Ação social leva atendimento médico ao Marajó

 
Uma iniciativa, denominada Expedição Marajoara, promovida pela Prelazia do Marajó em parceria com a Paróquia Menino Deus, a Comissão de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Liga Acadêmica Paraense de Saúde da Mulher, levou atendimento médico especializado e a realização de exames preventivos à população de Soure, no Arquipélago do Marajó, nos dias 8 e 9, extensiva a esta sexta-feira, 14. 
 
A ação social, promovida no Centro Social Menino Deus, teve como objetivo atender a população local que possui serviço precário na área da saúde. A movimentação no município teve início no dia 7, com a inauguração do Centro Menino Deus, marcada por Santa Missa presidida pelo pároco do Menino Deus, Padre José Otávio Gomes. O centro foi completamente revitalizado e agora passa a oferecer atendimentos médicos, beneficiando a população local e a de municípios vizinhos.
 
No sábado e no domingo, quando foi grande a demanda, foram realizados atendimentos em várias especialidades, entre elas ginecologia, pediatria, psiquiatria, neuropediatria, patologia, cardiologia, geriatria, infectologia, gastroenterologista, e clínica (Saúde da Família), odontologia, equipe de enfermagem, dispensação de medicamentos por farmacêutico, atendimento com psicólogos e fisioterapeutas. Além disso, foram promovidos também testes rápidos para hepatite B e C, HIV e sífilis, exames de urina, bacterioscopia, parasitológico das fezes e glicemia capilar e palestras educativas sobre promoção da saúde e prevenção de doenças.
 
A Expedição envolveu cerca de 80 pessoas, entre profissionais, técnicos, assistentes e acadêmicos que compõem a Liga Acadêmica Paraense de Saúde da Mulher, coordenada pela médica Léa Araújo, com a parceria do Departamento de Hepatites Virais e IST/AIDS da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Academia Paraense de Biomedicina, Patologia Clínica, Medicina Clínica e Diagnóstica, Neurologia e Hepatologia.
 
Na avaliação do Bispo Emérito, Dom Luiz Azcona, a ação realizada no final de semana expressa nada além da presença de Deus no meio do povo que até então se encontrava esquecido pelas autoridades: “A Expedição Marajoara tem como objetivo ser atendimento médico e evangelizador, ao mesmo tempo. O povo volta a sorrir e a felicidade volta ao rosto e nos dá a certeza de que Deus e o poder do Espírito Santo estão conosco”.
 
Para Kátia Eymard, coordenadora da Comissão de Justiça e Paz, a ação realizada é uma grande obra de Deus, fruto de uma parceria que só traz benefícios para a população: “Essa ação é resultado dos apelos feitos há tanto tempo por nosso bispo emérito, Dom José Luiz Azcona, que pediu por esse povo esquecido”.
 
Os atendimentos seguem no Centro Social Menino Deus até esta sexta-feira, 14, promovidos por um grupo de missionários do Rio de Janeiro (RJ).

Em outros municípios    

Para a médica Léa Araújo, da Liga Acadêmica Paraense de Saúde da Mulher, a ação foi enriquecedora: “Foi fantástico realizar esses atendimentos para a população que mais precisa. Houve pessoas que estavam tendo seu primeiro atendimento na vida. Dessa forma, há a necessidade de retorno. O momento agora é de organizar, pois muitos profissionais realizam jornadas de plantão e as agendas precisam estar afinadas para que tudo ocorra bem”. 
 
Segundo Danilo Kalif, presidente da Liga, essa foi a primeira ação social da liga que foi criada recentemente. Ao todo foram 1.300 atendimentos: “Temos o objetivo de que a expedição passe por mais municípios marajoaras, principalmente Melgaço que possui um dos IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixos do país”. 

Cenário nacional  

O Arquipélago do Marajó tem sido palco recorrente de situações que evidenciam a ausência do poder público. O caso de mais destaque é o município de Melgaço que possui o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do país: 0,418. Se Melgaço fosse um país, teria o nono pior índice de desenvolvimento humano do mundo, junto a países marcados por guerras, epidemias e extrema pobreza, como Serra Leoa, Guiné e Níger. 
 
No último mês, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) alerta para o aumento de casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes nos municípios da ilha do Marajó. Só em 2017, foram denunciados 365 casos na região em apenas 8 dos 16 municípios da ilha, uma média de duas vítimas por dia. Segundo a Comissão de Justiça e Paz da CNBB, os números de abuso sexual de crianças e adolescentes no Marajó aumentam cerca de 20% por ano. 

 
 
 

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