Pe. Helio Fronczack
A cena de Jesus lavando os pés dos seus discípulos é uma das mais marcantes do Evangelho. Quando o Mestre se ajoelha, assume o papel de servo e realiza uma tarefa considerada das mais humildes naquela época. “Dei-vos o exemplo para que façais a mesma coisa” – esta frase resume o extraordinário convite de Cristo para uma vida de serviço.
No nosso dia a dia, o gesto de lavar os pés transcende o ato literal e nos chama a diversas formas de serviço: quando cuidamos dos que estão doentes em nossa família, quando ouvimos com paciência, quando assumimos tarefas que ninguém quer fazer; no trabalho, ao ajudarmos um colega sobrecarregado ou compartilharmos conhecimento sem buscar reconhecimento; na comunidade, quando dedicamos tempo a projetos sociais e nos importamos com o bem-estar coletivo.
O amor que Jesus demonstra não é abstrato ou teórico. É prático, concreto e muitas vezes exige que nos coloquemos de joelhos. No mundo atual, “lavar os pés” significa oferecer ajuda sem ser solicitado, abrir mão do nosso conforto pelo bem do outro, enxergar necessidades que os outros ignoram e agir com humildade, sem esperar aplausos ou reconhecimento.
O lava-pés nos desafia a sair da nossa zona de conforto. Jesus, mesmo sendo o Mestre, não se considerou elevado demais para servir. Isso nos ensina que nenhum de nós está “acima” de qualquer forma de serviço, especialmente quando se trata de atender aos necessitados. Quando nos colocamos a serviço dos mais vulneráveis – pessoas em situação de rua, idosos abandonados, crianças carentes – estamos literalmente revivendo o gesto de Jesus com seus discípulos.
O lava-pés representa uma completa inversão da lógica mundana. Em uma sociedade que valoriza status, poder e aparências, Jesus propõe que a verdadeira grandeza está no serviço humilde e amoroso. Em um mundo ainda marcado por divisões, preconceitos e individualismo, este exemplo permanece revolucionário: o maior é aquele que serve, não aquele que é servido.
O gesto do lava-pés nos lembra que o amor cristão não é apenas um sentimento, mas uma escolha diária de servir ao próximo em suas necessidades concretas. É um chamado para construirmos um mundo mais fraterno, onde o serviço ao outro seja visto não como humilhação, mas como o caminho para a verdadeira plenitude humana.