Conversa com meu povo: Coragem!

 
Nosso país vive uma crise de proporções gigantescas, gerando apreensão em todo o povo brasileiro. Há poucos dias, o Brasil inteiro se prostrava diante de Jesus Sacramentado, pedindo as luzes necessárias. Naquela ocasião, assim dissemos ao Pai do Céu, em nome de Jesus: “Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Senhor, estamos indignados, diante de tanta corrupção e violência que espalham morte e insegurança. Pedimos perdão e conversão. Cremos no vosso amor misericordioso que nos ajuda a vencer as causas dos graves problemas do País: injustiça e desigualdade, ambição de poder e ganância, exploração e desprezo pela vida humana. Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil.”
 
 

   
 
 

Diante de tantas mazelas, aparecem muitas vozes e poucas soluções efetivas. O corpo político está altamente corrompido, em todos os seus níveis. É possível começar tudo do zero? Como realizar uma reforma política, quando seus possíveis atores estão comprometidos com a sucessão de erros que envolvem os governos recentes, sem distinção de colorido partidário? A tentação do dinheiro fácil nas mãos de quem confundiu o poder com a possibilidade de exploração dos mais pobres faz parte do elenco de causas dos problemas hoje enfrentados. No fundo, a crise de ordem ética e moral assola todo o tecido social. 
 
A falta de lideranças confiáveis faz com que a sociedade careça de pontos de referência. Ouvi recentemente a observação de um pai de adolescentes, quando manifestava sua angústia diante da impossibilidade de oferecer aos seus filhos uma sociedade mais decente, na qual possam construir o futuro. A educação se encontra, também ela, diante de um impasse para estabelecer seus currículos escolares nos diversos níveis. O argumento da educação que desejam chamar laica trouxe consigo um desastre monumental, inclusive porque atrás de tal palavra se pensa numa sociedade ateia. Os resultados já se fazem notar e se multiplicam, gerando verdadeiras hordas de pessoas desorientadas, perdidas num mundo sem rumo.
 
Só para acenar a dois problemas graves de nosso Estado, a violência tem multiplicado as vítimas de todas as idades e situações sociais, atingindo especialmente os mais pobres. A resposta policial mais violenta ainda, os grupos de extermínio, a escandalosa e injustificada morte de trabalhadores no sul do Pará, as milícias que se organizam vingativas, os grupos de poder nos presídios, tudo isso leva a interrogar-nos sobre os limites e as responsabilidades de governos e grupos sociais. E, na Grande Belém, estendem-se os meses sem uma solução razoável para a destinação do lixo. Nas duas frentes, é vergonhosa a omissão das autoridades, adiam-se as decisões, a população fica frustrada e revoltada. Faz-se necessário balançar a consciência das pessoas que podem fazer algo!
 
Entretanto, continuamos a buscar na Palavra de Deus as luzes que nos permitam continuar a caminhar. O mundo a ser evangelizado é este em que nos encontramos, com todos os seus problemas. Neste final de semana, o Evangelho a ser proclamado (Mt 10, 26-33) lança luzes preciosas, que podem ajudar-nos, pois o Senhor nos diz que “não há nada de oculto que não venha a ser revelado, e nada de escondido que não venha a ser conhecido. O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!” (Mt 10, 26-27). É bom saber que o pequeno grupo dos discípulos de Jesus se sentia pequeno, pobre e limitado para enfrentar os problemas. No entanto, de lá para cá passaram os governos e sistemas políticos e as portas do inferno não prevaleceram contra as forças do Reino de Deus e sua Igreja.
 
“Não tenhais medo!” Expressão forte, repetida três vezes! “Não tenhais medo dos homens”! Cada Palavra saída da boca de Deus passa pela prova do tempo, mas produz os seus frutos. O cristão há de construir um relacionamento adequado com todas as pessoas. O que faz vir à luz o que está escondido é a força da verdade que esta Palavra traz consigo, muito mais do que nossos gritos e protestos. 
 
“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas são incapazes de matar a alma! Pelo contrário, temei Aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!” (Mt 10, 28). O único diante do qual devemos o temor respeitoso é Deus. Mas Deus, mesmo depois da morte corporal, conserva a vida, por isso não precisamos temê-lo. Assim, será possível navegar pelas borrascas mais devastantes, pois os tesouros verdadeiros são guardados pelo próprio Deus. Gravemente temerário, isto sim, é não levar Deus em conta!

“Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. Não se vendem dois pardais por uma moedinha? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados” (Mt 10, 29-31). Se Deus se desdobra com atenção sobre um passarinho, quanto mais não fará conosco!  Deus é a nosso favor e não contra nós. E, se ele muitas vezes faz silêncio, é porque seu olhar é mais amplo, ele enxerga lá longe! De nossa parte, cuidar do pouco e do pequeno que está ao nosso alcance, acreditando que é assim que se constrói a grandeza do Reino de Deus, mesmo que nossas decisões ou nossos passos pareçam limitados diante dos grandes desafios.
 
A Igreja tem a coragem necessária para anunciar a Boa Nova do Evangelho na hora presente, com a certeza da força que vem da Palavra de Jesus: “todo aquele, pois, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10, 32).

 
 

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