Na manhã deste sábado, 28, foi beatificado o Padre João Schiavo. “Há pouco mais de 50 anos de sua morte, a Igreja eleva hoje, à honra de seus altares, (…) o missionário italiano da congregação de São José”. As palavras são do presidente da celebração de beatificação e Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, em homilia lida nos pavilhões da Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS).
“Ele se santificou aqui, nesta terra brasileira, pátria de santos e de mártires. (…) Ele se sentia intimamente brasileiro, passou sua vida sacerdotal e apostólica no Brasil, onde encontrou terreno forte para praticar de modo heroico o evangelho de Jesus Cristo”, ressaltou Cardeal Angelo Amato, ao comentar experiência de vida do beato no país.
Segundo o cardeal, Pe. João Schiavo era um apóstolo dinâmico e criativo, autor de várias obras sociais de sua congregação no Brasil, onde expressou, bondade, caridade e gentileza, aos pobres. O amor e devoção da comunidade caxiense ao beato pôde ser vista durante toda a celebração organizada pela Diocese de Caxias do Sul, pela Congregação das Irmãs Murialdinas de São José, pela Congregação dos Josefinos de Murialdo e pela Associação dos Amigos do Pe. João Schiavo.
O rito de beatificação foi composto por oito atos: pedido do bispo diocesano Dom Alessandro Ruffinoni para a beatificação, breve apresentação da biografia de Pe. João Schiavo pelo postulador Pe. Orides Ballardin, leitura da carta apostólica em latim, revelação do quadro de glória do beato, canto do hino de beatificação, exposição da relíquia, breve agradecimento do bispo diocesano Dom Ruffinoni e abraço da paz ao Cardeal Angelo Amato.
Ao final da homilia, lida na beatificação de João Schiavo, Dom Angelo Amato pediu: “Que o nosso beato nos abra os olhos para vermos e fazermos o bem, semeando em nossos corações, nas nossas comunidades, família e sociedade, o bem. Que possamos colher os frutos do bem que são amor, perdão, alegria, amizade e partilha, como foi a existência do Padre Schiavo. Comtemplemo-lo, imitemo-lo e imploremos a sua intercessão”.
Processo de Beatificação
A Causa de Beatificação do Pe. João Schiavo, foi introduzida na Diocese de Caxias do Sul, pelo bispo Dom Paulo Moretto, em agosto de 2001. Neste mesmo ano, foi aberto o processo diocesano sobre a vida, virtudes e fama de santidade do Pe. João Schiavo e concluído em outubro de 2003, sendo entregue no Vaticano, em novembro do mesmo ano.
Foi instaurado novo processo na Diocese de Caxias do Sul, em 2009, para analisar a cura de Juvelino Carra, recolhendo depoimentos dos médicos e enfermeiras que o atenderam e familiares próximos. Em dezembro de 2015, após ter recebido o parecer da Comissão de Cardeais que analisaram o Livro sobre a Vida, Virtudes e Fama da santidade do Servo de Deus, Papa Francisco decretou a venerabilidade de Pe. João Schiavo.
Em fevereiro de 2016, a Comissão de Médicos do Vaticano reconheceu, na documentação analisada, que a cura não tem explicação médico-científica. Em junho cumpriu-se mais uma etapa do processo com a avaliação positiva da Comissão de Teólogos do Vaticano, composta por sete estudiosos da Congregação das Causas dos Santos, que analisaram as orações feitas por intercessão de Pe. João Schiavo para obter a cura do caxiense Juvelino Carra. No dia 18 de outubro de 2016, ocorreu, em Roma, a Reunião Ordinária dos Cardeais e Bispos, etapa final do processo de beatificação do Padre João Schiavo.
