Encontro Fraterno: O tempo e eu

 
 

Em novembro do já passado ano de 2016, ao final do almoço que reuniu os poucos colegas remanescentes da turma de 1958 graduados em Engenharia Civil, um dos comensais assim se manifestou: É preciso aproveitarmos bem estes momentos, isto porque, mesmo se chegarmos aos 90 anos, só disporemos de mais dezesseis oportunidades…. Considerando que nos reunimos duas vezes por ano, concluímos que nosso colega já havia alcançado os 82 anos, a média da faixa etária do grupo. Tal afirmativa foi feita em tom de brincadeira, mas levou-nos à reflexão.
 
Mais recentemente, o fisioterapeuta que me assiste, disse que estava triste diante do falecimento de uma cliente sua, acrescentando: ela estava com 87 anos, já viveu muito… São ‘lembretes’ que podem deixar o idoso acuado, entre o tempo já vivido e que lhe pode restar. No entanto, as pegadas do passado não devem comprometer o momento presente, muito menos o medo de enfrentar o que virá. É preciso caminhar, potencializando-se no presente a experiência que acumulamos, na esperança de um futuro que não seja dominado pelo tempo.
 
“Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: leve tudo o que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas… Daqui para frente levo apenas o que couber no bolso e no coração” (Cora Coralina). A poetisa goiana cursou apenas até a terceira série do primário. Ao enviuvar, passou a fazer doces cristalizados para sustentar os quatro filhos, vendendo para vizinhos e amigos. Não se deixando dominar pelo tempo, aos 75 anos publicou seu primeiro livro, de uma série de tantos outros, sendo seu talento poético reconhecido nacionalmente. Não se acovardou diante do tempo, vindo a falecer aos 96 nos.
 
“Por isso, queridos irmãos, durante este tempo de espera, esforcem-se para que Deus os encontre sem mancha e sem culpa, vivendo em paz” (2 Pd 3, 14).

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