A iluminação renovada abrilhantou a entrega da fachada da Catedral Metropolitana aos fiéis na cerimônia comandada pela Arquidiocese de Belém no dia 24 de setembro, com Missa Solene, às 19h, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom JulioEndiAkamine. A luz realçou ainda mais a nova fachada da Igreja Mãe totalmente revitalizada, após 98 dias de intenso trabalho resultante da doação voluntária do Povo de Deus.
A entrega das obras de revitalização na Catedral contaram com a emoção animada pelo canto em homenagem à Virgem Maria, pelo badalar dos sinos e a iluminação da noite em torno da igreja pelos fogos de artifício que saudaram o novo tempo para a histórica sede da Igreja de Belém, localizada no bairro da Cidade Velha.
Inspirada por um paroquiano, o engenheiro André Tavares, a obra tornou-se realidade após a apresentação do projeto para o Cura da Sé Catedral, Monsenhor Agostinho Cruz. Ressaltando também que a revitalização tratava-se de um sonho, um ideal em sua vida e vivência de sua fé na igreja, ele apresentou a proposta à Arquidiocese, obtendo a aprovação da mesma.
O serviço realizado na fachada consistiu na reparação do reboco, limpeza e pintura, assim como possibilitou a restauração de portas e janelas, também recuperou as cúpulas das torres, e ainda a manutenção dos sinos, concluindo-se com a implantação de nova iluminação na parte externa da igreja. Tudo ficou muito harmonioso na opinião da paroquiana Thaynara Santos.
“A restauração da Catedral vem restaurar a nossa fé, enquanto serviço da Igreja. A gente faz parte da igreja, meu filho é guarda, minha filha Marianinha, e a gente acaba renovando a nossa fé, renovando as nossas energias para continuar a caminhada com Deus.
Eu acho que é uma roupa nova, mas com a mesma fé. É uma fachada bonita que representa a nossa fé – que é bonita, o nosso engajamento com a igreja, o nosso amor, o nosso encontro com Deus. Ela traz tudo o que está lá dentro ainda, de verdade, que não foi modificado, que está preservado. Ela está sendo restaurada, externamente, mas por dentro mantém toda essa fé aqui, essa união com Deus”.
Cura da Sé, Monsenhor agradeceu aos benfeitores da revitalização, explicando que a obra realizada “representa a continuidade de um projeto e de um processo de evangelização em mais de três séculos como Catedral Metropolitana de Belém”. A Sé sustenta a tradição da fé em Belém até por muito mais do que esses 300 anos, conforme esclarece Mons. Agostinho. “É uma igreja instituída há muito mais tempo, são mais de 400 anos como paróquia, mas como Catedral tem 300 anos”.
As obras reforçam o zelo, o cuidado também da Arquidiocese com sua própria trajetória, ressalta Mons. Agostinho. “A manutenção, não só do patrimônio histórico, mas do patrimônio da fé do povo paraense é relevante porque assim como outras gerações já se abrigaram na estrutura espiritual da Catedral, as novas gerações precisarão também desse patrimônio ainda”.
Zelo e sinal de Deus
A solenidade da inauguração foi presidida por Dom Julio. Na ocasião, o Arcebispo de Belém observou que o zelo com as coisas de Deus requer cuidado, especialmente, com sinais sagrados como é uma igreja.
“A restauração e a pintura externa da Catedral de Belém são um trabalho de conservação necessário por conta do tempo, que acaba por desgastar também os materiais, e também a própria fachada, as paredes. Então trata-se de um cuidado que a gente tem que ter para com a Casa de Deus, o templo, assim como a gente cuida bem da nossa casa, assim como a gente tem zelo pelas nossas coisas, muito mais cuidado e zelo temos para com as coisas de Deus, não se trata de luxo, mas da necessária conservação de um bem que não é só dos católicos, é um bem também para todos os belenenses e paraenses, e também para a Igreja”.
Serviço e obra material, sim, observou também Dom Julio, porém, sinal de respeito e valorização com outros aspectos complementares da evangelização é o que representa a restauração da Catedral na observação do Arcebispo. “Tudo na Igreja segue essa dinâmica. A gente sempre é convidado a passar do sinal para a realidade. O sinal é sempre um sinal concreto, podemos dizer até material, que nos aponta para o mistério inefável de Deus”.
As peças e complementos sacros emprestam significado que reforça a fé dos fiéis pela representação de um sinal que leva quem vai a um lugar sagrado a meditar mais serenamente nas suas reflexões espirituais, pontua Dom Julio. “Essas coisas materiais contribuem para que possamos, com seu auxílio, observar o mistério da presença de Deus. Então as imagens, as pinturas, a arte sacra, o canto sacro e também a igreja, o templo, a construção de pedra é um sinal que nos aponta para o mistério. Por isso que nós temos também tanto cuidado para com estas coisas. Sabemos que são realidades concretas, materiais, mas que são sinal que nos apontam para o transcendente, para a presença de Deus. Assim, tudo na igreja nos convida. A dinâmica da liturgia e também da arte sacra é sempre esta: da gente passar do sinal para o mistério de Deus”.
Agradecimentos à comunidade
A comunidade foi envolvida na revitalização mais pela intercessão e pela oração, pois todo o projeto foi um presente para a Catedral, explica Mons. Agostinho, manifestando a todos profundo agradecimento.
“Recebemos uma doação da iniciativa privada, a paróquia em si não gastou um centavo, a não ser as orações. Toda as Missas pedíamos que os fiéis rezassem, todos os dias pedíamos que colocassem nas suas orações os benfeitores, os doadores. Então foi dessa maneira que a comunidade paroquial se envolveu, da mesma forma que vai ser hoje também apresentada na Santa Missa essa participação como gratidão”.
Monsenhor Agostinho recordou que a dedicação é fundamental “quando fazemos as coisas para Deus” e agradeceu a todos que se empenharam pela restauração.
“Santo Agostinho fala que não basta fazer coisas boas, tem que fazê-las bem feitas. Então, a nossa gratidão. E o saudoso Papa Francisco falava da gratidão como uma flor que floresce nas almas generosas, nas almas bondosas, nas almas nobres. Por isso todos esses benfeitores que eu não conheço pessoalmente – vou conhecê-los hoje à noite (na Missa) – a gente manifesta a nossa gratidão por toda a sua generosidade, por todo o sacrifício, todo o empenho, não só àqueles que financiaram, mas àqueles que também que labutaram, que trabalharam nesses intensamente, então a todos eles, a nossa profunda gratidão”.
Fotos: Luiz Estumano / Rede Nazaré