Dom Paulo Andreolli, SX – Bispo Auxiliar de Belém
Caríssimos leitores, na edição desta semana, queremos lembrar com alegria e compromisso o Dia Mundial das Missões, com o tema “Missionários da Esperança entre os povos”, escolhido pelo saudoso Papa Francisco em sintonia com este ano jubilar, e o lema “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). A Campanha Missionária de 2025 convida os fiéis a serem portadores da esperança que vem de Cristo em meio às realidades do mundo.
Neste Dia Mundial das Missões celebramos o 29º Domingo do Tempo Comum, em que a mensagem central é sobre a ORAÇÃO INCESSANTE,em meio a tempos decisivos e desafiantes. Na1ªLeitura (Ex 17,8-13) destaca-se a figura de Moisés, que diante de uma situação de grande conflito, teve que tomar atitude e confiar na ação de Deus – enquanto ele permanecia de braços erguidos, Israel vencia os Amalecitas, e quando cansava e baixava os braços, venciam os Amalecitas. O que significa então estar de mãos erguidas?
Para nós, cristãos, estar de mãos erguidas é confiar Naquele que é o motivo de nossa fé: Jesus de Nazaré, que mesmo diante da Cruz, confiou no Pai e foi por Ele exaltado. Estar de mãos erguidas é também sinal de humildade, isto é, reconhecer-se pequeno diante Daquele que vê e acolhe nossa pequenez.
Quando o desespero bate e a dor parece maior,indicando que estamos fadados ao fracasso,pela fé e esperança em Deus recobramos as forças e certamente venceremos as intempéries da vida. Afinal, como afirma o Salmo (Sl 120(121),1-2.3-4.5-6.7-8), é “do Senhor que nos vem o socorro”. E ainda: “O Senhor te guardará de todo mal, Ele mesmo vai cuidar da tua vida!”.
Na 2ª Leitura (2Tm 3,14-4,2), o apóstolo Paulo convida a comunidade a permanecer firme diante daquilo que foi aprendido e tomado como verdade: o conhecimento que vem de Deus e que se revelou de forma concreta na pessoa de Jesus Cristo, nosso Salvador. O apóstolo conclui: “proclama a palavra, insiste oportuna ou importunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda paciência e doutrina”.
O Evangelho (Lc 18,1-8) apresenta a parábola de um juiz perverso, que não respeitava a ninguém, e ao ser desafiado insistentemente por uma simples viúva, vê-se obrigado a atender o seu pedido, ou seja, fazer-lhe justiça. Na verdade, não é o juiz em si que está em relevo nessa história, mas, sim, a perseverança daquela viúva em buscar justiça,insistentemente.
Caros leitores, o que podemos tirar de lição desta narrativa? Será que somos constantes nas nossas ações, insistimos naquilo em que confiamos e acreditamos? Quando o Mestre Jesus conclui tal parábola, afirma: “Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18,8). Vê-se aqui o quanto o Divino Mestre conhece a fundo o ser humano, suas fraquezas e inconstâncias. Mas para os que abraçaram a sua missão,o Seu Projeto de Vida, não é possível permanecer no comodismo, há que se fazer a diferença, e como Moisés, erguer as mãos em atitude de confiança e de entrega a Deus, sendo fiel à Sua Palavra e, a exemplo da viúva, insistir e ser perseverante nos caminhos da paz e da justiça, pois o seguimento de Jesus requer coragem, ousadia, discernimento, constância, desprendimento, ação. Afinal, somos “Missionários da Esperança entre os povos” e a “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).
De fato, anunciar a Boa Nova de Jesus é missão de todos os batizados e batizadas. A missão acontece aquém e além fronteiras, como bem afirmava o Papa Francisco, “precisamos ser uma Igreja em saída e ir também às periferias existenciais”. Num mundo em que a vida e a paz são desafiadas, o missionário precisa ser presença de esperança, de constância e perseverança frente aos desafios que a realidade lhe impõe.
Para finalizar, quero lembrar as palavras do Papa Leão XIV para este Dia Mundial das Missões (2025): “Convido todas as paróquias católicas do mundo a participarem do Dia Mundial das Missões. Suas orações e ajuda ajudarão a espalhar o Evangelho, apoiar programas pastorais e catequéticos, construir novas igrejas e atender às necessidades de saúde e educação de nossos irmãos e irmãs nos territórios de missão”. Dessa forma, continuaremos levando adiante a Missão de Jesus que agora é também nossa!