Encontro Fraterno: Coisas do carnaval…

 
 

Quando, nos dias de hoje, comento com familiares que não sou nem nunca fui ‘simpático’ ao carnaval, as pessoas duvidam, invocando meu tempo de solteiro quando, certamente, me deixei levar pelos folguedos carnavalescos.
 
De fato, ainda no início de minha juventude, influenciado pelas circunstâncias, fui levado a participar de um ‘bloco de salão’, como era moda naqueles tempos, e tinham como finalidade se exibir nos bailes dos clubes da cidade. O bloco de que eu iria participar era constituído de vários casais – talvez uns vinte – alguns já namorados, enquanto a mim foi destinada como par uma jovem que eu desconhecia. Assim ‘encarei’ o primeiro baile, mas já no segundo fiz valer minha vontade, meu jeito de ser. E, como todo jovem, a forma foi radical, pois abandonei o bloco em pleno baile, sem qualquer justificativa ou aviso. 
 
Sabemos que as tentações do mundo estão em qualquer lugar, nas mais diversas circunstâncias. No entanto, é no carnaval que parecem se exacerbar. Não faz muito tempo, ouvi o depoimento de um amigo sobre um desfile das escolas de samba na emblemática Marquês de Sapucaí, quando testemunhou provocações as mais diversas, desde a soltura de palavrões, assédios a mulheres, e tantas outras manifestações do mais baixo nível de convivência. Em torno dos trios elétricos, os atos de violência tornam-se mais evidentes, formando-se inúmeros focos de pancadaria, parecendo que os brincantes (ou ‘brigantes’) escolhem aqueles momentos para extravasar uma agressividade contida ao longo do ano.
 
Voltando-se aos tempos idos, lembro-me do filme ‘Orfeu do Carnaval’, particularmente da cena que mostrava o interior do necrotério da cidade ao final de um carnaval, em que as gavetas do frigorífico continham os cadáveres ainda fantasiados, fazendo refletir que uma alegria efêmera ali jazia inerte.

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