A Igreja professa a fé em Cristo, rei do universo e salvador da humanidade

No dia 24, a Igreja celebra a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Essa celebração, que marca a conclusão do ano litúrgico, foi instituída pelo Papa Pio XI em 11 de dezembro de 1925, com o objetivo de fortalecer a fé dos cristãos, devido ao crescimento de correntes de pensamento seculares e laicistas que se opunham aos valores do Cristianismo.

A data original da festa de Cristo Rei era o último domingo de outubro, ou seja, antes da Solenidade de Todos os Santos. Após a reforma litúrgica de 1969, a celebração foi transferida para o último domingo do Ano Litúrgico. 

REINO ETERNO 

Essa solenidade, portanto, enfatiza o papel central de Cristo na criação, na redenção e na história humana. Os textos bíblicos da liturgia dessa data, no ciclo dos três anos do calendário litúrgico, reforçam esses fundamentos.

Cristo é reconhecido como o Filho de Deus e o Filho do Homem, representando a plenitude da humanidade divinizada e o cumprimento das promessas messiânicas, como ilustrado na Profecia de Daniel (7,13-14) e nos Evangelhos. Ele é Rei, mas seu reino não é político ou terrestre; é espiritual e transcende os limites humanos, como declarado no diálogo com Pilatos: “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36).

Outra referência é a leitura que está no livro do Profeta Ezequiel (34,11-12.15-17), a qual apresenta Deus como o pastor que busca e reúne suas ovelhas, e cuida delas, simbolizando o governo justo e amoroso de Cristo. O Salmo 22 (23) ecoa essa imagem ao proclamar: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”. Esses textos destacam a liderança de Cristo como um rei que guia seu povo com cuidado e misericórdia.

SOBRE TODAS AS COISAS

Na encíclica Quas Primas, por meio da qual foi instituída esta solenidade, o Papa Pio XI recorda que, embora o reino de Cristo seja “principalmente espiritual” e se refira “às coisas espirituais”, “erraria gravemente aquele que negasse a Cristo-homem o poder sobre todas as coisas humanas e temporais”. 

“‘Rei’ é Cristo, com efeito, atesta a eminente e suprema perfeição com que sobressai a todas as criaturas. Assim, dizemos que ‘reina sobre as inteligências humanas’ por causa da infusão do seu Espírito e da extensão de sua ciência, mas sobretudo porque é a própria Verdade em pessoa; de quem, portanto, é força que recebam rendidamente os homens toda verdade. Dizemos que ‘reina sobre as vontades humanas’, porque Nele se alia a indefectível santidade do divino querer com a mais reta, a mais submissa das vontades humanas; e, também, porque suas inspirações entusiasmam nossa vontade livre pelas causas mais nobres. Dizemos, enfim, que é ‘Rei dos corações’, por causa daquela inefável ‘caridade que excede a toda humana compreensão’ (Ef 3,19); e porque sua doçura e sua bondade atraem os corações: pois nunca houve, no gênero humano, e nunca haverá quem tanto amor tenha ateado como Cristo Jesus”, escreve o Pontífice.

CRUCIFICADO E GLORIFICADO

O Evangelho segundo São Lucas (23,35-43) narra a crucificação, em que Cristo, na humilhação, revela sua realeza ao prometer ao bom ladrão: “Hoje estarás comigo no Paraíso”, demonstrando que a realeza de Cristo está fundamentada no amor que se faz sacrifício.

Na Primeira Carta aos Coríntios (15,20-28), São Paulo fala de Cristo como o primogênito dos mortos, que submete todas as coisas ao Pai. Aos Colossenses, o apóstolo enaltece a realeza de Cristo, afirmando que “por Ele e para Ele, todas as coisas foram criadas… e todas subsistem Nele” (Cl 1,16). O Apóstolo acrescenta que, mediante a morte na cruz do Filho, Deus reconciliou consigo todas as criaturas, estabeleceu a paz entre o céu e a terra; ressuscitando-o dos mortos, tornou-o primícias da nova criação, “plenitude” de qualquer realeza e “cabeça do corpo” místico que é a Igreja (cf. Cl 1,18-20).

No livro do Apocalipse (1,8), Jesus é descrito como o “Alfa e Ômega”, o princípio e o fim, aquele que governa sobre toda a criação, que atrairá todas as nações ao final dos tempos, um convite a viver a esperança do Reino já presente na Igreja, mas plenamente realizado na eternidade​.

Seu senhorio se manifestará em plenitude com sua segunda vinda, gloriosa, quando se instaurarem os novos céus e a nova terra, e “todas as criaturas, libertas da escravidão, sirvam a vossa majestade e vos glorifiquem sem cessar”, como ressalta a oração litúrgica desta solenidade.

Fonte: Jornal O São Paulo / Por Fernando Geronazzo

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