No Evangelho de Mateus, os discípulos se aproximam de Jesus com uma pergunta direta: “Por que lhes falas em parábolas?”.
A resposta de Cristo, que acompanhamos no Evangelho desta quinta-feira (24) revela suas escolhas em pregar, por meio das parábolas, um caminho mais simples para o coração de Deus Pai. Assim, Ele traduz o mistério do Reino de Deus de maneira acessível, sem perder sua profundidade.
Jesus revela que as parábolas são, ao mesmo tempo, um convite e um filtro:“A vós, Deus manifestou os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não”. (Mt 13, 11)
Era comum para Jesus explicar sobre situações do cotidiano, como a colheita, as ovelhas, o banquete ou a relação entre pais e filhos, para comunicar realidades espirituais que poderiam ser complicadas. Assim, até os mais simples podiam compreender a vontade de Deus.
“É por isso que lhes falo em parábolas: porque olham sem ver e escutam sem ouvir nem compreender”. (Mt 13,13). Suas palavras tocavam quem tinha o coração aberto e deixavam perplexos os que estavam fechados à verdade.
O Papa Bento XVI escreveu, em um Angelus de julho de 2011, que “no fundo, a verdadeira Parábola de Deus é o próprio Jesus, a sua Pessoa que, no sinal da humanidade, esconde e, ao mesmo tempo, revela a divindade.”

Uma profecia em forma de história
Ao usar parábolas, Jesus também cumpre as Escrituras. O Salmo 78,2 anuncia: “Abrirei a boca em parábolas; proclamarei enigmas dos tempos antigos.”
Mateus confirma esse cumprimento no capítulo e versículos: 13,34-35, quando afirma que “tudo isso Jesus falou às multidões por meio de parábolas, e nada lhes dizia sem usar parábolas, para que se cumprisse o que fora predito pelo profeta: ‘Ao dirigir-me a eles, usarei parábolas e publicarei o que estava oculto desde a criação do mundo’”.
Nem todos entendem
Segundo Marcos (4,33-34), Jesus explicava suas parábolas apenas aos discípulos mais próximos. Muitos que o escutavam não buscavam verdadeiramente a salvação, pois estavam lá por curiosidade ou interesse nos milagres.
Para aqueles, mesmo uma mensagem simples se tornava incompreensível. “Porque o coração deste povo se tornou insensível: taparam os ouvidos, fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração e se convertam, e assim eu os curei” (Mt 13,15). Isso mostra que a disposição interior é essencial para acolher a Palavra.
Como explicou o Papa Francisco: “Deus espalha a semente por toda a parte com generosidade. Assim é o coração de Deus! Cada um de nós é um solo onde cai a semente da Palavra, ninguém é excluído”. (Angelus, 2020).
Como interpretar as parábolas hoje?
• Leia com atenção e com o coração aberto; • Pergunte-se o que Deus quer mostrar a você através daquela história; • Medite com sinceridade sobre sua própria vida; • Procure orientação em boas homilias, documentos da Igreja e momentos de oração. |
E, acima de tudo, ponha em prática. A parábola do bom samaritano é um bom exemplo de ação através das palavras. A do semeador, por exemplo, exige que cuidemos da terra do nosso coração.
Como ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 546):
“Jesus chama para entrar no Reino, por meio de parábolas, traço característico do seu ensino. Por meio delas, convida para o banquete do Reino, mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo. As palavras não bastam, exigem-se atos”.
Fonte: Portal A12 / Por Beatriz Nery / Com Respostas Bíblicas e Vatican News