A Palavra de Vida deste mês cita um versículo do hino de Moisés, um trecho do Antigo Testamento no qual Israel exalta a intervenção de Deus na própria história. É um canto que proclama a Sua ação decisiva para a salvação do povo, no longo percurso que vai da libertação da escravidão no Egito até a chegada à Terra Prometida. É uma caminhada cheia de dificuldades e sofrimentos, mas guiada com segurança pela mão de Deus, também com a colaboração de homens como Moisés e Josué, que se colocam a serviço desse plano de salvação.
“Tua direita, Senhor, é majestosa em poder.”
Quando pensamos no “poder”, facilmente associamos essa palavra à força da dominação, que muitas vezes é causa de abusos e conflitos entre pessoas e entre povos. Ao passo que a palavra de Deus nos revela que o verdadeiro poder é o amor, tal como se manifestou em Jesus: Ele vivenciou toda a experiência humana até à morte, para abrir-nos o caminho da libertação e do encontro com o Pai. Graças a Ele, manifestou-se o poderoso amor de Deus pelos homens.
“Tua direita, Senhor, é majestosa em poder.”
Se olharmos para nós mesmos, devemos reconhecer honestamente os nossos limites. A fragilidade humana em todas as suas expressões – física, moral, psicológica, social – é uma realidade inegável. Mas é justamente aí que podemos experimentar o amor de Deus. Com efeito, Ele quer a felicidade para todos os homens, seus filhos, e por isso está sempre disponível a oferecer a sua ajuda poderosa a todos os que se colocam com docilidade nas suas mãos para construir o bem comum, a paz, a fraternidade.
Esta frase foi escolhida com esmero para celebrar neste mês, no hemisfério Norte, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos . Quantos sofrimentos fomos capazes de causar uns aos outros nesses séculos de separação, escavando fossos e alimentando desconfianças, dividindo comunidades e famílias.
“Tua direita, Senhor, é majestosa em poder.”
Sentimos a necessidade de pedir com a oração a graça da unidade, como dom de Deus; ao mesmo tempo podemos também oferecer-nos para sermos Seus instrumentos de amor na construção de pontes.
Em 2002, durante um congresso do Conselho Mundial de Igrejas, em Genebra, Chiara Lubich foi convidada a apresentar o seu pensamento e a sua experiência. Ela disse: “O diálogo se realiza deste modo: como primeira coisa, colocamo-nos no mesmo plano do nosso interlocutor, seja ele quem for; depois o escutamos, fazendo o vazio completo dentro de nós (…). Dessa maneira acolhemos o outro e o compreendemos (…). E assim, tendo sido escutado com amor, o outro é estimulado a querer ouvir também a nossa palavra”.
Neste mês poderíamos aproveitar os nossos contatos de cada dia para consolidar ou recuperar relacionamentos de estima e amizade com pessoas, famílias ou grupos pertencentes a Igrejas diferentes da nossa. E por que não estender a nossa oração e a nossa ação também às divisões existentes dentro da nossa própria comunidade eclesial, bem como na política, na sociedade civil, nas famílias? Poderemos também nós testemunhar com alegria: “Tua direita, Senhor, é majestosa em poder.”
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Letizia Magri |