O embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam Ghadirli, esteve em audiência com Dom Julio Endi Akamine, Arcebispo Metropolitano de Belém, na tarde do dia 10 de setembro. Em visita de cortesia à Arquidiocese de Belém, o encontro aconteceu na sede da Cúria Metropolitana, tendo em pauta o diálogo inter-religioso.
A visita à Cúria deu-se em meio a uma agenda de diversos compromissos protocolares que o diplomata cumpre no momento em que visita Belém como parte dos procedimentos prévios da Embaixada do Irã no Brasil em vista da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) a ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro na capital do Estado do Pará.
Acerca do encontro com o embaixador Abdollah, Dom Julio declarou que foi uma reunião positiva. “Conversamos bastante sobre a questão religiosa, da necessidade de se combater a intolerância religiosa, os extremismos, as manipulações que se fazem das religiões com o diálogo entre as religiões”.
A visita foi importante, de acordo com o Arcebispo de Belém, “é muito bom termos iniciativas como esta valiosa disposição de sabermos como conviver entre irmãos que guardam a esperança da fraternidade entre os povos, uma vez que em Deus, somos todos irmãos”, observa Dom Julio.
O Arcebispo de Belém destacou, após a reunião com Abdollah, que é salutar que a fraternidade entre os povos seja evidenciada sempre. “E, para isso, nada melhor do que o conhecimento das tradições religiosas. É conhecendo que nós podemos superar os preconceitos”
Dom Julio observou também a importância do diálogo inter-religioso entre lideranças para incentivar a mesma fraternidade entre as pessoas. “Este diálogo entre os líderes é importante, uma vez que, sendo líderes, devem dar o exemplo, mas essa atitude deve também se irradiar para os próprios fiéis”.
O Arcebispo informou que durante a reunião com o embaixador Adollah foi ressaltada a verdadeira informação como instrumento de amizade que supera diferenças e elimina preconceitos. “É verdade que são líderes diferentes, mas a gente deve incentivar os nossos fiéis a ter um conhecimento mais verdadeiro e autêntico das outras tradições religiosas. Infelizmente, o que temos visto é disseminação de preconceitos, de ideias erradas, de notícias falsas que só prejudicam o encontro entre religiões diferentes”.
A unidade que vem de Deus também pontuou a conversa entre Dom Julio e o embaixador, conforme explicou o Arcebispo, ressaltando que as diferenças sempre devem ser respeitadas. “Falamos muito sobre a necessidade da gente se aproximar mais de Deus, porque quando a gente se afasta de Deus, a gente se afasta das pessoas”.
Dom Julio afirma que ambos pontuaram também que a fraternidade entre as nações ou entre as pessoas, passa pelo respeito às diversas tradições religiosas. “A superação dos conflitos e das guerras passa também pela religião. A religião não é o problema, o problema é a manipulação da religião, as religiões também são uma forma de superação das guerras e conflitos”.
A respeito das informações repassadas pelo embaixador Abdollah sobre a vivência religiosa entre o povo iraniano, Dom Julio informou que ficou feliz com “notícias muito interessantes do Irã. Eles tem uma comunidade judaica importante, tem sinagoga, e também existem cristãos, igrejas com estilo iraniano belíssimas e comunidades vivas”.
Concluindo suas impressões acerca da visita do embaixador Abdollah, Dom Julio considera que houve uma partilha de experiências relevantes, levando em conta o que soube pelo diplomata. “Ficamos muito contentes em saber que num país de maioria de outra religião, as minorias sejam respeitadas. De nossa parte, esperamos que, de fato, nós possamos sempre ajudar, colaborar com a liberdade religiosa, uma vez que essa liberdade é importante e por ela temos grande apreço”.
Durante o encontro, ambos os líderes trocaram presentes literários, publicações com informações representativas das culturas de ambos os países.
Fotos: Luiz Estumano
