Bispos destacam a vida familiar

 
A 55ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP), se encerrará nesta sexta-feira, 5. Desde o dia 26, os Bispos do Brasil discutem sobre o tema central “Iniciação cristã”, mas debatem também temas de relevância no âmbito da educação, da família, do ecumenismo e do atual cenário político e social do país. Até o fechamento desta edição, muitos assuntos já haviam sido compartilhados nas plenárias diárias, mas na quarta-feira os tema ficaram em torno de diversos assuntos, centralizados na  Exortação Apostólica  pós-sinodal ‘Amoris laetitia’. 
 
A Exortação Apostólica  pós-sinodal ‘Amoris laetitia – A Alegria do Amor, documento escrito pelo Papa Francisco reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a família convocados pelo Pontífice em 2014 e 2015 e contribuições de fiéis no mundo inteiro. Dom Pedro Cippolini, bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Doutrina da Fé, falou sobre o documento na tarde quarta-feira, 3Dom Pedro comentou alguns dos principais pontos da exortação e afirmou que após a sua publicação a postura com relação alguns temas que envolvem a família mudaram, citando o exemplo dos casais de segunda união.
 
“A doutrina do matrimônio permanece a mesma, mas o modo de abordar algumas questões e de tratar as pessoas, principalmente em relação aos casais de segunda união mudou. Essa mudança é no sentido de uma acolhida, um olhar misericordioso, o diálogo e o desejo de que todos tenham na Igreja o seu lugar. Isso é importante. A Igreja como mãe deve ser acolhedora”, afirmou.
 
Dom Cippolini ainda falou sobre o trabalho da Comissão Episcopal para Doutrina da Fé: “A comissão quer ajudar a conferência a refletir temas relacionados à fé, no sentido de esclarecer e ilustrar alguns pontos que precisam melhorar no desenvolvimento do trabalho da evangelização”. Atualmente a comissão é constituída por cinco bispos e 19 peritos.
 
O bispo ainda apresentou dois subsídios produzidos pela comissão a pedido da Conferência: ‘Exorcismos: reflexões teológicas e orientações pastorais’ e ‘O Ensino de Filosofia na Formação Presbiteral’.
 
“O estudo da filosofia é importante para o currículo e formação do sacerdote. Esse subsídio apresenta uma reflexão sobre o ensino da Filosofia na formação presbiteral, sobre sua importância e articulação no contexto dos estudos do futuro padre”.

Sobre a temática do exorcismo, Dom Pedro comentou que a publicação atende à solicitação de alguns bispos que apresentaram a necessidade de ter orientações pastorais sobre essa temática.
 
“O subsídio auxiliará na reflexão e discernimento sobre tantas questões presentes na vida das nossas comunidades como bênçãos, missas de cura, pedidos de oração para libertação e até mesmo exorcismo”, completou.
 
O bispo disse  que o subsídio, lançado pela CNBB, recorda aspectos fundamentais da fé cristã sobre o influência do maligno no mundo e sobre os exorcismos.
 
CNBB debate sobre  momento atual do Brasil 
 
Na continuidade dos trabalhos da 55ª Assembleia da CNBB, os bispos iniciaram esta semana com reflexões sobre o atual momento vivido pela população brasileira. 
 
Situação atual do Brasil
 
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, bispo auxiliar de Belo Horizonte afirmou que os bispos, como conferência, estão elaborando uma reflexão sobre o momento atual do Brasil para apresentar à população brasileira.
 “A Igreja deve se posicionar diante da realidade vivida agora ou não?”, questionou o bispo. “Esta questão nos ajuda entender o papel da Igreja no mundo”.
 
Citando as palavras do Papa Paulo VI, Dom Joaquim Mol afirmou que a Igreja é serva da humanidade. “Portanto tudo aquilo que diz respeito ao bem da humanidade, diz respeito à Igreja (…) A Igreja deve sim, com o desejo de servir à humanidade, à luz do Evangelho, dizer uma palavra diante do que vive a humanidade”, afirmou.
 
Dom Joaquim Mol ainda falou que a sociedade brasileira vive um momento de perplexidade: “Estamos diante de uma situação de enorme gravidade. A gravidade se dá, não tanto pelo desconhecimento da ética, mas muito mais pelo desprezo da ética”.
 
Segundo ele, a democracia não é apenas representativa. “Nós temos a obrigação de acompanhar, questionar e ajudar essas pessoas a exercer sua função, inclusive ajudando a tomar as decisões corretas”.
 
O bispo citou como exemplo a Reforma da Previdência. “A Reforma da Previdência é necessária, mas é desta forma que ela deve ser feita? O eleitor pode colaborar com o agente político a definir o que é melhor”.
 
“Nós entendemos que o caminho do diálogo até a exaustão é fundamental para que o país possa se entender e criar condições de desenvolvimento para todos”.
 
Caminho ecumênico 
 
Dom Francisco Biasin, bispo referencial para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, pontuou que “Esse ano tem uma forte densidade ecumênica por conta da comemoração dos 500 anos da Reforma Luterana acontecida em 1517. (…) Se por vários séculos devido a vicissitudes históricas muito complexas entre a Igreja Católica e o mundo da reforma, houve atitudes de distanciamento, de desamor, atualmente graças ao clima do Concílio Vaticano II estamos passando do conflito à comunhão”, afirmou.
 
O bispo citou os exemplos do Papa Francisco que mostram a preocupação do Santo Padre com o verdadeiro sentido do ecumenismo.
 
Dom Francesco Biasin recordou que em 31 de outubro de 2016, o Papa Francisco esteve em Lund, na Suécia, exatamente no mesmo dia em que Lutero afixou suas 95 teses na Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, em 1517.
 
“O Papa junto com lideranças luteranas do mundo inteiro pode comemorar o início da reforma. Tendo mudado o clima entre as Igrejas a partir do Concílio Vaticano II, no ano passado nós celebramos os 50 anos da retomada dos diálogos fraternos entre as várias igrejas”.
 
Dom Francesco Biasin recordou que para o Papa, o ecumenismo tem no martírio uma grande força entre todas as Igrejas.
 
“O ecumenismo não é uma realidade estática, se faz caminhando. Os irmãos de outras igrejas são companheiros de caminhada e é assim que conseguimos caminhar rumo a unidade”, completou.
 
Ministros da palavra
 
Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), afirmou que a assembleia tem discutido e será apresentado um documento sobre os Ministros da Palavra.
 
“É preciso investir mais para que esta Palavra alcance mais os filhos da Igreja. Na realidade da Igreja no Brasil, onde 70% das comunidades não tem um ministro ordenado para presidir a Eucaristia, Cristo se torna presente de uma maneira forte em sua palavra. Quando a Igreja anuncia a Palavra é Cristo que continua anunciando aos homens e mulheres do nosso tempo. Eis a necessidade. Nós como Igreja Católica, invistamos mais na pregação por parte de leigos e leigas. “Que preparemos mais Ministros da Palavra para que possam fecundar com a Palavra de Deus as nossas comunidades, realidade a ser potencializada".
 
 

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