Encontro Fraterno: Tudo é obra da Criação

 
 

Já se passaram muitos anos, mas ficou gravado em minha memória o que observei quando fazíamos uma visita, eu e minha esposa, a um casal amigo. Os compartimentos térreos da casa eram ocupados pela mãe do esposo, já viúva. Ao final da visita fomos levados ao encontro daquela senhora, idosa e com mal de Alzheimer. E lá estava ela, sentada em uma cadeira de balanço, de frente para uma janela. Seu olhar parecia distante,  explicando-nos o filho que eram momentos de encantamento para sua mãe aqueles em que observava uma frondosa mangueira que ela mesma havia plantado em frente à sua casa.
 
Recuemos mais no tempo, idos dos anos 40, quando ainda não havia edifícios altos em Belém. As casas residenciais tinham como padrão a janela e a porta dos quartos voltadas para uma ‘varandinha’ e o casal geralmente ocupava a alcova, situada entre as salas de visita e de jantar, ou seja, os dormitórios não tinham ventilação e iluminação natural diretas. Ar condicionado nem pensar, também não se fazendo uso de ventiladores. No entanto, não se ouviam queixumes por causa de calor, isto porque avenidas e ruas eram pavimentadas com paralelepípedos de pedra, que concentravam e, portanto, irradiavam muito menos calor do que o asfalto. As casas tinham, no máximo, três pavimentos, a maioria dispondo de quintais arborizados que sombreavam os ambientes, o que permitia a circulação do ar e minimizava o efeito da canícula.
 
A Campanha da Fraternidade deste ano traz como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, fazendo-nos refletir sobre o compromisso que temos com nossas origens físicas, biológicas e climáticas. Belém, por exemplo, está edificada no bioma amazônico, não se devendo desprezar nossas raízes ecológicas, sob pena de pagarmos caro por nossa desobediência à harmonia da natureza.

Compartilhe essa Notícia

Leia também