A espiritualidade da Alegria do Evangelho

Dom Paulo Andreolli, SX – Bispo Auxiliar de Belém

Meus queridos leitores, desejo um bom domingo para cada um de vocês e agradeço pela leitura semanal deste artigo, porque vejo nesta comunicação periódica uma forma de nos mantermos em unidade.

Neste terceiro Domingo do Advento a Igreja convida a todos nós a experimentar uma alegria profunda, serena e cheia de esperança. Por isso, a liturgia usa hoje a cor rósea, sinalizando que: o Natal está próximo, a luz já desponta no horizonte, o Senhor não tardará. Como nos diz São Tiago na Segunda Leitura: “Ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5,8).

Essa alegria não é superficial. Ela nasce da certeza de que Deus intervém na história para nos salvar. O profeta Isaías anuncia isso com imagens belíssimas: o deserto que floresce, os fracos que recuperam forças, os olhos dos cegos que se abrem, os ouvidos dos surdos que se desobstruem. Tudo isso aponta para a ação restauradora de Deus.

Mas surge uma pergunta essencial: qual Messias esperamos? Essa pergunta também inquietava o então prisioneiro João Batista, que envia discípulos a Jesus. E a resposta do Evangelho é clara: o Messias esperado é Aquele que realiza exatamente as obras anunciadas por Isaías. Jesus é o cumprimento das promessas de Deus. Ele não atua com espetáculos, mas com misericórdia; não com poder humano, mas com a força silenciosa que transforma vidas. É o Cristo que cura, levanta, anima, chama à conversão e abre caminhos novos.

E aqui, meus irmãos e minhas irmãs, entra nossa responsabilidade missionária. Se o Senhor está próximo, se Ele veio para restaurar a vida humana, então Sua Igreja deve tornar visível essa presença. Evangelizar é dever de todos nós, como recorda, constantemente, o Papa Francisco. “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EvangeliiGaudium2013, 1).Quem encontra Cristo, torna-se missionário da esperança. Não podemos guardar essa graça apenas para nós.

Por isso, hoje realizamos em toda a Igreja do Brasil, a Coleta Nacional da Campanha para a Evangelização, que ajuda a sustentar projetos, formações, iniciativas pastorais e missionárias em todas as dioceses. Evangelizar não é apenas uma missão espiritual, mas também um gesto concreto. Sua contribuição, movida pela fé, torna-se instrumento para que muitos outros encontrem Cristo que salva, consola e renova.

No espírito deste Domingo da Alegria, convido cada leitor a abrir-se à presença de Deus que chega. O Advento é tempo de fortalecer o coração, de reacender a esperança, de permitir que a fé renove nossos passos. Em um mundo marcado por medos, conflitos e incertezas, somos chamados a ser sinais de luz. Acreditamos que “ninguém se salva sozinho”, por isso caminhamos juntos, sustentados pela força do Evangelho.

Que este tempo sagrado nos ajude a olhar com novos olhos para nossas famílias, para o próximo, especialmente os mais frágeis. Que a solidariedade vença a indiferença. Que a caridade supere todo desânimo. Que a fé nos faça servidores da paz.

E acrescento: neste momento em que nossa sociedade enfrenta tantas tensões e desafios, é ainda mais necessário que cultivemos a espiritualidade da proximidade. A vinda do Senhor não é ameaça, mas promessa. Ele vem para restaurar o que estava perdido, para abrir horizontes novos, para reconciliar. Que cada gesto nosso – por menor que seja – anuncie essa boa notícia. Que nossas comunidades sejam, cada vez mais, casas de acolhida, de misericórdia e de missão.

Que Maria Santíssima, Mãe da Alegria e Estrela do Advento, nos conduza a Jesus que vem. Caminhemos, pois, firmes, confiantes e felizes: o Senhor está perto!

Concluo com o trecho final da EvangeliiGaudium (2013, 288): “Vós, Virgem da escuta e da contemplação, Mãe do amor, esposa das núpcias eternas, intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo, para que ela nunca se feche nem se detenha na sua paixão por instaurar o Reino. Estrela da nova evangelização, ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz!”.

Compartilhe essa Notícia

Leia também