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Caríssimo leitor, vamos hoje continuar o nosso passeio por alguns dos momentos/espaços que, como um mosaico, compuseram a beleza espiritual do Círio 2017.
Na tarde de 7 de outubro de 2017 (sábado da Trasladação), a Berlinda (já decorada de belas e perfumadas rosas brancas) saiu do barracão dos carros, em direção à avenida Magalhães Barata, em frente ao Colégio Gentil Bitencourt.
O caminho, pela alameda Dom Alberto Ramos e travessa 14 de Março foi percorrido em meio a orações e cânticos, puxados por mulheres (em sua maioria) e alguns Guardas da Santa. Você deve estar se perguntando: mulheres conduzindo a berlinda? Sim, para quem não sabe, do barracão até o local onde tem início a Trasladação, a Berlinda é conduzida por mulheres, entre elas, esposas de diretores da Diretoria do Círio, mulheres que trabalharam na Pastoral da Acolhida na Casa de Plácido e muitas outras mulheres-devotas que, durante o percurso, vão entrando e segurando nos cabos (mecanismos que são utilizados para empurrar a Berlinda).
Desde o ano passado tive a graça de ser uma dessas humildes mulheres, que conduziram a Berlinda da Rainha até à frente do Colégio Gentil Bitencourt. A emoção é indescritível: seja por sentir-se integrada àquele belíssimo Trono, ao ponto de respirar de pertinho o perfume das belas rosas que a decoram, seja por estar unida a muitas mulheres que ali também estavam, todas rezando Ave-Marias e cantando louvores à Santíssima Virgem.
Durante o percurso, o povo ao redor forma como que um corredor de alegres palmas que, com o simples passar do Trono da Rainha da Amazônia, a louvava com “vivas” e “salves”. Os olhares extasiados dos filhos de Maria com a beleza do Jardim suspenso que decora a Berlinda emocionaram profundamente minha pobre alma.
Senti que estávamos na companhia da Corte Celeste, entre Anjos e Santos que nos sustentavam naquele curto percurso. A sensação era de estar voando. Ó quão bela e feliz foi aquela tarde santa! Agradeço à Mamãe do Céu por tamanha delicadeza espiritual.
Nos quinze dias da chamada Quadra Nazarena vivemos momentos únicos durante as Santas Missas celebradas às 18h na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, cada dia com a pregação de um bispo convidado. Vivemos como que um prolongado Retiro Espiritual, uma dádiva a nós proporcionada por Nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de Dom Alberto Taveira Corrêa, anfitrião dos prelados que conosco estiveram. NoTríduo deste ano (dias 16, 17 e 18 de outubro de 2017) tivemos como pregador Dom José Luiz Azcona Hermoso. Os presentes à Casa da Rainha naquelas três Missas tiveram o privilégio de ouvir verdadeiros Sermões, no sentido teológico da palavra. Dotado de uma oratória ardorosa, cheia de veemência e uma coragem ímpar, Dom Azcona deu um banho de conhecimento filosófico/teológico. O Bispo Emérito da Prelazia do Marajó passeava do Antigo ao Novo Testamento com uma desenvoltura espetacular; sem titubear, tinha as Sagradas Escrituras na ponta da língua, além de citar Padres da Igreja (Patrística) e Santos Doutores, interligando os seus saberes, em todo o arco dos séculos até o presente ano. O pregador descortinou a História da Salvação como quem contava historinha de criança, tamanha a naturalidade/facilidade com que nos inebriou. E, para fechar com chave de ouro, ele encerrava cada Sermão com uma humilde oração dirigida a Nossa Senhora de Nazaré. Ficamos todos extasiados, com a alma profundamente feliz, em plenitude e leveza santa…Eu senti orgulho de ser católica, grata a Deus pela Santa Madre Igreja. Não por acaso, ele foi aplaudido de pé e demoradamente, com gritos de “bravo”. Obrigada, Dom Azcona, por tamanho Tesouro Espiritual.
É sabido que o padre Mário Pozzoli, na envergadura de seus 86 anos de idade, dos quais 59 de vida sacerdotal, celebra diariamente a Missa das 18h na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, sempre com muito esforço para subir os degraus da escada que dá acesso ao Presbitério, pois ele se locomove de cadeira de rodas, dada a sua frágil saúde. Nesses quinze dias da Quadra Nazarena, porém, um fato chamou a atenção de quem, como eu, cedo chegava à Basílica, para aguardar o início da Missa. Logo na segunda feira seguinte ao domingo do Círio (dia 9 de outubro de 2017), após seu cuidador o colocar no entorno do Altar, ao lado das cadeiras destinadas aos concelebrantes, passados alguns minutos, padre Mário, empurrando devagar e com muito esforço as rodas da cadeira, aproximou-se da imagem original da Virgem de Nazaré (que estava na coluna rodeada de flores) e ali, absorto, como um romeiro-devoto, ficou a rezar-conversar com a Mamãe do Céu. Fiquei deveras emocionada com a ternura e o amor com que ele a olhava. Vi naquela cena, como que rememorado, o menino que, aos 10 anos (em 1941), sentiu o chamado à vida sacerdotal, aos pés de Nossa Senhora, em Lentate Sul Seveso (província de Monza e Brianza, Itália). Eis que passados 76 anos desde então, estava ele, novamente, aos pés da Puríssima Senhora, a mergulhar em seu Coração Imaculado, consagrando-se como criança em busca de colo acolhedor, carinho e proteção. Também não passou despercebida uma outra atitude do padre Mário Pozzoli, dada no domingo 22 de outubro de 2017, antes da Santa Missa das 18h. Subindo ao Presbitério, padre Mário, com um grande esforço, ficou em pé, encostado no ambão e, mesmo sem proferir uma única palavra, levantou os braços em atitude de louvor, dirigiu-se a nós, o povo, agradecendo por nossa presença fervorosa. E o povo, espontâneo, respondeu com uma calorosa salva de palmas…uma alegria santa. Obrigada, padre Mário, por ser exemplo de humildade sacerdotal e amor à Mãe de Deus.
Sob o olhar amoroso da Santíssima Virgem encerramos a segunda parte deste escrito, que finalizará no próximo artigo. Obrigada, Mãezinha do Céu!
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Evangelização no Terceiro Milênio:As delicadezas espirituais do Círio 2017 (parte 2)
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