Terminou na manhã de sexta-feira, 5, a 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada no Centro de Eventos Pe. Vítor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional da Padroeira do Brasil, em Aparecida (SP). Durante dez dias debateram as principais questões na atualidade da Igreja no Brasil.
O balanço da 55ª Assembleia Geral da CNBB foi feito no dia 4, acompanhado da nota com a posição da entidade pelo atual momento nacional. Os membros da presidência da CNBB, formada pelo Arcebispo de Brasília, Cardeal Sergio da Rocha (presidente), O Bispo Primaz do Brasil e Arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger (vice-presidente) e o Bispo auxiliar de Brasília, Dom Leonardo Steiner (secretário-Geral) presidiram a avaliação.
Dom Sérgio refletiu sobre as notas e pronunciamentos, que segundo ele, tiveram um peso importante, mas vai muito além de documentos e textos, pois, por mais importantes que sejam, a assembleia é um tempo agradável de convivência, de oração, de retiro espiritual e também de muita reflexão e estudo.
Ele detalhou que a dinâmica em grupos de trabalho, uma constante na assembleia que ajuda a ter uma participação mais efetiva de todos os bispos.
O Presidente da CNBB também disse que foi importante recordar o contexto dos 10 anos da Conferencia de Aparecida pelo tamanho de seu significado e também o Ano Mariano. “Tivemos um gesto muito significativo dos bispos que assumiram o papel de romeiros de Nossa Senhora Aparecida. Isso nos ajuda a pensar melhor nos outros temas”.
Para o Cardeal a assembleia também não deixa de procurar iluminar com a Palavra de Deus, a realidade social. “Neste momento de crise política e econômica procuramos refletir, rezar e dar a nossa palavra”, disse.
O Tema Central deste ano, que refletiu sobre a Iniciação Cristã, também foi recordado. “Estamos procurando orientações pastorais para preparar melhor as pessoas nas várias etapas da vida, sobretudo a juventude”, apontou.
Dom Sérgio ainda relembrou o projeto Pensando Brasil, que a cada ano aborda um aspecto relevante da sociedade, a mensagem sobre o dia dos trabalhadores e também divulgou uma nova nota sobre o momento nacional. A nota foi lida na íntegra pelo secretário-geral, Dom Leonardo Steiner.
Desdobramentos
Aprovado pela 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o texto sobre o tema central ‘Iniciação à vida cristã’ será publicado e buscará inspirar a Igreja no Brasil a repensar uma nova forma de fazer a catequese mais integrada com a liturgia. Essa foi avaliação geral do bispo da Diocese de Goiás e membro da Comissão do Tema Central, Dom Eugênio Rixen.
Segundo Dom Eugênio, é necessário lembrar que a Igreja no Brasil, muitas paróquias, dioceses e regionais já vêm discutindo e aprofundando o tema. De acordo com ele, a aprovação na Assembleia Geral é mais um passo desse processo. O documento, para Dom Eugênio, vai incentivar a formação, nos diferentes níveis e modalidades. “O debate e as novas práticas em torno do tema central: ‘iniciação à vida cristã’ vão se desdobrar nas ações dos organismos da Igreja, nas pastorais, dioceses e regionais”, disse.
O bispo disse que o próprio documento reconhece que "vivemos numa época dominada pelo secularismo. Neste contexto, o texto reforça a necessidade de oferecer às pessoas uma profunda experiência de encontro com Jesus Cristo, por meio do Querigma”, afirmou.
O texto aprovado, inspirado no capítulo 2 da Carta de São Paulo aos Filipenses, reforça que não é suficiente apenas conhecer Jesus, mas buscar sentir o que ele sentiu e viver as suas atitudes: o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude.
Um passo necessário também, segundo Dom Eugênio, é buscar uma maior aproximação entre a catequese e a liturgia, com celebrações próprias no estilo catecumenal, como a celebração da entrega da Palavra de Deus. As mudanças são lentas, mas Dom Eugênio está confiante. “Sentimos muita disposição e boa vontade dos bispos em levar adiante as mudanças necessárias para que mais pessoas façam a experiência do encontro pessoal e transformador com Jesus Cristo”, disse.
Temática do aborto
Sobre o aborto, os bispo reafirma categoricamente que direito à vida permanece inviolável na sua totalidade, conforme posicionou-se Dom Roberto Ferreria Paz, bspo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral Nacional da Saúde.
Dom Roberto reforçou os principais pontos apresentados na última nota apresentada pela conferência sobre o assunto: ‘Pela vida contra o aborto’ e reafirmou a posição firme e clara da Igreja “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”.
Segundo o bispo, sob qualquer condição, o direito à vida permanece na sua totalidade. “O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana”.
O bispo ressaltou: "com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, a CNBB repudia atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal (STF) uma função que não lhe cabe, que é legislar.
“Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros”, afirmou Dom Roberto citando um trecho da nota oficial da Conferência de 11 de abril de 2017.
Questionando as falsas saídas e o pouco investimento do Estado no cuidado das gestantes e crianças, Dom Roberto finalizou reafirmando que a vida humana é preciosa.
“Espera-se do Estado maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças. É preciso assegurar às mulheres pobres o direito de ter seus filhos, garantir o direito ao parto seguro", concluiu Dom Roberto.
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