Em 2023 celebra-se o centenário da proclamação de São Francisco de Sales como padroeiro dos jornalistas católicos, feita por Pio XI com a Encíclica ‘Rerum omnium perturbationem’.