Com informações Vatican News. É possível mudar, transformar uma economia que mata numa economia da vida. Esta foi a principal mensagem que o Papa Francisco ofereceu aos jovens reunidos em Assis para o evento “Economia de Francisco”.
Três anos se passaram desde a convocação do Papa até a sua realização e hoje a juventude mundial se encontra a viver e crescer num período desafiador entre crise ambiental, pandemia e guerras. Os jovens herdaram grandes riquezas, mas ao mesmo tempo um planeta degradado e privado de paz. Neste cenário, os jovens são chamados a se tornarem artesãos e construtores da casa comum. As finanças são etéreas, é preciso redescobrir as raízes humanas da economia, exortou Francisco.
“Uma nova economia, inspirada em Francisco de Assis, hoje pode e deve ser uma economia amiga da terra e uma economia de paz. Trata-se de transformar uma economia que mata numa economia da vida, em todas as suas dimensões.”
Mudança rápida
E os jovens têm este potencial transformador, afirmou o Papa. Mas advertiu para que não sejam como os estudantes das Faculdades de Economia, com a cara fechada, mas sim criativos e otimistas. Este entusiasmo deve ser aplicado imediatamente para uma conversão ecológica. Uma economia humana pede uma nova visão do meio ambiente. Nos últimos dois séculos, acrescentou Francisco, a terra foi saqueada para aumentar o nosso bem estar, mas não o bem estar de todos. “É este o tempo de uma nova coragem para abandonar as fontes fósseis de energia, de acelerar o desenvolvimento de fontes com impacto zero ou positivo.”
Mas para mudar é preciso estar disposto a fazer sacrifícios. Passar de um estilo de vida insustentável para um estilo sustentável significa transformar as dimensões social, relacional e espiritual. “É necessária uma mudança rápida e firme. E o digo seriamente. Conto com vocês! Por favor, não nos deixem tranquilos e deem-nos o exemplo”, exortou o Papa, pedindo coragem e uma “pitada” de heroísmo. E citou a experiência de um jovem que recusou emprego quando descobriu que seria operário numa fábrica de armas.
A poluição da desigualdade
Quando tentamos salvar o planeta, não podemos ignorar o homem e a mulher que sofrem. O grito da terra e o grito dos pobres é o mesmo. A poluição que mata não é somente aquela provocada pelo dióxido de carbono, mas também a desigualdade polui o nosso planeta. As calamidades ambientais não podem cancelar as calamidades da injustiça social e da injustiça política.
Fazer economia inspirando-se em Francisco de Assis significa comprometer-se em colocar os pobres em primeiro lugar. Sem o amor pelos pobres e por toda pessoa vulnerável, não há “Economia de Francisco”. Enquanto o sistema produzir descartados e atuarmos segundo este sistema, seremos cúmplices de uma economia que mata. São Francisco não ensina somente a amar os pobres, mas também a pobreza. O capitalismo quer ajudar os pobres, mas não os estima. Não devemos amar a miséria, explicou o Papa. Pelo contrário, devemos combatê-la. Mas o Evangelho diz que sem estimar os pobres não se combate nenhuma miséria.
Este estilo de vida insustentável acomete também as relações humanas, a começar pela família, incapaz de acolher e cuidar de novas vidas. O resultado é o inverno demográfico, onde se prefere ter relações afetivas com cães e gatos. E as mulheres são as primeiras a serem penalizadas por terem que optar entre filhos e carreira. O consumismo atual procura preencher o vazio das relações humanas com mercadorias sempre mais sofisticadas – “as solidões são um negócio do nosso tempo!” -, mas assim gera uma penúria de felicidade.