Empatia: colocar-se no lugar do outro

Por Padre Helio Fronczack

 A cena de uma criança completamente absorvida em seu animalzinho de estimação evoca uma simplicidade tocante, mas é a legenda que a acompanha que nos chama a atenção: “Empatia não é ter dó do outro; é colocar-se no lugar dele”. Essa afirmação desvela a verdadeira natureza de uma das qualidades humanas mais sublimes e, por vezes, mal compreendidas. Ela nos convida a transcender a piedade superficial e a abraçar uma conexão genuína.

Em um cenário global onde a polarização e o individualismo parecem ganhar terreno, a capacidade de exercitar a empatia surge como um farol de esperança. Não se trata de uma emoção passiva, de meramente sentir pena da condição alheia, um sentimento que, embora bem-intencionado, pode criar uma barreira entre “nós” e “eles”. A empatia verdadeira exige um esforço ativo: o de “calçar os sapatos” do outro, de suspender nossos próprios juízos e tentar compreender as experiências, os medos, as alegrias e os desafios a partir da perspectiva única de quem os vive.

Para a nossa vida cotidiana, essa distinção é fundamental e, profundamente, transformadora. Ela nos ensina que a ajuda mais eficaz, a escuta mais atenta e o suporte mais significativo nascem de uma compreensão íntima, não de uma caridade distante. Ao cultivarmos a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, somos capazes de dissolver mal-entendidos, mediar conflitos com mais sabedoria e construir laços interpessoais muito mais autênticos e resilientes. A empatia ilumina a complexidade da condição humana, nutrindo a compaixão e mitigando o julgamento precipitado.

Seja no ambiente familiar, profissional ou eclesial, a prática da empatia é um catalisador para a criação de espaços mais acolhedores, colaborativos e respeitosos. Ela nos impulsiona a ouvir de verdade, a validar as emoções alheias e a reconhecer a dignidade intrínseca de cada ser humano. Ao integrar essa postura em nossas vidas, contribuímos ativamente para edificar uma sociedade mais justa, conectada e, em sua essência, mais humana, onde a compreensão mútua se sobrepõe à indiferença e à divisão. A empatia, portanto, não é um luxo emocional, mas uma habilidade vital para a harmonia e o florescimento de todas as nossas relações.

Compartilhe essa Notícia

Leia também