Conversa com meu povo: A visita de Deus a seu povo

Foto: Divulgação.
 
O mês de fevereiro se inicia com acontecimentos marcantes na vida da Igreja. A Liturgia celebra no primeiro domingo a Apresentação de Jesus ao Templo, data em que também se comemora Nossa Senhora da Luz, ou outros títulos como Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora da Candelária, pois Maria trazia ao templo o seu Filho, Luz do Mundo acesa para a salvação de todos. O episódio da Apresentaçáo envolve figuras significativas, personagens que se tornam objeto de nossa atenção e meditação, como um quadro pintado por Deus, com detalhes decisivos para a aventura da fé.
 
Antigas profecias anunciavam a visita de Deus a seu Templo. Quarenta dias após o nascimento do Menino Jesus, e ainda caminhamos sob a luz do Natal, Maria e José conduzem aquela criança admirável a Jerusalém, cumprindo tais promessas. O Menino, criança tão simples e pequena, poderia passar desapercebido aos olhos de tantas pessoas. Entretanto, a Maria de tantas luzes, cuja resposta de fé tinha sido a participação humana em tão grande mistério, qual candelabro vivente, traz nos braços a luz do mundo. Seu espírito de fé a fez guardar todas as coisas, meditando-as em seu coração. Nela descobrimos que não existem fatos humanos vividos na fé sem alcance dentro do plano de Deus. Uma mãe nunca é pouca coisa, e mais valor ainda tem a que é a Mãe do Salvador.
 
Certamente com um bastão de viandante nas mãos, José carpinteiro conduziu seus dois tesouros ao Templo. Foram fazer a oferta dos pobres, cumprindo as normas da lei, grandes na obediência, quando a nova Lei estava em seus braços e de Maria. A obediência da fé o fez estar atento à voz de Deus, tantas vezes manifestada em sonhos, nos quais descobria o que lhe era próprio, na magnífica vocação recebida do alto. Nele resplandece um cotidiano silencioso e respeitoso, carregado de sentido, dentro do plano de Deus.
 
No Templo (Cf. Lc 2, 25-39), encontrava-se Simeão, homem piedoso e justo em cuja boca se encontra o sentido dos fatos vividos: tomou o Menino nos braços e louvou a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, segundo a tua promessa, podes deixar teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo”. E dele Maria recebe sua segunda anunciação: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”. A alegria e a dor estão próximas, fazem parte do mistério, que já revela a passagem contínua pela dor para chegar à alegria! A luz pascal já se vislumbrava!
 
No mesma cena, ainda uma figura feminina, uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. O gênio feminino, como chamou São João Paulo II, aqui se manifesta: fidelidade, perseverança, louvor, profecia.
 
E podemos retornar à simplicidade de José e Maria, que “ficavam admirados com aquilo que diziam do menino. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor, eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galiléia” (Lc 2,39). Cabia-lhes o amadurecimento na fé, coisa que a graça e o tempo se encarregaram de proporcionar. Voltando ao Menino, nós o vemos “crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40). Um jeito extraordinário de viver o cotidiano de uma família! Mesmo sendo Deus, cresceu como qualquer criança, aprendendo ao colo de Maria e com José. Anos depois, o filho do carpinteiro será também ele carpinteiro (Cf. Mc 6,3).
 
Mais tarde, o Menino, já crescido, quando se compadece da mãe viúva de um filho único que morrera, fazendo-o voltar a esta vida, a aclamação alegre da multidão proclama que “Deus veio visitar o seu povo” (Lc 7,16). Deus entra no templo, nas casas, nos corações, passa pelas estradas nas estradas e com ele vem a procissão da vida!
 
E neste mês nós nos alegramos com manifestações da visita de Deus a seu povo. Em nossa região, o Pará festeja nestes dias a criação de novas circunscrições eclesiásticas. No dia 1° de fevereiro, a Prelazia do Xingu – Altamira é elevada à condição de Diocese, e toma posse seu primeiro Bispo, Dom João Muniz Alves OFM. No dia 2 de fevereiro é instalada a nova Província Eclesiástica e Arquidiocese de Santarém, com a posse do primeiro Arcebispo, Dom Irineu Roman CSJ. Aos 9 de fevereiro, acontece a instalação da nova Prelazia do Alto Xingu – Tucumã, com a posse do primeiro Bispo Prelado, Dom Dom Frei Jesús María López Mauleón OAR. A atenção do Papa Francisco, com o olhar atento voltado para a Região Amazônica, atesta o zelo da Igreja pelo nosso povo, ampliando os horizontes de presença e serviço evangelizador. Em nome do Papa, vem para estar conosco o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello.
 
A Igreja chega para identificar a presença de Jesus, que vai à sua frente, na ação do Espírito Santo, para plantar as sementes do Verbo de Deus. A ela cabe fazer presente o Senhor na proclamação da Palavra, na Eucaristia e na constituição de Comunidades vivas, onde ele se encontra entre pessoas reunidas em seu nome. 
 
Asssim se constitui agora a nova configuração territorial dos Estados do Pará e Amapá, que compõem o Regional Norte II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A Província Eclesiástica de Belém, a mais antiga da Amazônia, com a Arquidiocese de Belém, oito Dioceses – Abaetetuba, Bragança do Pará, Cametá, Conceição do Araguaia, Castanhal, Macapá (AP), Marabá e Ponta de Pedras, mais uma Prelazia, Marajó. A nova Província Eclesiástica de Santarém, com a Arquidiocese de Santarém, duas Dioceses – Óbidos e Xingu – Altamira e duas Prelazias – Itaituba e Alto Xingu – Tucumá.
 
Desejamos que todos, pastores, fiéis, religiosos e religiosas, pessoas consagradas a Deus, agentes de pastoral, Movimentos eclesiaise todo o povo sejamos presença viva do Senhor, que quer visitar e ficar presente em todos os rincões da Amazônia oriental. Por tudo demos graças a Deus!
 

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