Por Pe. Helio Fronczak
A frase que nos interpela, “Quando a dor do outro não te afeta, quem precisa de ajuda é você!”, é um convite urgente à autoanálise. Ela nos tira da confortável posição de meros observadores e nos confronta com uma verdade inegável: somos seres interdependentes, tecidos na mesma trama da existência humana.
Do ponto de vista filosófico, a empatia não é apenas uma virtude, mas um pilar da nossa humanidade. Ignorar o sofrimento alheio é, de certa forma, negligenciar uma parte de nós mesmos, é fechar-se à dimensão mais rica da convivência. A indiferença, como nos alertam pensadores e santos, pode ser uma das mais perigosas “doenças da alma”, capaz de corroer os laços que nos unem.
Como cristãos, a ressonância é ainda mais profunda. Jesus nos ensinou que o amor ao próximo é o segundo maior mandamento, inseparável do amor a Deus. Ele se identificou com os que sofrem: “tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber…” (Mt 25,35). A compaixão não é uma opção, mas uma exigência evangélica. Se a dor do irmão não nos atinge, talvez seja porque nosso próprio coração esteja endurecido, precisando de abertura e da graça divina.
No cotidiano, isso significa estar atento. Significa não desviar o olhar do morador de rua, do vizinho que perdeu um ente querido, do colega que enfrenta dificuldades. Significa ouvir mais, julgar menos e estender a mão, mesmo que seja apenas com uma palavra de conforto ou um gesto simples de solidariedade.
É ao nos importarmos com o outro que verdadeiramente nos encontramos, nos humanizamos e nos aproximamos do projeto de Deus para nós. A dor alheia não é um fardo a evitar, mas um chamado à nossa própria salvação e ao florescimento de uma sociedade mais justa e fraterna. Ajudar o próximo é o caminho mais eficiente para curar a nós mesmos.