No dia 4 de setembro de 2024, um marco histórico foi alcançado para a cultura bragantina e paraense. Em sua 105ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada em Brasília (DF), na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), foi aprovado, por unanimidade, o registro das Marujadas de São Benedito do Pará como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A reunião, que aconteceu à tarde e foi transmitida ao vivo pelo canal do IPHAN no YouTube, foi acompanhada por membros da Marujada de Bragança no auditório da Fundação Educadora de Comunicação.
Representando a tradicional manifestação cultural das Marujadas, estavam presentes em Brasília a capitoa Maria de Jesus Silveira (Dona Bia), o capitão Zé Maria Santiago, a capitoa Jucilene Souza (Dona Tetê), de Capanema, além dos professores Dário Benedito Rodrigues e Maria Roseane Pinto, que contribuíram para que as Marujadas obtivessem o reconhecimento tão esperado.
A aprovação do registro oficial como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil veio apenas um dia após a celebração de 226 anos da Marujada e da Festividade de São Benedito em Bragança, fortalecendo ainda mais a relevância dessa tradição secular para a cultura local e nacional.
A Marujada, que mistura devoção religiosa com elementos culturais afro-brasileiros e indígenas, é uma expressão marcante da fé e da identidade cultural paraense.
Além da Marujada de Bragança, outras Marujadas de municípios da Região Nordeste do Pará também foram contempladas com o título, como as de Augusto Corrêa, Primavera, Quatipuru, Tracuateua, Capanema e Ananindeua.
O reconhecimento não apenas valoriza a Marujada como expressão cultural e celebração religiosa em torno da devoção a São Benedito, mas expande e destaca a importância da preservação e promoção de tais manifestações na vida cultural dessas cidades e localidades.
Com a aprovação unânime dos 22 conselheiros presentes na reunião, as Marujadas de São Benedito agora fazem parte do grupo de bens culturais protegidos pelo Estado brasileiro. Esse reconhecimento coloca as Marujadas entre as principais expressões culturais do país, garantindo sua preservação e incentivando o fortalecimento da cultura e das tradições do Pará.
Esse título não só reforça a importância histórica da Marujada de São Benedito, mas também abre caminho para que mais pessoas conheçam e se encantem por essa manifestação cultural, atraindo olhares tanto do Brasil quanto do exterior.
A partir de agora, a Marujada de São Benedito passa a contar com uma proteção institucional ainda maior, o que impulsiona o desenvolvimento de políticas de divulgação, preservação, salvaguarda, educação patrimonial e promoção da cultura local.
ORIGEM
A Marujada teve início em 1798, completando este ano 226 anos, e em sua origem foi criada por escravos, após ter sido concedida por seus senhores. No dia 25 de dezembro as mulheres se vestem com saias azuis e homens com camisas azuis para celebrar o menino Jesus. E para celebrar o dia de São Benedito, no dia 26, ambos se caracterizam nas cores vermelho e branco. Embora data nacional do santo católico seja 5 de outubro, no Pará muitos municípios comemoram em dezembro a época do “Santo Preto”, como também é conhecido. A festividade ocorre começa em abril com as esmolações que percorrem vários municípios da região chegando até a fronteira com o maranhão e em dezembro na Igreja de São Benedito pertencente a Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Catedral) da Diocese de Bragança ocorre as noitadas da festividade com missas e apresentações da marujada iniciando no dia 18 e finalizando dia 26.
Fonte: Regional Norte 2 – CNBB / Por Matheus Felipe /Pascom Diocese de Bragança e Prof. Dário Benedito Rodrigues(texto e fotos)