Na festa de São Francisco de Sales a Igreja oferece para os meios de comunicação uma reflexão sobre importância, responsabilidade, prática e missão. Neste 56° Dia Mundial das Comunicações Sociais o Papa Francisco nos convida a refletir sobre o Tema: “Escutai!”.
Segundo a nota da Sala de Imprensa da Santa Sé, depois da mensagem de 2021, focalizada no ir e ver, em sua nova mensagem para 2022, o Papa Francisco pede ao mundo da comunicação que reaprenda a ouvir. (Vatican News).
Ouvir deve ser um exercício diário para entrarmos no universo das pessoas e entendermos o que cada uma traz em seu coração e quais as suas motivações em suas atitudes. O Papa Francisco acerta de cheio no âmago das profundas relações. Ouvir o irmão para ouvir a Deus: “Escutar com o ouvido do coração”.
Divulgada, na festa de São Francisco de Sales, dia 24, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrada na Solenidade da Ascensão de Nosso Senhor, o Papa nos convoca, como comunicadores, a refletirmos, enquanto pascom e toda a sociedade, sobre a importância do “Escutar”.
Com o apogeu da ciência da tecnologia comunicativa, temos, nos mass media, à disposição podcasts e áudios em aplicativos, que demonstram que a escuta continua sendo essencial para a comunicação humana, condição para um autêntico diálogo.
Entre os cinco sentidos, Deus parece privilegiar a audição. São Paulo dizia que “a fé vem da escuta”. Ressalta o Papa.
É essa ação que permite que Deus se revele como Aquele que, ao falar, cria o homem à sua imagem, e ao ouvi-lo, o reconhece como seu interlocutor. “No fundo, ouvir é uma dimensão do amor”, mesmo se às vezes o homem tende a “tapar os ouvidos”.
“Existe de fato uma surdez interior, pior do que a física. Ouvir, com efeito, não diz respeito apenas ao sentido da audição, mas à pessoa toda.”
O verdadeiro órgão da audição, portanto, é o coração, ali sentimos o desejo de estar em relação com os outros e com o Outro. “Não somos feitos para viver como átomos, mas juntos.”
Todavia, Francisco alerta para o oposto da ação de escutar, que é “espreitar”, “bisbilhotar”, sobretudo em tempos de redes sociais. Ao invés de nos escutarmos uns aos outros, “falamos uns sobre os outros”. Ao invés de procurarmos a verdade e o bem, procuramos o consenso, buscamos audiência. Estamos simplesmente à espera que a outra pessoa acabe de falar, a fim de impor o nosso ponto de vista. “A boa comunicação, ao contrário, não procura impressionar o público com uma piada de impacto, com a finalidade de ridicularizar o interlocutor, mas presta atenção às razões do outro e procura compreender a complexidade da realidade. É triste quando, até na Igreja, se formam alinhamentos ideológicos, a escuta desaparece e dá lugar a uma oposição estéril.”
Na verdadeira comunicação, acrescenta o Papa, o “eu” e o “tu” estão ambos “em saída”, inclinados um para o outro. Portanto, a escuta é o primeiro ingrediente indispensável do diálogo e da boa comunicação. “Não há bom jornalismo sem a capacidade de ouvir.” Aliás, este é um dos aprendizados basilares do jornalista: ouvir várias fontes.
O Papa conclui a mensagem analisando a dimensão da escuta dentro da Igreja.
“Quem não sabe escutar o irmão, em breve já não será capaz de ouvir nem sequer Deus.”
Na ação pastoral, a obra mais importante é o “apostolado do ouvido”, aponta Francisco. “Dar gratuitamente um pouco do seu tempo para ouvir as pessoas é o primeiro gesto de caridade.”
A dimensão da escuta é ainda mais essencial no processo sinodal há pouco iniciado. “Rezemos para que seja uma grande oportunidade de escuta recíproca.”
Fonte : Vatican News, 24 de janeiro, festa de São Francisco de Sales.
Pe. Nilton Cezar Reis
Coordenador Arquidiocesano
da Pascom Belém