Foto: Divulgação. |
Nesta semana vivi a ação de graças a Deus pelo vigésimo nono aniversário de Ordenação Episcopal. Fui ordenado no dia 6 de julho de 1991, numa manhã da Festa de Santa Maria Goretti. De lá para cá, uma sucessão de dias e dias, repletos de manifestações da misericórdia de Deus. Estes anos comprovaram a palavra escolhida anteriormente, quando de minha ordenação sacerdotal, para expressar o que vivia naquele momento, ao ser ordenado padre ainda no ano de 1973, como irmão entre os irmãos: “A mim, o menor de todos, foi concedida esta graça: anunciar a todos o Evangelho das riquezas insondáveis de Cristo” (Ef 3,8).
Como “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pd 3,8), o tempo que vivemos levou-me a refletir sobre um texto da Carta aos Hebreus: “Animai-vos uns aos outros, dia após dia, enquanto ressoar esse ‘hoje’, para que nenhum de vós fique endurecido pela sedução do pecado – pois tornamo-nos parceiros de Cristo, contanto que mantenhamos firme até o fim a nossa constância inicial. Isto, enquanto se diz: ‘Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na rebelião” (Hb 3,13-14).
E o tempo que se chama “hoje” tem sido carregado de desafios e significados para todos nós. O inesperado veio até nós e fomos conduzidos a novas decisões e nova capacidade de ação. Desejo ir ao encontro de tantos irmãos e irmãs que se fizeram presentes na vida da Arquidiocese durante estes meses, desde os fatos novos suscitados pela situação sanitária atual, com uma quarentena que se prolongou e ainda ronda em torno de nós, com o apelo a todas as medidas de prudência e cuidado. Vivemos a Quaresma, a Semana Santa e o Tempo de Páscoa, Pentecostes, Corpus Christi, os Santos de junho! Em minha vida, quanta ação de graças pelos setenta anos completados, cercado que fui por tanta amizade, carinho e orações! Também recebi muita solidariedade por situações ligadas à saúde, agora superadas, graças a Deus.
Nosso propósito de construir juntos uma Igreja “de portas abertas” nos fez abrir portas de Igrejas Domésticas, desencadeou em todos nós o aprendizado de “novo ardor, novos métodos e novas expressões” para a Evangelização e a vida de Igreja. O Primeiro Sínodo Arquidiocesano de Belém, justamente com seu programa de ardor missionário, para que nossas cidades de se encham de alegria (Cf. At 8,8), teve suas datas transferidas para o próximo ano e a agenda pastoral da Arquidiocese está sendo reorganizada!
Todos estamos, de um lado, inseguros quanto à retomada das atividades da sociedade e a vida de Igreja, e de outro lado, corajosos e empenhados nos esforços de Evangelização, Vida Sacramental, Oração e Convivência Eclesial. Dom Antônio e eu experimentamos o privilégio de entrar na casa e nos corações de nosso povo, através da Missa diária, celebrada na Capela da Residência Episcopal e transmitida pelos nossos meios de comunicação, e podemos assegurar os grandes frutos, colhidos através dos testemunhos que nos chegam. Agora, desejo que chegue a todos os irmãos e irmãs que, através de vários meios entraram em contato conosco nestes meses, minha gratidão e reconhecimento, meu abraço fraterno e minha bênção, de coração, assim como o convite a que todos ponham mãos à obra, e contribuiremos, com a força do Evangelho vivido e proclamado, na construção de um tempo de paz. Para nós, cristãos, este é o “novo normal”!
O tempo não para, e haverá de ser aproveitado como uma oportunidade concedida pela graça de Deus a todos nós, sem exceção! Continua a exigência de semear e espalhar a Boa Notícia, como o Senhor propõe nestes dias (Cf. Mt 13,1-23). Podemos então perguntar-nos novamentesobre o que devemos fazer!
Abrir os nossos olhos, nossos ouvidos e nosso coração para o Senhor Jesus, presente todos os dias conosco, tendo garantido que seu Pai trabalha sempre! Professemos nossa fé na qualidade da semente lançada, pois o semeador desceu do Céu e veio a nós, não deixando qualquer recanto da terra e de nosso coração fora do seu alcance. De fato, “os céus narram a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra de suas mãos. O dia transmite ao dia a mensagem e a noite conta a notícia a outra noite. Por toda a terra difundiu-se a sua voz e aos confins do mundo chegou a sua palavra” (Sl 18,2-5). Ele veio até aqui, reunindo-nos em torno da força de seu amor, como os primeiros discípulos.
Acolher sua Palavra como Palavra de Vida Eterna. Não há qualquer outra estrada a percorrer para a plenitude de sentido em nossa existência, senão aquela que sai da boca de Deus (Cf. Mt 4,4). Que não sejamos caminho pisado, onde pássaros de toda espécie a recolham. Não nos permitamos o direito de ser terra seca, onde não se consolidam as raízes. Pode até ser que espinhos das preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufoquem a Palavra em nós semeada, o que pedirá contínuo esforço de conversão. Neste tempo de reconstrução, sejamos como a terra boa, ouvindo e entendendo a Palavra, para que produza muitos frutos.
E aquelas pessoas que acolhem a Palavra, como discípulos atentos e dispostos, assumam a tarefa de colaborarem com o Senhor e sua Igreja, como missionários, para um tempo novo, um tempo de paz. Podemos começar com a atitude de compreensão com o próximo. Há muitas pessoas machucadas, tristes, deprimidas, solitárias, clamando pela nossa presença. Há gente caída à beira do caminho, e muitos gritos parados na garganta! Quem tem o privilégio de ouvir a Palavra e acolhê-la num coração bom e puro olhe ao seu redor e descubra o bem que pode fazer. E nasce o chamado de Deus à diversidade de vocações e serviços em nossa Igreja.
Ampliar os horizontes missionários de nossa Igreja de Belém, convocando as Paróquias a um novo olhar para as suas áreas periféricas, seus “confins da terra”, para a implantação de novas Comunidades, Áreas Missionárias e futuras Paróquias. Neste verdadeiro mutirão, que não pode esperar mais para se efetivar, ninguém se sinta excluído, e todos se disponham a participar com o melhor de si mesmos.Vamos adiante!
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Conversa com meu povo: Para um tempo de paz
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