Pode parecer paradoxal, mas a vida passa pela morte, que é um dos dois pontos da reta que define o sentido de nossas vidas. O outro ponto é o momento da nossa concepção. Ao tempo quando cursávamos o nível fundamental, aprendemos que, enquanto um segmento de reta é limitado por dois pontos, uma reta ‘passa’, por dois pontos, mas não tem limite. Assim é a vida, uma reta que passa pelos pontos – ou momentos –da concepção e da morte, sem limite.
Sobre o primeiro ponto, o momento da concepção, Jeremias profetiza: “Recebi a palavra de Javé que me dizia: ‘Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das nações” (Jr 1, 4-5). São Paulo como que chancelou a profecia de Jeremias: “Ele (Deus) nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor” (Ef 1, 4). Sobre o segundo ponto, o momento da morte, é o próprio Cristo que revela aos discípulos, respondendo a um questionamento de Simão Pedro, quando já estava próximo seu Sacrifício na Cruz: “Existem muitas moradas na casa de meu Pai. Se não fosse assim, eu lhes teria dito, porque vou preparar um lugar para vocês” (Jo 14, 2)
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Já deixei registrado aqui neste espaço que no ano passado fui submetido a uma cirurgia de risco, que demandou cinco horas, ficando eu sob os efeitos da anestesia por mais quinze horas, o que me levou à sensação de que havia morrido. Dois sentimentos então me invadiram: de bem-estar, e a expectativa de quem haveria de me receber. Em seguida, comecei a ouvir vozes, que logo identifiquei como sendo do pessoal de enfermagem da UTI…
Tomei então o fato como sinal de esperança, a estimular a busca pelo sentido de minha vida, em um permanente processo de conversão ao projeto de Deus.
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