Cardeais Brasileiros |Reprodução Instagram Arquidiocese de Brasília
Cardeais Brasileiros |Foto: Padre Robson Caramano

Na quinta Congregação Geral do Colégio Cardinalício em preparação à eleição do novo Pontífice na segunda-feira, 28 de abril, foi definida a data para início do Conclave. O período é de luto e oração pelo Pontífice falecido e a recordação do Papa Francisco vem através de três cardeais brasileiros: dom Jaime Spengler, dom Odilo Scherer e dom Sergio da Rocha.

O ciclo de 9 dias que prepara o caminho litúrgico e espiritual para o conclave, chamado de Novendiali(novenário), começou já no sábado, 26 de abril, com as exéquias do Papa Francisco. Nesta segunda-feira (28/04), os membros do Colégio Cardinalício se encontraram na Sala do Sínodo, no Vaticano, para a quinta Congregação Geral em preparação à eleição do novo Pontífice e definiram a data para início do Conclave que será em 7 de maio. Ao final da tarde, na Basílica de São Pedro, será celebrada uma missa presidida pelo cardeal Baldassare Reina, vigário-geral do Papa para a diocese de Roma. A programação oficial dos Novendiali, esse período de 9 dias que é especialmente de luto e orações em honra de Francisco, conforme a tradição da Igreja, prevê a celebração de missas até 6 de maio (com exceção de domingo, 4 de maio), e congregações até 6 de maio (com exceção de 1 de maio)

Tanto os cardeais, como a própria Igreja é convidada a rezar pelo Papa Francisco. Um momento que também é de responsabilidade por parte dos cardeais que irão exercer a importante tarefa de escolher o Sucessor do Apóstolo Pedro, o que exige oração, seriedade, diálogo e reflexão conjunta para discernir segundo a vontade de Deus para corresponder melhor à missão e aos desafios gerais da Igreja no mundo de hoje. São discernimentos práticos, teóricos e teológicos sobre a situação da Igreja e também do mundo que direcionam o perfil do Papa que deverá ser escolhido, mas sem se fazer nomes de possíveis candidatos. Na preparação do Conclave, as congregações reúnem tanto cardeais eleitores como não-eleitores (aqueles acima de 80 anos de idade), que acabam conversando entre si especialmente porque muitos deles não se conhecem por terem sido de recente nomeação.

Cardeal Jaime Spengler

Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho), foi o único brasileiro a se tornar cardeal no Consistório Ordinário Público na Basílica de São Pedro de 7 de dezembro de 2024. Em entrevista aSilvonei José, da Rádio Vaticano – Vatican News, ele recorda o Papa Francisco, que foi quem o indicou à nova missão na Igreja:

“Proximidade, capacidade de escuta, acolhida, alegria, humor e eu diria um espírito de oração muito intenso. Eu creio que isso aparecia, por exemplo, nas homilias, mesmo na forma de acolher as pessoas, de atender cada um que se aproximava; e nós tivemos várias oportunidades nesse sentido. Só uma espiritualidade muito intensa ou um cultivo de uma mística consistente eu creio é capaz de dar forças como víamos na pessoa dele durante estes anos.”

Cardeal Sergio da Rocha

Dom Sergio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, também recordou do Papa Francisco ao falar da sua “simplicidade, solidariedade, misericórdia, serviço aos pobres, empenho pela paz, da questão do meio ambiente e socioambiental”, uma “marca que era dele e foi importantíssimo do seu jeito próprio de ser” que, certamente, “com a sua experiência de América Latina contribuiu muito para a Igreja no mundo na vivência de tantos outros aspectos”:

“Essas atitudes vão continuar. Esse esforço de caminhar juntos, de uma participação maior, de uma unidade sempre maior, de uma missão compartilhada por todos, de uma Igreja missionária, de uma Igreja comunhão: são aspectos que são permanentes. Então, não podemos achar que o Papa vai simplesmente repetir o mesmo modo de ser do Papa Francisco, mas certamente irá levar em frente muitas das atitudes, do testemunho do Papa, do ensinamento dele não só nas encíclicas que têm um valor permanente – nos documentos do magistério que ele nos deixou que tem um valor muito grande, mas nas atitudes que ele testemunhou. E eu sempre digo: o Papa Francisco nos ensinou muito, não só quando escrevia, não só quando falava, mas pelo seu modo de ser, pelo seu dia a dia; a maneira como ele conduzia os vários momentos, seja de celebração, seja de reuniões e encontros, seja de iniciativas que ele tinha o âmbito da fraternidade, da solidariedade. Tudo isso tem um valor imenso que será preservado. Então, o novo Papa certamente irá recolher, irá levar em frente muito daquilo que ele mesmo vai receber como herança, que a Igreja recebe como herança espiritual do Papa Francisco.”

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, também recordou do Papa Francisco, com quem se encontrou ao final da Audiência Geral de 12 de fevereiro, dois dias antes da internação no Hospital Gemelli de Roma. Segundo ele, Francisco foi “um Papa de abrir caminhos”:

“Um Papa que rompeu barreiras. Um Papa que, de alguma maneira, como ele gostava de dizer, que lançava pontes, invés de levantar muros. E isso ele fez o tempo todo na Igreja. A sua maneira criativa de falar, de se referir às questões e também de chamar a Igreja a abrir-se para novos caminhos, novos métodos de trabalho, de evangelização, de realizar a sua missão. Isso fica como uma boa herança para a Igreja. Isso não morreu com o Papa, vai ficar para Igreja. E eu agradeço ao Papa Francisco por aquilo que, portanto, ele fez pela Igreja nesses 12 anos como Pontífice. Agradecimento que vai a Deus por nos ter dado o Papa Francisco durante esse tempo. E, mais uma vez, eu concluo que é verdadeiro aquilo que se diz que cada época tem o Papa que precisa.”

Fonte: Vatican News / Por Silvonei José e Andressa Collet

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