Com informações agência Ecclesia. O Papa disse no Vaticano que as comunidades católicas devem ser “abertas e inclusivas”, fazendo referência ao processo sinodal que decorre entre 2021 e 2023.
“Caminhar juntos – por outras palavras, ser sinodais – é também a vocação da Igreja. Interroguemo-nos até que ponto somos verdadeiramente comunidades abertas e inclusivas em relação a todos; se conseguimos trabalhar juntos, padres e leigos, ao serviço do Evangelho”, realçou, na homilia da Missa a que presidiu na Praça de São Pedro, no domingo, 9.
Francisco falava perante milhares de pessoas, reunidas para a canonização de D. João Batista Scalabrini, que se destacou pela sua atenção aos migrantes, e Artemide Zatti, irmão salesiano que dedicou a sua vida ao cuidado dos doentes.
“Por favor, temos de incluir sempre, incluir sempre, tanto na Igreja como na sociedade, ainda caraterizada por tantas desigualdades e marginalizações. Incluir todos”, apelou.
O Papa deixou várias questões às comunidades católicas, um ano após o início do Sínodo 2021-2023, que contou com uma inédita consulta global, ao longo dos últimos meses.
“Temos uma atitude acolhedora – feita não só de palavras, mas de gestos concretos – tanto para com os distantes como para com todos os que se aproximam de nós, sentindo-se inadequados por causa dos seus percursos de vida conturbados. Fazemo-los sentir parte da comunidade, ou excluímo-los?”, perguntou.
Santos e pecadores
A intervenção alertou para comunidades cristãs que “dividem o mundo em bons e maus, em santos e pecadores”, o que leva os seus integrantes a sentir-se “melhores do que os outros e a manter de fora muitos que Deus quer abraçar”.
Todos estamos doentes no coração, todos somos pecadores, todos necessitamos da misericórdia do Pai. Consequentemente, deixaremos de nos dividir com base nos méritos, nas funções que desempenhamos ou em qualquer outro aspeto exterior da vida, e então caem os muros interiores, os preconceitos, descobrimo-nos finalmente como irmãos”.
A homilia destacou a importância de “caminhar juntos e agradecer”, partindo da narração de uma cura de Jesus, relatada pelo Evangelho, ao encontrar um grupo de dez leprosos.
Francisco sublinhou que, simbolicamente, apenas um dos curados regressou para agradecer, o samaritano, “considerado herético, estrangeiro” pelo poder religioso da época de Cristo.
“Irmãos e irmãs, verifiquemos se, na nossa vida, nas nossas famílias, nos nossos lugares de trabalho e de convivência diária, somos capazes de caminhar juntamente com os outros, ouvir, superar a tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e pensarmos só nas nossas necessidades”, apontou.
Numa passagem muito aplaudida da sua homilia, o Papa sustentou que, face ao descontentamento e à indiferença que “embrutecem o coração”, é “fundamental saber agradecer”.
“Por favor, não esqueçamos esta palavra-chave: obrigado”, pediu.
Francisco considerou como uma “grave doença espiritual” a atitude de “dar tudo como garantido, inclusive a fé, mesmo a relação com Deus”, gerando “cristãos que deixaram de saber maravilhar-se, já não sabem dizer obrigado, não se mostram agradecidos, não sabem ver as maravilhas do Senhor”.