No dia 1º de dezembro de 2016, Papa Francisco autorizou a Congregação das Causas dos Santos promulgar o Decreto de Reconhecimento do Milagre de cura do caxiense Juvelino Carra, pela intercessão do Venerável Servo de Deus Pe. João Schiavo, Josefino de Murialdo, italiano que viveu na Serra Gaúcha de 1931 a 1967 e realizou inúmeras obras relacionadas à educação, obras sociais e formação religiosa. Em fevereiro de 2017 o Vaticano confirmou a Beatificação para dia 28 outubro de 2017 nos Pavilhoes da Festa da Uva, em Caxias do Sul.
As principais obras de Pe. João Schiavo
O sacerdote, da Congregação dos Josefinos de Murialdo, nasceu na Itália, em Sant’Urbano de Montecchio Maggiore (VI), no dia 8 de julho de 1903 e desde criança desejava ser padre. Entrou na Congregação dos Josefinos de Murialdo e, em 1919, fez sua primeira Profissão Religiosa. No dia 10 de julho de 1927, com 24 anos, foi ordenado sacerdote. Quatro anos depois, realizando seu desejo de ser missionário e seguindo a ordem da obediência, partiu para o Brasil, chegando em Jaguarão (RS), no dia 05 de setembro de 1931 e de lá, poucas semanas depois para Caxias do Sul (RS), mais especificamente em Ana Rech para se dedicar a animação e formação dos candidatos para a Congregação dos Josefinos de Murialdo.
Desde que chegou em solo brasileiro, Padre João desenvolveu uma intensa atividade vocacional e foi o primeiro mestre de noviços da missão Josefina no Brasil. Viveu sua vocação e missão sobretudo na Região de Caxias do Sul: em Ana Rech, foi animador dos seminaristas e noviços, professor, iniciador e diretor da Escola Normal Rural Murialdo; em Galópolis, foi diretor da Escola e pároco; em 1941, fundou o Seminário Josefino de Fazenda Souza, interior de Caxias do Sul, sendo o primeiro diretor dessa obra que marcaria sucessivas gerações de jovens.
Fundou diversas obras em favor das crianças e jovens pobres: Abrigo de Menores São José, em Caxias do Sul; Obra Social Educacional, em Porto Alegre (Partenon e no Morro da Cruz, respectivamente); Abrigo de Menores em Pelotas e Rio Grande (RS); Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Araranguá (SC). Foi o primeiro Superior dos Josefinos da então Vice-Província no Brasil de 1937 a 1946 e Provincial de 1947 a 1956. Fundou em 1942 a Associação das Mães Apostólicas, com o objetivo de rezar e amparar as vocações. A ele se deve o desenvolvimento das Obras Josefinas, o reconhecimento oficial das escolas e a formação religiosa dos primeiros confrades brasileiros.
Após um período de discernimento, em consonância com o fundador das Irmãs Murialdinas de São Jose Padre Luigi Casaril, no dia 09 de maio de 1954, Pe. João Schiavo iniciou, em Fazenda Souza, Caxias do Sul, o primeiro grupo das Irmãs Murialdinas de São José, no Brasil. Em 1957 fundou em Fazenda Souza, a Escola Santa Maria Goretti das Irmãs Murialdinas, onde atuou como diretor e professor.
Em fevereiro de 1956 deixou o cargo de Superior Provincial, mas continuou prestando serviço à sua Congregação e dedicando-se às Irmãs Murialdinas. Padre João Schiavo, cuja saúde há tempo estava debilitada, adoeceu gravemente no final de novembro de 1966 e faleceu dia 27 de janeiro de 1967, com fama de santo.
Desde então, sua sepultura, atualmente no interior de uma capela que leva o seu nome, em Fazenda Souza, é local de orações e peregrinações. Ali, todo o dia 27, às 16 horas, é celebrada missa em sua memória. Por sua intercessão são atribuídas muitas graças e a fama de santidade estende-se até mesmo para fora do Brasil, com relatos de graças alcançadas na Argentina (Mendoza) e em outras nações onde atuam os Josefinos e as Murialdinas.
|