Com frequência nos deparamos com situações conflitivas e tocamos nas bordas do impossível, mesmo com todos os recursos oferecidos pela ciência e pela técnica. De um lado, aprendemos muito quando levados a acolher os próprios limites. Nem sempre temos soluções para tudo e nem por isso somos fadados à infelicidade. Mas as interrogações são mais profundas quando tocam no sentido da vida. E aqui entram os jovens, rapazes e moças, cujas escolhas definem o futuro de suas vidas. Só no encontro pessoal com Jesus Cristo homem, profeta, Messias, Filho de Deus, Salvador, é que os olhos se abrirão para a luz da verdade. Não haja receio de apresentar a Jesus, sem medo, todos os nossos questionamentos. As soluções para o impossível não serão mágicas, mas profundamente humanas e magnificamente divinas!
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O Senhor Jesus se encontra com surdos-mudos, coxos, aleijados de todo tipo, epiléticos, endemoninhados. Chegam-lhe perguntas provocantes a respeito do cumprimento da lei antiga ou sobre a importância dos mandamentos. Ele é questionado sobre a observância do sábado, dia sagrado para os judeus, ou sobre os lugares de culto e as práticas religiosas correntes entre eles. Os anos de sua vida pública, no anúncio da Boa Nova, foram um verdadeiro tiroteio de questões práticas a serem resolvidas e situações desafiadoras que clamavam pelo Salvador!
A Igreja nos oferece, a esta altura da Quaresma, a experiência de um jovem, cego de nascença. Sim, jovem, porque o Evangelho fala de seus pais: “Este é o nosso filho e nasceu cego. Como está enxergando, isso não sabemos” (Jo 9, 20). Vamos ao encontro de nossa juventude, desejando que a saliva de Jesus gere o barro da nova criação, para limpar os olhos de todos os jovens e ajudá-los a enxergar novas possibilidades de realização de suas vidas, na vocação ao matrimônio, ao celibato, à vida religiosa e ao sacerdócio, todas elas vocações a serem vividas dentro da perspectiva da virtude da castidade, caminho excelente para todos, a ser vivido de acordo com a característica própria do seu estado de vida. Sabemos que a proposta de uma vida casta parece impossível. Já no tempo de Jesus a compreensão das coisas era complicada, até para os discípulos!
Vejamos o que aconteceu, quando o assunto do adultério veio à tona: “Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e, para experimentá-lo, perguntaram: ‘É permitido ao homem despedir sua mulher por qualquer motivo?’ Ele respondeu: ‘Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e disse: Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne? De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe’. Perguntaram: ‘Como então Moisés mandou dar atestado de divórcio e despedir a mulher?’ Jesus respondeu: ‘Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o princípio. Ora, eu vos digo: quem despede sua mulher – fora o caso de união ilícita – e se casa com outra, comete adultério. Os discípulos disseram-lhe: ‘Se a situação do homem com a mulher é assim, é melhor não casar-se’. Ele respondeu: ‘Nem todos são capazes de entender isso, mas só aqueles a quem é concedido. De fato, existem eunucos que nasceram assim do ventre materno; outros foram feitos eunucos por mão humana; outros ainda, tornaram-se eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem puder entender, entenda’” (Mt 19, 3-12). Para todos os que se consagram a Deus na castidade e na virgindade, para rapazes e moças que têm a vocação ao Matrimônio, para os jovens chamados ao Sacerdócio, assim como para as pessoas casadas, vale a proposta da Castidade. “Quem puder entender, entenda!”
O jovem cego “nasceu de novo”. A partir dele, propomos uma nova visão das escolhas humanas. Sem excluir outros aspectos, aqui estão algumas indicações destinadas à maturidade afetiva, na capacidade de amar e ser amados, que Deus deseja para todos, especialmente para nossos jovens. De fato, hoje se fala tanto de maturidade humana como um estilo de vida, um modo de ser que faz o homem capaz de cumprir com serenidade e com satisfação a própria missão, sem perder o equilíbrio diante de dificuldades, mesmo graves, que se encontram no decorrer da vida. O ser humano possui uma personalidade harmoniosa na medida em que sabe viver pelos outros e com os outros. Também no campo da sexualidade, toda pessoa – prescindindo da sua vocação específica – deve procurar alcançar esta maturidade, se é que deseja uma vida equilibrada na relação consigo e com os outros.
É fácil notar o comportamento instintivo de uma criança que toca os objetos que encontra e os leva espontaneamente à boca. Quando não consegue fazê-lo, lamenta-se e faz toda sorte de manhas. Através de uma obra educativa paciente e progressiva, terá que aprender a reconhecer a existência de outras pessoas iguais a ela e a partilhar com elas os seus brinquedos. Sem esta educação ao amor para com o outro, a criança, quando chega à adolescência, fechar-se-á sempre mais em si mesma para deleitar-se das suas belas qualidades, no narcisismo, ou para lamentar-se das suas carências. No campo sexual, poderá fixar-se no autoerotismo. A este propósito, sendo o caminho da formação humana e cristã um caminho progressivo, não há de se espantar se na adolescência esta prática se manifestar. Sejam as pessoas ajudadas a conquistar o completo autodomínio sobre os próprios instintos.
O adolescente que desde criança aprendeu esse caminho no amor, acha-se em condições para descobrir e entender o verdadeiro sentido da sexualidade humana em todos os seus aspectos, inclusive a genitalidade, a descoberta da função dos dois sexos, vistos segundo o plano inscrito por Deus na natureza e, iluminado ainda mais pela fé, preparar-se de modo digno para o futuro que o espera. Se, pelo contrário, vem a faltar esta visão sadia da sexualidade humana, o jovem corre sérios riscos de viver de modo egoísta sua afetividade. É cegueira!
Não basta porém ter a orientação correta da sexualidade e deixar de lado todo tipo de narcisismo, voltar-se de alguma maneira para o outro sexo, para considerar-se pessoas maduras neste campo. Ninguém tem o direito de ir até o outro para impor qualquer coisa que seja, nem utilizar afetiva e sexualmente a outra pessoa, como uma esponja que absorve tudo para seu próprio prazer. Sugar e desfrutar uma outra pessoa só leva à infelicidade. Não é amor a busca de si, mas a doação de si. Faz-se necessário adquirir o sentido da oblatividade, do serviço e da doação.
É necessário colocar Deus em primeiro lugar e, por causa dele, com um coração pronto para amar, viver a afetividade e a sexualidade e todas as outras dimensões da vida cristã. O cristão “se vestiu de Cristo” (Gl 3, 27), fonte e modelo da vida nova a que somos chamados. Nele nascemos de novo e somos recriados! Nele, em sua saliva misturada na terra, o mundo começa de novo, para todos nós!
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