Foto: Divulgação. |
O mundo já conheceu períodos difíceis, como outras pandemias. Aquela que agora enfrentamos é única em nossa geração, e nos toca bem de perto, com a enfermidade, a morte de pessoas queridas, as incertezas que nos abalam, o trabalho comprometido, os salários e a segurança. E, mais ainda, todas as notícias e os números relativos à crise entram pelas nossas portas e alcançam o coração. Muitos de nós se encontram abatidos, tristes e até deprimidos. É claro que nossa vida cristã tem as reservas espirituais necessárias para fortalecer-nos e sustentar-nos. Acima de tudo, sabemos que Deus é o senhor da história. Quando tudo passar, poderemos constatar a infinidade de graças que nos foram concedidas pelo Senhor durante este tempo difícil. Confiamos estas intenções a Nossa Senhora de Fátima, celebrada no último dia 13 de maio! Há cerca de cem anos, o mundo passou por outra pandemia, que ceifou tantas vidas! Uma delas, hoje canonizada, a pastorinha Santa Jacinta que, ao lado de São Francisco Marto e Irmã Lúcia, teve a experiência mística com Nossa Senhora em Fátima, também tombou vítima do terrível vírus que se espalhou na ocasião. De fato, Santa Jacinta Marto faleceu no dia vinte de fevereiro de 1920, aos nove anos de idade, em Lisboa, onde foi internada depois de adoecer, em 1918, com a epidemia da gripe espanhola. Quem já chega aos setenta anos, como é o meu caso, certamente se recorda das histórias contadas pelos antigos a respeito daquela gripe. Deus nos conceda a graça de contar para os pósteros mais relatos de recuperação e cura do que fatos desagradáveis. E as muitas vidas que deixam este mundo na presente epidemia, sejam como plantadas na terra, na expectativa da realização de novos céus e novas terras, segundo a promessa do Senhor. Ao ver as flores sobre as sepulturas de tantas pessoas queridas, tenhamos a ousadia de pensar nas sementes assim plantadas e os frutos a serem colhidos na eternidade. Cada cristão, sejam quais forem as circunstâncias que o cercam, encontra sempre razões para afirmar que a vida não é um beco sem saída, pois, de acordo com o ensinamento do Apóstolo, “se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados. Então, também pereceram os que morreram em Cristo. Se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão” (1 Cor 15,16-19). A fonte para esta certeza é a virtude da esperança, recebida na graça do Batismo junto com a fé e a caridade. Um canto religioso, tão antigo, belo e atual resume a prática das virtude teologais, que são uma marca da vida cristã: “Eu confio em nosso Senhor, com fé, esperança e amor! Creio em Deus, uno, trino e eterno, que criou o céu, a terra e o ar. Sou católico, firme e sincero, a meu Deus aprendi a adorar. Eu espero salvar a minh’alma, com o auxílio de graça de Deus. Cumprirei sempre os dez mandamentos, que me abrem as portas do Céu. Amo a Deus sobre todas as coisas, e lhe dou este meu coração. Amo o próximo como a mim mesmo, pois o próximo é meu irmão”. Para dar razões à esperança, começamos justamente na fonte batismal, chamados a fazer tesouro da fé, da esperança e da caridade, presentes recebidos na graça fundante de nossa vida cristã. E no Batismo, entramos num relacionamento filial com o Pai, recebemos a vida nova em Cristo e nos tornamos templos do Espírito Santo. Não é por acaso que somos mergulhados, batizados na vida da Trindade, em nome do Pai e do Filho de do Espírito Santo. Depois, quem recebe a graça do Batismo e os outros Sacramentos da Iniciação Cristã, a Confirmação e a Eucaristia, encontra-se inserido na vida da Igreja. A Igreja está onde ele está e seus limites ilimitados chegam onde chega o amor de Deus pelas pessoas. Ninguém passa em vão perto de uma pessoa batizada que vive o Sacramento recebido, pois ela é sempre melhor no seu trato com as outras pessoas, com a vida e com o mundo. Outro fruto dos Sacramentos da Iniciação Cristã é a habitação da Santíssima Trindade em cada cristão. Com que força o Senhor Jesus nos afirma esta verdade! “Se me amais, observareis os meus mandamentos. Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Cf. Jo 14,15-21). Decidir-se a viver a Palavra de Deus oferece um testemunho qualificado da esperança que trazemos no coração. A manifestação de Deus na vida cristã não se dá através de fatos extraordinários, mas no extraordinário que é viver a sua Palavra, guardar os mandamentos, e assim viver na amizade e na intimidade com ele em qualquer tempo! Consequências virão na vida cotidiana. Os valores que norteiam a vida do cristão indicam o rumo da própria existência. A prática das virtudes orienta o comportamento do cristão, dando razão à esperança que o conduz. “Há quatro virtudes que desempenham um papel de eixo. Por isso, se chamam cardeais; todas as outras se agrupam em torno delas. São: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. “Se alguém ama a justiça, o fruto dos seus trabalhos são as virtudes, porque ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza” (Sb 8, 7). A prudência para discernir o verdadeiro bem. Graças a ela, aplicamos sem erro os princípios morais aos casos particulares e ultrapassamos as dúvidas sobre o bem a fazer e o mal a evitar. A justiça é a virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. A fortaleza é a virtude que, no meio das dificuldades, assegura a firmeza e a constância na prática do bem. Torna firme a decisão de resistir às tentações e de superar os obstáculos. A fortaleza dá capacidade para vencer o medo, mesmo da morte, e enfrentar a provação e as perseguições. A temperança modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos nos limites da honestidade”. No dia a dia, o cristão se orientará por tais valores e, mesmo em silêncio, mostrará que “viver bem é amar a Deus de todo o coração, com toda a alma e com todo o proceder, de tal modo que se lhe dedica um amor incorrupto e íntegro, que mal algum poderá abalar, que só serve a Deus, que cuida de discernir todas as coisas para não se deixar surpreender pela astúcia e pela mentira”. (Cf. Catecismo da Igreja Católica, números 1806-1808). Seu testemunho incidirá fortemente em torno de si, na família, na comunidade cristã e na sociedade, para a transformação do mundo e edificação do Reino de Deus. |
Conversa com meu povo: Prontos a dar a razão da nossa esperança
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