Dom Paulo Andreolli, SX – Bispo Auxiliar de Belém
Caríssimos leitores, hoje iniciamos mais um tempo litúrgico da Igreja: o Advento, tempo que antecede o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. A esse respeito, Padre Adroaldo Palaoro afirma: “O Advento é tempo de espera, de preparação e de chegada. Tempo forte, carregado de sentido, que nos faz ter acesso àquilo que é mais humano em nós: o sentido da esperança, a travessia, o encontro com o novo…, tempo que nos arranca de nossas rotinas e modos fechados de viver”.
Pensemos nestas palavras que nos levam a viver um tempo de espera de forma dinâmica, ou seja, esperar sem se acomodar. É uma espera que nos põe em movimento, parece paradoxo, mas, no que diz respeito à vinda do Senhor, é necessário que estejamos em prontidão!
O Advento começa como quem acende a primeira luz depois de muito tempo na escuridão. A liturgia deste Domingo nos convida a acordar, a abrir os olhos e perceber que algo novo está chegando. Não é apenas a proximidade do Natal, mas a possibilidade de renovarmos a nossa vida.
As leituras do período do Advento demonstram o que é próprio desta época, isto é, aquilo que o título deste artigo já sinaliza: despertar, vigiar, esperançar… Na leitura principal da liturgia deste Domingo: o Evangelho, Jesus admoesta os discípulos a ficarem atentos, pois ninguém sabe o momento em que acontecerá o fim dos tempos e a realização plena do Reino de Deus, por isso, é preciso estar preparados, atentos, despertos, vigilantes: “Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá” (Mt 24, 44). Ficar vigilantes, não significa de forma alguma viver paranoicos, amargurados, ou ainda demasiadamente preocupados.
Estar atentos é, antes de tudo, viver o tempo presente de forma sóbria e perspicaz; alimentando a Fé e a Esperança na vinda definitiva do Reino de Deus que já começa aqui na terra. E essa esperança não é estática, ou meramente utópica, é uma esperança que leva à constância, portanto a “esperançar”; a ter uma esperança carregada de atitudes e ações, de quem não fica esperando alcançar a salvação de braços cruzados, mas que coopera para que ela aconteça. Isso é percebido na Segunda Leitura, na qual o apóstolo Paulo afirma: “agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). Imagine para nós que estamos no mundo atual? A salvação continua perto de nós, porém precisamos estar despertos e atentos para verdadeiramente alcançá-la!
Noutras palavras, a liturgia fala, através do profeta Isaías, de um tempo em que todos caminharão para a luz de Deus. É uma imagem de esperança num mundo marcado por conflitos e pressões diárias. Essa luz é um convite: caminhar para o bem, escolher a paz, deixar para trás o que não constrói.
São Paulo reforça esse chamado dizendo que “já é hora de despertar”. Muitas vezes vivemos no automático, presos a preocupações ou hábitos que nos afastam do essencial. Advento é um tempo de despertar a consciência e o coração. Não se trata de grandes promessas, mas de pequenos gestos que vão abrindo espaço para Deus no cotidiano.
No Evangelho, Jesus alerta: a vida passa depressa e nem sempre percebemos os sinais do amor de Deus ao nosso redor. Por isso, Ele nos pede vigilância – não uma vigilância de medo, mas de atenção. Estar vigilante é viver de modo presente, com sensibilidade para o que importa: acolher, perdoar, escutar, cuidar.
Jesus, o Deus-Menino, que celebraremos no Natal, quer iluminar nossas vidas e toda nossa história. Que este tempo de preparação, que é o Advento, possa ser vivido por nós com os verbos: despertar, vigiar e esperançar, para que na conclusão dos tempos, alcancemos a Salvação tão almejada!
Caros leitores, para concluir, deixou ainda esta última reflexão de que o Advento começa com um convite muito simples: olhar a vida com mais luz. Deixar que Deus nos encontre onde estamos e permitir que, aos poucos, Ele transforme o nosso caminho. Que esta primeira semana seja um tempo de abrir janelas, respirar fundo e recomeçar com esperança.
Deixo ecoar a letra desta canção: “Uma vela se acende no caminho a iluminar. Preparemos nossa casa é Jesus quem vai chegar. No Advento a Tua vinda nós queremos preparar. Vem, Senhor, que é teu Natal, vem nascer em nosso lar”




