Maria no Antigo Testamento – 2

Por Monsenhor Ronaldo Menezes – Vice-Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação

Concluí o artigo da semana passada identificando a mulher do Gênesis com a Mãe do Messias, a Virgem Maria. E hoje quero falar, rapidamente, dos outros dois textos que a Igreja considera marianos: Isaías 7,14 e Miquéias 5,1. Vou prescindir da parte histórica; não estamos fazendo nenhum estudo exegético. O texto de Isaías é famoso e, para nós, importantíssimo porque, a um certo momento da profecia, diz o profeta ao rei Acaz: “Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal: Eis que a virgem está grávida e dará à luz um filho e dar-lhe-á o nome de Emanuel”. Na genealogia de Jesus, São Mateus dá por cumprida esta profecia, dizendo: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel” (Mt 1,22-23).

O sentido da profecia é messiânico, isto é, refere-se à vinda do Messias. O Emanuel é o Messias. Por referir-se ao Messias, a profecia também é aplicada à Mãe do Messias, que o concebeu virginalmente. Não desconheço que alguns estudiosos fazem leitura literal do texto sagrado, considerando apenas a história. Todavia, o sentido pleno da Escritura não deixa dúvida de que a “donzela”, a “virgem” não poderá ser outra senão a Mãe de Jesus, a jovem virgem de Nazaré à qual Deus mandou o seu Anjo para o grande e mais importante anúncio de todos os tempos: a vinda do seu Filho Unigênito ao nosso mundo. São João afirma que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).

O terceiro texto é o do profeta Miquéias, que anuncia o futuro reino do Senhor, o domínio de Deus, quando o todo-poderoso reunirá todo o seu rebanho disperso, derrotando todos os inimigos. Lemos esta profecia no capítulo quarto do livro de Miquéias. No início do capítulo quinto, encontramos a famosa passagem transcrita por São Mateus no relato da visita dos magos a Jerusalém na sua busca pelo rei dos judeus nascido; ao rei Herodes, os magos perguntam: “Onde está o rei dos judeus nascido?” O rei pergunta aos chefes dos sacerdotes e estes respondem: “Em Belém da Judeia, pois é isto que foi escrito pelo profeta: “E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és o menor entre os clãs de Judá, pois de ti sairá um chefe que apascentará Israel, o meu povo” (Mt 2,1-6 / Mq 5,1-2).

O texto de Miqueias é mais extenso, e eu vou transcrevê-lo: “E tu, Belém-Éfrata, pequena entre os clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que governará Israel. Suas origens são de tempos antigos, de dias imemoriáveis. Por isso ele os abandonará até o tempo em que a parturiente dará à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para os israelitas. Ele se erguerá e apascentará o rebanho pela força do Senhor, pela glória do nome de seu Deus. Eles se estabelecerão, pois então ele será grande até os confins da terra. E este será a Paz!” (Mq 5,1-4).

A similaridade entre o texto do profeta Isaías e este de Miqueias é exemplar e não deixa dúvida de que os dois se referem ao Messias; estas profecias, portanto, cumpriram-se com o nascimento de Jesus, em Belém de Judá. A identidade da “parturiente que dará à luz”, portanto, também é claríssima: a Mãe de Jesus, a virgem Maria, que deu à luz em Belém. Assim, as profecias antigas referentes à vinda do Messias foram cumpridas. Maria é a Mãe do Messias, a jovem escolhida por Deus para colaborar ativamente com a obra do Messias a fim de cumprir os desígnios divinos de salvação. Deste modo, nossa devoção à Mãe do Salvador, nosso amor por ela, os atributos e títulos que recebeu dos fiéis e da Igreja ao longo dos séculos, tudo tem uma base e fundamentação bíblica, e nada do que recebeu dos filhos que a amam empana ou nega a adoração por Jesus, o Filho de Deus.

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