São Vicente de Paulo e a evangelização dos pobres

 

A Congregação da Missão é uma prova da ação multiforme do Espírito Santo que se manifesta na criatividade apostólica de São Vicente de Paulo. Sem dúvida, o “gigante da caridade” assume com o “suor do rosto e a força dos braços” o mandato do Senhor, que diz: “Ide pelo mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Revestido do Espírito de Cristo, “o único a quem cabe iluminar e inflamar os corações”, ele realiza a mesma obra do Filho de Deus na França e no mundo todo através da Congregação fundada no século XVII para esse propósito fundamental: a evangelização dos pobres.

O anúncio da Boa Nova é o apelo missionário mais forte de São Vicente quando fala aos seus missionários: “Demo-nos a Deus, senhores, para ir a toda terra levar o santo Evangelho…”. Infelizmente, quando isso não ocorre, a Congregação ofusca a sua identidade, atrofia os seus horizontes e a nossa consagração aos pobres enfraquece. O “ide pelo mundo” propõe também uma consciência missionária aberta aos sinais dos tempos e uma constante releitura das novas formas de pobreza, como por exemplo, a dramática realidade dos migrantes, a angústia existencial dos jovens e o desamparo da pessoa idosa. Os desafios que nascem de nossa coragem apostólica são imensos. Porém, a presença do Espirito Santo como sinal de sua força em nós, torna-se muito maior do que qualquer perigo. Até “se tivermos de abraçar serpentes ou beber algum veneno mortal…” (Mc 16, 18).

O ímpeto apostólico de São Vicente nasce, espiritualmente, da escuta da Palavra de Deus e de sua inserção pastoral na “noite escura” dos pobres. O papel do Espírito Santo foi operoso desde a missão de Folleville, no interior da França, até as múltiplas iniciativas de caridade decorrentes da missão iniciada nessa cidade em 1617. Sob o seu impulso, o carisma fulgura, não só por intermédio da Congregação da Missão e da Companhia das Filhas da Caridade, mas, também, dos Ramos da Família Vicentina que se articulam pelo mundo afora como uma rede global de caridade no serviço dos pobres.
Dos lugares remotos que ainda não chegamos, São Vicente continua nos advertindo: “Prestem atenção, diletos missionários! A Congregação só tem razão para existir, quando se dispõe a evangelizar os pobres. Cuidem para que o carisma não seja transformado numa espécie de “ água lodosa”, pois, de verdade, ele é um rio que corre para o infinito.

Se a identidade do carisma é a caridade e a Evangelização dos Pobres a nossa missão, não fiquem parados, mas saiam e anunciem a Boa Nova a todos os povos até os confins do mundo. Não esqueçam que a infidelidade ao carisma furta a Congregação de sua finalidade até o desaparecimento total dela no mundo, lembraria o apóstolo da Caridade aos seus missionários nos dias de hoje.
De fato, se para o Filho de Deus, o êxito da missão se concretiza com a proclamação do evangelho aos pobres e a libertação dos cativos (Lc 4, 18), para São Vicente, o carisma é confirmado quando realiza a caridade missionária. Ontem, hoje e sempre o carisma da Caridade é o mesmo! Mudam os contextos humanos e históricos, mas a Caridade sabe se ressignificar! É um acontecer definitivo do Espírito que “sopra onde quer…” ( Jo, 3, 8).

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