Conversa com meu povo: O tempo da Igreja

Foto: Divulgação.
 

“Jesus foi elevado, à vista deles, e uma nuvem o retirou dos seus olhos. Continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apresentaram-se a eles então dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que, do meio de vós, foi elevado ao céu, virá assim, do mesmo modo como o vistes partir para o céu’” (At 1,9-11). Na narrativa de São Marcos, assim está escrito: “Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Então, os discípulos foram anunciar a Boa Nova por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra pelos sinais que a acompanhavam” (Mc 16,19-20).


Compromisso assumido! O mesmo Jesus vai manifestar-se como foi visto partir para o céu, mas permanece misteriosamente conosco: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Inaugurou-se então um novo tempo, o Tempo do Espírito, entre a efusão do mesmo Espírito, que celebraremos dentro de poucos dias no Pentecostes, e a vinda gloriosa do Senhor. Este é também o Tempo da Igreja, no qual a visibilidade das ações do Senhor é entregue à nossa responsabilidade. De formas diversas, o Senhor continua presente e até aqui o Senhor nos ajudou, dando-nos a certeza de que o fará sempre. Com esta disposição, continuamos clamando “Vem, Senhor Jesus!”


Quais são as tarefas confiadas à Igreja, enquanto esperamos a vinda do Senhor? Cabe-nos olhar para a frente e para o alto (Cf. Cl 3,1), pois quem fica parado já está regredindo. Seremos diante do mundo homens e mulheres da esperança, na certeza do sentido da existência pessoal e da história, plantando esta força em todos os ambientes em que nos encontrarmos. Cabe-nos superar e ajudar a superar o desânimo e o esmorecimento. E o tempo em que vivemos lança à Igreja o desafio significativo que são as cidades, a pastoral e a mentalidade urbana, que envolvem não só os que habitam a cidade, mas também as pessoas que bebem da mesma mentalidade, levando em conta a circulação de ideias e costumes, cujos limites se ampliaram e provocam os cristãos a darem uma resposta, e esta é a Evangelização, missão irrecusável da Igreja e dos cristãos.


Avançando nesse processo, especialmente diante da cultura urbana, cada vez mais abrangente, cabe-nos fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo (Cf. São João Paulo II, Novo millenio ineunte 43). As novas Diretrizes da ação evangelizadora da Igreja no Brasil estão estruturadas a partir da imagem da comunidade cristã como “casa”, “construção de Deus” (1Cor 3,9). Em seu centro, como eixo, está a Comunidade Eclesial Missionária. A “casa” é sustentada por “quatro pilares”: Palavra, Pão, Caridade e Missão.


Para oferecer esta casa acolhedora aos homens e mulheres de nosso tempo, é fundamental que a Igreja aponte para a santidade e a busca da perfeição da caridade. Ela deverá ser um apelo constante a uma vida melhor, sem nivelar pelo rodapé da existência os ideais a serem oferecidos. Cada vez que uma pessoa experimentar a vida da Igreja deverá sentir-se convocada a ser santa! E os cristãos precisam estimular-se reciprocamente nesta aventura, contando também com o estímulo das gerações de santos e santas que são hoje oferecidos como exemplo. Podemos pensar no que significa a próxima canonização da Beata Irmã Dulce dos pobres, sinal luminoso para a nossa época!


O alimento da santidade na Igreja está na vida sacramental. Aqui resplandece de forma inequívoca a Eucaristia, “o tesouro mais precioso da Igreja. A Eucaristia é como o coração pulsante que dá vida a todo o corpo místico da Igreja: um organismo social totalmente baseado no vínculo espiritual mas concreto com Cristo. Como afirma o apóstolo Paulo: ‘Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão’ (1 Cor 10, 17). Sem a Eucaristia a Igreja simplesmente não existiria. De fato, é a Eucaristia que faz de uma comunidade humana um mistério de comunhão, capaz de levar Deus ao mundo e o mundo a Deus. O Espírito Santo, que transforma o pão e o vinho no Corpo e no Sangue de Cristo, transforma também quantos o recebem com fé em membros do corpo de Cristo, de modo que a Igreja é realmente sacramento de unidade dos homens com Deus e entre eles” (Bento XVI, Angelus do dia 26 de junho de 2011).


A ela se liga todo o edifício da vida espiritual e da oração, que a Igreja deve cultivar. Recolher-se em oração pessoal, fazer a leitura orante da Palavra de Deus, rezar em família! Uma vez se realizou no Brasil uma significativa campanha da oração do Rosário em família, cujo lema foi “A família que reza unida permanece unida”! Rezar na Comunidade e nos tantos grupos de oração, nas várias modalidades existentes! Posso pensar na grande quantidade de Grupos de Oração formados pela Renovação Carismática Católica ou outros tantos, inspirados por Movimentos e Carismas existentes na Igreja!


No tempo da Igreja que é o tempo de hoje, continuam os cristãos na missão de serem sal, luz e fermento, alimentados pela Palavra de Deus. Muitas vezes será silencioso este testemunho, outras pedirão a saída à vida pública, a parceria com homens e mulheres de boa vontade que aspiram os mesmos ideais de fraternidade e justiça dos cristãos. O que não é possível é a omissão! E aqui se encontra o compromisso de servir às causas dignas do Evangelho e o serviço a todos, especialmente os mais pobres e fragilizados da sociedade, na caridade!
Tempo fecundo e positivamente provocante, tempo da Igreja! Estamos prontos a responder “sim”!?

 

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