Homilia Dominical: São João 6,16-21

 
16Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. 17Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles. 18Soprava um vento forte e o mar estava agitado. 19Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros quando enxergaram Jesus andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo. 20Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. 21Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo. 
 

 
Comentário
 
 
Jesus e seus discípulos encontram-se num local conhecido pelos evangelhos com três nomes: 1) mar da Galileia (Mt 4,18; Mc 1,16); 2)mar de Tiberíades (Jo 21,1); e 3) lago de Genesaré (Lc 5,1). 
 
É considerado “mar”, pelo volume d’água nele contido; pelas dimensões: 21 km de comprimento por 11 de largura, com 45 m de profundidade. Também é tido como “lago”, por estar circulado de terra por todos os lados. É chamado “da Galileia” porque pertence à região do mesmo nome; assim como é “de Tiberíades” por ter na sua margem a cidade de igual denominação: Tiberíades. E, por fim, referenciado como “Genesaré” pelo seu formato de “harpa”, que em hebraico se diz “Kineret” (Genesaré).
 
“Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar”. “Ao cair da tarde” (v 16) significa no início do dia, pois no pensamento bíblico, o dia começa pela tarde: “Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia” (Gn 1,5); “Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia” (Gn 1,8.13.19.23.31).
 
“Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles” (v 17). Jesus vai ao encontro dos discípulos com as prerrogativas de Iahweh, prerrogativas de Deus: “andando sobre as águas” (v 19). Só Deus tem o domínio das águas.
 
No início da criação se diz que o espírito de Deus pairava “sobre as águas” (Gn1,2). O céu, residência de Deus, é chamado em hebraico “Shamaim” (= local das águas). Deus liberta o seu povo da escravidão do Egito, com poder, dividindo o mar pelo meio, na regência de Moisés, dizendo ao mesmo: “E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e divide-o, para que os filhos de Israel caminhem em seco pelo meio do mar” (Ex 14, 16.29). Jesus caminha sobre as águas, Jesus tem em si, o poder de Deus!
 
Uma vez os discípulos interrogavam sobre Jesus com espanto dizendo: “Quem é esse que manda até nos ventos e nas ondas e eles lhe obedecem?” (Lc 8, 25). Esse é Jesus com o poder do eterno.
 
A experiência do verdadeiro encontro com Deus na bíblia suscita medo, pois o “homem não pode ver Deus e continuar vivo” (Gn 32,31; Ex 33,20). Quando se dá o encontro, vem a mensagem divina acalmando: “Não temas!” (não morrerás!)… “Então Gedeão:…“Ah! meu Senhor…vi o Anjo de Iahweh…Não temas, não morrerás” (Jz 6,22-23; Is 6,5; Lc 1,13.30). 
 
E aqui no texto há algo similar com Jesus que diz: “Sou eu. Não tenhais medo”(v 20). A experiência do encontro com Jesus está nos moldes da presença de Deus no itinerário dos humanos. Jesus é o Emanuel, é o Deus conosco! Jesus nos tranquiliza nos apuros da vida; ele é energia segura e nos acompanha.

 

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