Nascido em uma fazenda no então Município de Ourém, hoje Capitão Poço, a 26 de julho de 1966, o menino Antônio de Assis foi criado entre gados e plantações de pimenta; aprendeu desde cedo a contemplar Deus na natureza, a maravilhar-se com o Poder Divino nas obras da criação. O nome de batismo parece indicar que seus pais eram devotos de Santo Antônio e São Francisco de Assis, aos quais, creio eu, certamente foi consagrado ainda em tenra idade. Conclui-se daí que foi educado em uma família católica, praticante da humildade e do amor aos pobres.
Corria o ano de 1980, quando o vaqueiro-agricultor (como ele próprio costuma se identificar), aos 14 anos, ingressou no Centro Vocacional Salesiano em Ananindeua. E, assim, o Filho da Floresta, tornou-se Filho de Dom Bosco. Mergulhando profundamente no carisma salesiano, o adolescente Antônio de Assis, decidiu-se pelo sacerdócio, iniciando a primeira fase da formação específica para a vida religiosa salesiana em Manaus, no ano de 1985, quando ingressou no pré-noviciado, coincidindo com o terceiro ano do ensino médio como aluno do Colégio Dom Bosco. A profissão religiosa veio em 1987, na cidade de Manaus, e a Ordenação sacerdotal em 1995, em solenidade realizada na terra natal, Ourém.
Nos caminhos percorridos, da floresta ao Seminário e deste ao mundo, o homem Antônio de Assis, desta feita, já sacerdote da humanidade, percorreu muitos lugares: da Floresta de Ourém à Floresta de São Gabriel da Cachoeira e Yauaretê (área indígena do Amazonas), passando por Roma, Belém, Ananindeua e Manaus. Nosso Senhor Jesus Cristo apresentou-lhe a melhor Teologia na Universidade Pontifícia Salesiana e na Academia Alfonsiana/Universidade Lateranense, em Roma, onde fez bacharelado e mestrado, mas, não quis que ele por lá permanecesse, como que a dizer que a sua consagração estava posta a serviço do povo amazônico, o povo da floresta: caboclos, homens do campo, citadinos, negros, índios…E assim foi… Entre suas idas e vindas à Itália, EUA e outros países, Padre Bira, como era carinhosamente chamado pelo povo, nunca tirou o pé e as mãos da floresta. Seu coração salesiano nunca se afastou da Amazônia, cuja natureza exuberante, Criação de Deus, o maravilhou desde a infância.
Passados vinte e dois anos desde a sua ordenação sacerdotal, como que a confirmar o Chamado recebido ainda em Ourém (para servir o povo dessa região), o Filho de Deus, pela voz de um outro Francisco, o nomeou para ser Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém. Eis que o filho da floresta, o vaqueiro-agricultor, profundo conhecedor da realidade regional é, agora, Príncipe da Igreja de Jesus Cristo no lugar onde há 401 anos teve início a Evangelização na Amazônia.
Detalhes emblemáticos chamaram a atenção na Solenidade de sua Ordenação Episcopal, os quais são indicativos de que ele permanecerá fomentando a sua missão na perspectiva da cultura católica amazônica: 1) o belíssimo báculo, todo em madeira (cedro e faveiro) foi talhado em uma marcenaria localizada na periferia de Manaus. 2) Entre os elementos simbólicos que compõem o Brasão por ele escolhido, encontramos a vitória régia, a canoa e as construções (representando a complexidade da realidade amazônica, seja o povo ribeirinho, seja os moradores das áreas urbanas). 3) Também no Brasão, temos o Pão, o Cálice, a Palavra e a Chama do Espirito Santo, dispostos em cima da Vitória Régia, fazendo dela um Altar, o que simboliza a Amazônia que se oferece em Altar para a celebração do Santo Sacrifício da Missa. 4) Ainda no Brasão temos o desenho de uma multidão a caminho, indicativos de nossas procissões religiosas, que simbolizam o povo a caminho da Glória Celeste (cor azul), tendo a Santíssima Virgem Maria como caminheira ao nosso lado. 5) A Solenidade de Ordenação Episcopal deu-se em Ourém, na praça da Igreja dedicada à Nossa Senhora da Conceição; e a primeira Missa como Bispo foi celebrada no Santuário de Santo Antonio Maria Zaccaria, em Capitão Poço; cidades situadas no coração da floresta, onde o novo Bispo vivera sua infância e adolescência. 6) Em sua fala ao final da Missa de Ordenação Episcopal, o filho da Amazônia fez questão de lembrar sua origem de vaqueiro e agricultor, de homem do campo, nativo da floresta. Disse ele: “O Papa Francisco foi buscar um vaqueiro, um agricultor, um pastor…”. E para selar essas simbologias, muito significativas, cumpre destacar que a casula com que Dom Antônio se paramentou para a Solenidade de sua Ordenação Episcopal era a mesma usada por todos os sacerdotes que participaram do XVII Congresso Eucarístico Nacional realizado em Belém, em agosto de 2016; o paramento foi diferenciado unicamente pelo Galão, que trazia bordado o desenho do seu brasão e da figura do Bom Pastor. A casula escolhida expressa um pequeno sinal de humildade, simplicidade, comunhão com o Clero e os Bispos, e amor à santa pobreza, como convém a um consagrado de São Francisco de Assis e de Santo Antônio.
Rogamos a Nossa Senhora Auxiliadora, a Dom Bosco e aos santos franciscanos que abençoem a nova missão do filho da Amazônia, Dom Antônio de Assis: “Doa a tua vida, como Maria aos pés da Cruz. E serás servo de cada homem, servo por amor, sacerdote da humanidade”.
|
|||
Evangelização no Terceiro Milênio: Um filho da Amazônia
Compartilhe essa Notícia
Leia também
Papa questiona crescimento econômico de «países privilegiados»
9 de dezembro de 2024
Papa para reabertura de Notre-Dame: que seja sinal de renovação da Igreja na França
9 de dezembro de 2024