Em sua primorosa obra inicialmente intitulada “Tesouro Oculto”, cuja 1ª edição romana data de 11/10/1737, então dedicada ao Sumo Pontífice Clemente XII, o Frade Franciscano Leonardo de Porto-Maurício nos legou um verdadeiro tesouro místico, que atravessou séculos, sendo popularmente conhecida como “As Excelências da Santa Missa”. No livreto, o autor, canonizado pelo Papa Pio IX em 1867, discorre sobre as Três Excelências da Santa Missa; as Necessidades e Utilidades do Santo Sacrifício; os Métodos para assistir, com fruto, a Santa Missa; e finaliza, citando exemplos para todas as pessoas, estados e condições a assistirem todos os dias à Santa Missa.
Neste escrito discorremos sobre as três excelências do Santo Sacrifício, seguindo o roteiro proposto por São Leonardo de Porto Maurício, na insigne obra. Dando continuidade ao tema, no artigo seguinte, falaremos das Necessidades e Utilidades da Santa Missa.
As Excelências do Santo Sacrifício da Missa:
Verifica-se indubitavelmente que em todas as religiões que existiram desde os primórdios do mundo, sempre houve a prática de sacrifícios, como parte essencial do culto devido a Deus. No entanto, em se tratando de leis vis e imperfeitas, por consequência, também vis e imperfeitos eram tais sacrifícios idólatras. No dizer do autor, sequer mereciam que se falassem sobre eles. Por outro lado, relativamente aos sacrifícios oferecidos a Deus pelo povo hebreu, ressalte-se que, ainda que eles professassem a então religião verdadeira, eram também pobres e imperfeitos, uma vez que consistiam somente em infirma et egena elementa, leia-se, em elementos fracos e pobres, como qualifica São Paulo, já que não podiam apagar os pecados, nem conceder a graça divina. Neste sentido, diz São Leonardo: “Só o Sacrifício que temos em nossa Santa Religião, que é a Santa Missa, é um Sacrifício Santo e Perfeito: por Ele, cada fiel honra dignamente a Deus, reconhecendo-se o próprio nada e, ao mesmo tempo, o soberano domínio de Deus”. O autor parte da premissa (a verdadeira, que cremos e professamos) de que o augusto Sacrifício da Missa é o mais venerável e excelente de todos, e elenca três excelências que o tornam único. Vejamos:
1ª Excelência – O Sacrifício da Santa Missa é o mesmo que o Sacrifício da Cruz:
“A Primeira Excelência do Santo Sacrifício da Missa é ser essencialmente e absolutamente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com a ressalva que o Sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma única vez, e que essa única oferenda de Jesus Cristo foi plenamente satisfatória para todos os pecados do mundo, enquanto que o Sacrifício do Altar é um sacrifício sem derramamento de sangue, que se pode renovar infinitas vezes, e que foi instituído para que cada um em particular pudesse receber o preço universal que Jesus pagou por nós no Calvário”. A Missa, portanto, não é uma mera representação ou memória da Paixão e Morte do Redentor, mas reprodução real e verdadeira do mesmo sacrifício que outrora aconteceu no Calvário. Conclui, com razão, o autor, que a cada Santa Missa celebrada, Nosso Redentor morre por nós, misticamente, sem morrer na realidade, estando ao mesmo tempo vivo e imolado.
2ª Excelência – O Sacrifício da Santa Missa tem por Sacerdote o próprio Jesus Cristo:
O que torna a Santa Missa ainda mais sublime é o fato real de que o Sacrifício ali realizado tem como sacerdote o próprio Deus feito homem. Diz São Leonardo: “Três coisas, certamente, é preciso considerar no Santo Sacrifício: o Sacerdote que oferece, a Vítima oferecida e a Majestade Divina a quem esse oferece. Eis o maravilhoso conjunto que nos apresenta o Sacrifício da Missa: o Sacerdote que oferece é o Homem-Deus, Jesus Cristo, assim como a Vítima; e a oferenda é destinada ao próprio Deus”. Assim o autor ressalta que a maior excelência da Santa Missa é ter por sacerdote um Deus feito homem. E daí, conclui que o celebrante no Altar tem como sua sua maior dignidade a de ser o Ministro Deste Sacerdote Invisível e Eterno, que é Nosso Senhor Jesus Cristo.
3ª Excelência – A palavra de um homem opera o Sacrifício:
A Terceira excelência da Santa Missa é a real verdade que o Sacrifício é operado pela palavra de Homem. São Leonardo de Porto-Maurício diz com profunda clareza que aí reside um poder maior que o de transportar montanhas, esgotar o mar e deter o curso dos astros: “É um poder que de algum modo rivaliza com aquele primeiro FIAT com que Deus fez surgir do nada todas as coisas, e que pode mesmo parecer sobrepujar, em outro sentido, aquele FIAT pelo qual a Virgem Santíssima recebeu em seu seio o Verbo Divino. A Virgem Maria apenas forneceu a matéria do Corpo de Cristo dela formado, de seu puríssimo sangue, certamente, mas não por ela; enquanto que a voz do sacerdote, instrumento de Cristo, no ato da Consagração O reproduz de um modo novo e admirável, nas espécies sacramentais, e isto tantas vezes quantas consagra”.
Conclui o humilde frade Leonardo que o Divino Sacrifício é o milagre dos milagres, maravilha das maravilhas, ultrapassando nossa pobre inteligência. Digamos, então, ao grandioso e imensurável Tesouro Oculto, como pediu em 1917, o Anjo de Portugal aos pastorinhos, em Fátima, “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos; peço-Vos perdão por aqueles que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam”.
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Evangelização no Terceiro Milênio: Santo Sacrifício da Missa: O tesouro escondido
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