Trabalhando com jovens da classe estudantil, o Cônego Raul começou a vislumbrar as dificuldades daqueles que vinham do interior para a capital paraense a fim de concluir seus estudos. Sensibilizado, em 1959, ele criou um espaço para abrigar e evangeliza-los. Assim nasceu a Casa da Juventude (Caju), como um lugar acolhedor de jovens, com a ajuda de doações e com a participação do Irmão Salatiel (Marista) e de três adolescentes: Pedro Roumié, Joaquim Bastos e Félix Oliveira. Nesta época, a Caju funcionava em uma casa alugada na avenida Governador José Malcher, em Belém.
Consequência do contexto político instalado no país no ano de 1963, Cônego Raul cumpriu seu exílio no Chile, orientado por Dom Alberto Gaudêncio Ramos, onde aprofundou seus estudos sobre a juventude na Universidade Católica do Chile. Por esse motivo, a Caju permaneceu fechada pelo período de aproximadamente um ano.
Ainda em 1963, padre Raul ganhou um terreno doado pela Igreja Católica da Alemanha. Lá foi construída e inaugurada a sede da Caju, na avenida Almirante Barroso, bairro do Marco, em Belém, onde está até hoje.
De 1963 a 1980, o sacerdote assumiu muitas missões: realizou ações de evangelização em Marapanim (1972), formou um grupo de jovens (1973) e o congresso Marial (1975). Porém, em 1980, o fundador decidiu fechar a Caju, devido à desagregação de seus membros que, na época, se voltavam mais ao seguimento de lideranças partidárias do que especificamente para a vivência eclesial cristã católica. Posteriormente, em 1985, reabriu a Caju com novos jovens, edificando e consolidando a base, agora, somente com foco cristão.
Em 1990 o grupo de jovens se desfaz por completo. Mas, pela graça e orientação da Mãe da Divina Providência, padre Raul reestruturou a comunidade, novamente com a Missão Marapanim, dessa vez com cinco jovens remanescentes do Colégio Nazaré, onde o padre foi capelão.
Ainda em 1990 o fundador e os membros da Casa da Juventude se reúnem para reestruturá-la como Comunidade Católica, atendendo ao chamado do Papa João Paulo II. Assim surgiram os grupos formativos, o retiro da Páscoa Jovem (1991), Festivais de Música (1991), Natal na Praça (1991), Via Sacra (1992), o Fest Cristo (1993), e o Documento Ação no Mundo (1993), que descreve as práticas espirituais dos compromissados da Caju.
Em 22 de janeiro de 1998, padre Raul assumiu a Paróquia de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, na capital paraense, onde ficou até janeiro de 2008.
Durante os 63 anos de existência da Caju, padre Raul sempre acompanhou e orientou as atividades da comunidade, tanto na organização administrativo-financeira, quanto no aprofundamento espiritual e atividades de evangelização e missionárias, próximo a todos os compromissados e amigos da comunidade.
Em 2022, com 94 anos de sacerdócio, o Cônego era o decano, isto é, o sacerdote mais idoso da Arquidiocese de Belém.
EVANGELIZAÇÃO DA CAJU
Atualmente, a obra fundada pelo Cônego Raul busca anunciar Jesus Cristo e seus ensinamentos a todos, com foco na evangelização da juventude. A comunidade atua junto a populações no entorno de sua sede (Av. Almirante Barroso – Belém) e de sua Igreja São João Paulo II (localizada no bairro da Pedreira, também em Belém), além de atuar em missões da Arquidiocese de Belém nas ilhas da capital paraense.
A Casa da Juventude também possui dois núcleos missionários: em Marabá, no sudeste do Pará, e na cidade de São Paulo – SP, e compromissados sentinelas em outros lugares do Brasil e do mundo. Além disso, existem amigos da comunidade espalhados em outros estados e países, que levam o carisma da Alegria da Ressurreição que Deus inspirou inicialmente no coração do Padre Raul e que hoje se espalha ao redor do mundo por meio de seus filhos espirituais.
O PADRE RAUL
Era assim que a comunidade se referia ao cônego emérito do Cabido Arquidiocesano. Padre Raul nasceu em 11 de dezembro de 1927, em Alenquer, Oeste do Pará. Filho de família grande (12 filhos) e tradicional, um dia resolveu seguir a vocação sacerdotal em Belém e, posteriormente, no Seminário de São José, no Rio de Janeiro-RJ. No seminário, por meio da leitura dos escritos do padre francês Abbé Pierre, recebeu o primeiro chamado para sua missão.
Iniciou a sua missão e orientação na Juventude Operária Católica (PREJOC), vivendo um ritmo de vida que favorecia sua vocação sacerdotal, na luta pela evangelização de massa. Assim, ele passou pela Juventude Estudantil Católica (JEC), ainda no Rio, onde foi reconhecido pelo intenso trabalho e dedicação que, logo em seguida, continuou na JEC-Pará, a convite do então Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Gaudêncio Ramos, e nela consolidou o seu trabalho frente à juventude.
A igreja Matriz de Santo Antônio de Alenquer, no Pará, acolheu a Ordenação Presbiteral pela imposição das mãos de Dom Mário de Miranda Vilas Boas no dia 24 de novembro de 1957, e naquela ocasião, ele também celebrou sua primeira Missa.